O Presidente angolano substituiu as ministras das Pescas e da Família. João Lourenço também nomeou o líder da Juventude do MPLA para governar a província de Luanda. E há novos governadores no Cuanza Norte e Cuanza Sul.
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O chefe de Estado angolano iniciou o novo ano com mais exonerações. Para o lugar de Victória de Barros Neto, ministra das Pescas e do Mar, João Lourenço nomeou Maria Antonieta Josefina Sabina Baptista. Faustina de Almeida Alves é a nova ministra da Ação Social, Família e Promoção da Mulher, sucedendo a Victória Francisco Correia da Conceição.
O Presidente angolano exonerou igualmente Carlos Alberto Jaime Pinto do cargo de secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, tendo nomeado, por decreto, para as mesmas funções José Carlos Lopes da Silva Bettencourt. Não foram avançadas explicações para estas mudanças.
Segundo uma nota da Casa Civil do Presidente da República, João Lourenço exonerou ainda Maria Sabina Baptista do cargo de vice-reitora Interina para a Área Científica e Pós-Graduação da Universidade Agostinho Neto, a maior universidade de Angola.
Saídas em Luanda, Cuanza Norte e Cuanza Sul
O Presidente angolano exonerou quarta-feira (02.01) Adriano Mendes de Carvalho do cargo de governador da província de Luanda, nomeando para aquelas funções o líder da organização da Juventude do MPLA, partido no poder em Angola desde 1975.
De acordo com uma nota da Casa Civil do Presidente da República, além de Luanda, província com cerca de sete milhões de habitantes e cujo governador passa a ser Sérgio Luther Rescova, o chefe de Estado exonerou outros dois governadores provinciais.
José Maria Ferraz dos Santos foi exonerado do cargo de governador da província do Cuanza Norte, sendo substituído nas funções por Adriano Mendes de Carvalho, até agora governador de Luanda.
MPLA: O Congresso da mudança
02:15
Igualmente por decreto presidencial, Eusébio Teixeira de Brito foi exonerado do cargo de governador da província do Cuanza Sul, tendo o Presidente angolano nomeado para aquelas funções o ex-deputado e antigo governador de Luanda (MPLA) Job Pedro Castelo Capapinha.
Não foram apontadas explicações para estas mudanças, que acontecem quando Angola prepara as primeiras eleições autárquicas no país, previstas para 2020.
Além de líder da Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (JMPLA), Sérgio Luther Rescova era membro do Conselho da República (órgão consultivo do chefe de Estado), tendo também sido exonerado dessas funções pelo Presidente da República.
Mudanças no Conselho da República
João Lourenço afastou igualmente do Conselho da República António Paulo Kassoma - ex-secretário-geral do MPLA e que representava o partido naquele órgão -, tendo nomeado a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, para as mesmas funções.
Foi ainda exonerado das funções de conselheiro Luís Manuel da Fonseca Nunes e nomeados, para assumirem os mesmos cargos, José Carlos Manuel de Oliveira Cunha e Suzete Francisco João.
O Conselho da República é presidido pelo chefe de Estado angolano e integra por inerência de funções os líderes dos partidos com assento parlamentar e outras dez personalidades da sociedade indicadas pelo Presidente.
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.