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João Lourenço em Espanha em busca de "parceria estratégica"

Lusa
28 de setembro de 2021

De visita a Madrid, o Presidente angolano defendeu que a parceria entre os dois países deve ultrapassar a "esfera meramente económica e empresarial". Autoridades espanholas apontam Angola como "país prioritário".

Spanien Madrid | Ministepräsident Pedro Sanchez und Joao Manuel Goncalves Präsident Angola
João Lourenço e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.Foto: BORJA PUIG DE LA BELLACASA/LA MONCLOA/AFP

O Presidente de Angola pretende com a visita que está a fazer a Espanha estabelecer com este país "uma verdadeira parceria estratégica", estando o mercado angolano "aberto a uma maior presença" de empresários espanhóis.

Esta terça-feira (28.09), num almoço em que foi convidado do rei de Espanha, o Presidente angolano, João Lourenço, assegurou que pretende "com esta visita estabelecer uma verdadeira parceria estratégica" com Espanha, "reforçando os laços de amizade e de cooperação em importantes domínios" da economia angolana.

O chefe de Estado angolano fez em seguida questão de "destacar" os setores em que gostaria de concentrar essa "parceria estratégica", tendo referido "a política, a educação, a agricultura, a energia, a construção civil, as pescas, a saúde, a defesa e segurança e outros domínios".

No discurso antes do almoço, no primeiro dia da visita oficial a Espanha, João Lourenço considerou que este país é "uma das mais importantes economias da União Europeia", contando com ele para que "Angola volte a trilhar o caminho do crescimento e do desenvolvimento" travado pela crise provocada pela Covid-19.

Parceria além da economia

O Presidente angolano assegurou que o seu país vive há "quase 20 anos" uma situação de "paz efetiva, duradoura e irreversível" e que nos últimos anos tem feito "esforços para criar mecanismos para encorajar os empresários estrangeiros" a investirem em diversos setores económicos.

"O mercado angolano está aberto a uma maior presença de empresários e de homens de negócio espanhóis para que possamos edificar uma base de cooperação mutuamente vantajosa para os nossos dois povos e países", destacou João Lourenço.

No final do discurso, o chefe de Estado angolano voltou a insistir na "necessidade de estabelecer uma parceria estratégica" que ultrapasse a esfera meramente económica e empresarial. "Gostaria de contar com o vosso país para a mobilização de financiamentos e de investidores da Europa interessados em investir em Angola", afirmou João Lourenço.

João Lourenço e o rei Felipe VI no palácio da Zarzuela, em Madrid.Foto: PPE/imago images

"Angola é um país prioritário para Espanha"

Por seu lado, o rei de Espanha assegurou que Espanha vai estar ao lado de Angola, assim como as empresas espanholas. "Angola é um país prioritário para Espanha", disse Felipe VI, acrescentando que isso significa que "Angola ocupa um lugar de máxima importância na hora de estabelecer" relações com outros países.

O chefe de Estado espanhol recordou ainda que "Espanha recebe sempre os angolanos como parte do mundo da iberofonia" a que pertencem "todos os que falam espanhol e português".

Segundo a agenda, o Presidente da República de Angola encerra a visita a Espanha na quarta-feira, dia em que tem previsto visitar "objetivos infraestruturais e institucionais na capital espanhola". A visita à capital espanhola "conclui" a "ação de diplomacia" angolana no estrangeiro, que incluiu Washington (sede do Governo norte-americano e de várias instituições económicas internacionais), Nova Iorque (sede das Nações Unidas) e Madrid.

Angola e Espanha de acordo na cooperação económica

À tarde, João Lourenço foi recebido por Pedro Sánchez, que destacou o interesse que as empresas espanholas têm pelo mercado angolano, "onde podem contribuir com a sua experiência, qualidade e tecnologia para o desenvolvimento económico e social do país", segundo um comunicado de imprensa distribuído pelo gabinete do chefe do Governo espanhol.

O Presidente de Angola e o primeiro-ministro espanhol concordaram na necessidade de aprofundar as relações bilaterais e fortalecer setores de interesse económico para empresas e investidores espanhóis naquele país africano.

Na reunião, os dois líderes chegaram a acordo sobre uma declaração conjunta para "aprofundar as relações bilaterais e reforçar os sectores de interesse económico para as empresas e investimentos espanhóis no país" africano.

Numerosas empresas espanholas estão atualmente a desenvolver projetos em sectores como o tratamento de água, refrigeração industrial, saúde, educação, formação e geologia, explica Madrid.

O Presidente angolano e o chefe do Governo espanhol no Palácio La Moncloa, em Madrid.Foto: JOSE JIMENEZ/LA MONCLOA/AFP

Juntos mesmo "em tempos extremamente difíceis"

As boas relações económicas entre os dois países são postas em evidência pelo facto de em 2020 a Espanha ter exportado para Angola 87 milhões de euros e importado por 548 milhões de euros. Desde 2018, o valor acumulado dos investimentos espanhóis no país atinge 518 milhões de euros, colocando Angola no 49º lugar como destino do investimento espanhol.

"A Espanha quer contribuir para o desenho da política da União Europeia em relação a África, para que esta seja orientada para o progresso e industrialização do continente, para a criação de emprego, especialmente para os jovens, e para a implementação efetiva" de uma zona de Comércio Livre, disse Pedro Sánchez, citado no comunicado de imprensa.

A Espanha considera Angola um "país prioritário", devido ao seu "peso político, projeção regional e enorme potencial económico". Por esta razão, Angola é "um dos principais parceiros de Espanha na África Subsaariana" e Madrid é um dos "principais apoiantes de Angola na União Europeia".

Pedro Sánchez recordou que a Espanha sempre esteve do lado de Angola, "mesmo em tempos extremamente difíceis" como os anos de guerra civil, e insistiu que os dois países têm de "trabalhar em conjunto para promover uma relação estratégica, com especial ênfase nas questões económicas e de investimento".

Sánchez também salientou que, para conseguir a recuperação socioeconómica após a pandemia de Covid-19, todos os países devem ter acesso às vacinas. A este respeito, lembrou o anúncio que fez na semana passada nas Nações Unidas: dos 30 milhões de vacinas que a Espanha se comprometeu a doar a diferentes países, 7,5 milhões irão para países da África Subsaariana e vizinhos do sul.

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