Eleição dos membros do Comité Central do MPLA
23 de agosto de 2016 No discurso da primeira reunião do Comité Central (CC) do partido no poder em Angola, o Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos considerou esta terça-feira (23.08) tarefa inadiável do novo Bureau Político do partido, acompanhar a execução do Programa de Investimento Público, para garantir que os projetos aprovados neste mandato sejam concluídos antes das eleições em Angola, marcadas para 2017.
O também chefe de Estado angolano sublinhou que para manter e reforçar a confiança do povo angolano no MPLA não é suficiente congregar em torno do líder do partido, os militantes, simpatizantes e amigos do partido.
"É necessário juntar todos em torno de um programa e de um projeto de sociedade e assegurar a sua concretização", disse José Eduardo dos Santos.O presidente do partido referiu que a Moção de Estratégia, aprovada no congresso do partido realizado na semana passada, é o programa do partido para os próximos cinco anos e a sua materialização "é fundamental".
"A missão que temos pela frente é árdua e é por isso que temos apelado ao reforço da disciplina e ao maior empenho de todos na execução das tarefas que lhe são atribuídas", ressaltou o líder do MPLA.
Além de levar avante a execução do Programa de Investimento Público, o novo Bureau Político terá como missão preparar a proposta de Estratégia Eleitoral, o projeto de Programa de Governação para o período 2017/2022 e a proposta da Lista de Candidatos do MPLA às próximas eleições gerais agendadas para agosto de 2017, para apreciação e aprovação do Comité Central.Segundo José Eduardo dos Santos, o Bureau Político deverá também continuar a apoiar o Governo na execução do Orçamento Geral do Estado de 2016 revisto e na preparação do Orçamento Geral de Estado para 2017, a submeter ao Parlamento em outubro próximo.
“Princípio de uma transição política de 37 anos no poder”
Para o analista político Victor Aleixo, jornalista e diretor da revista “Figuras e Negócios”, a ascensão do ministro da Defesa para a vice-presidência do partido do Governo, é o principio de uma transição política de 37 anos de poder.
"Em meu entender a nomeação de João Lourenço para vice-presidente do MPLA é o primeiro passo para lhe consagra como futuro presidente da República de Angola. Ele vai ser de certeza absoluta o segundo cabeça de lista nas eleições de 2017 -porque o presidente vai concorrer-, e na hipótese do MPLA ganhar ele, em 2018, acaba o mandato de Presidente da República como segundo da lista".Desde 2001 até ter sido nomeado para o governo em 2014 como ministro da Defesa, as relações entre Lourenço e José Eduardo dos Santos eram descritas como azedas. Em causa, estaria um comentário de João Lourenço, enquanto secretário-geral do MPLA, que, numa reação às declarações do presidente Dos Santos em colocar a hipótese de não vir a candidatar-se, afirmou que outras figuras capazes poderiam assumir o partido e o país.
"Leituras apressadas"
Questionado sobre o que terá acontecido para o retomar das relações entre os dois, Victor Aleixo respondeu que “são mágoas de outro rosário. Está registado. Mas o Presidente Eduardo dos Santos por ter permanecido um longo tempo no poder quando pensou em se retirar não poderia fazê-lo sem sobressaltos e tinha de pensar imediatamente no interior do seu partido. Quem estaria mais em condições quer para o representar no partido quer na liderança da República caso o MPLA continuar a governar".Quanto às especulações segundo as quais o presidente José Eduardo dos Santos estaria a cautelar os nomes dos seus filhos, Isabel dos Santos e de José Filomeno dos Santos como possíveis substitutos, o analista político angolano diz agora que as mesmas não passaram de leituras apressadas.
"É verdade que em África tem sido tentado muito essas substituições familiares, mas no caso de Angola creio se algum dia isso passou na mente de Eduardo dos Santos ele deve ter pensado nos prós-e-contras. Eu próprio, também acreditava com a entrada figurante de Isabel dos Santos na Sonangol, e até respeitando um pouco da tradição dos anteriores PCAs da Sonangol que depois seguiram carreira política, eu acreditava seriamente que Isabel dos Santos seguiria guindada para esse lugar cimeiro".
Cumplicidade
Entretanto, Victor Aleixo, avisa que terá de haver uma cumplicidade entre Eduardo dos Santos e os novos vice-presidente e secretário-geral para o funcionamento da maquina partidária."A máquina administrativa será acometida fundamentalmente a Paulo Kassoma. João Lourenço é um homem que conhece o partido, daí que terá de haver uma cumplicidade para que a máquina esteja afinada sem qualquer tipo de sobressaltos".