O Presidente angolano, João Lourenço, exonerou Ângela Mingas do cargo de secretária de Estado para o Ordenamento do Território. Manuel Pimentel é o substituto, indica uma nota da Casa Civil.
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O Presidente angolano, João Lourenço, a quem o povo chama de "exonerador implacável", afastou na sexta-feira (16.11) Ângela Mingas do cargo de secretária de Estado para o Ordenamento do Território, nomeando Manuel Pimentel, indica uma nota da Casa Civil angolana.
Ângela Mingas tinha sido nomeada, por decreto presidencial, a 13 de outubro de 2017, segundo um comunicado da Casa Civil do Presidente da República. Noutro decreto, o chefe de Estado nomeou Manuel Marques de Almeida Pimentel para o cargo de secretário de Estado para o Ordenamento do Território.
Trata-se da quinta mexida de João Lourenço no executivo desde que o Governo angolano foi empossado, em setembro de 2017. A 22 de outubro, último, o Presidente angolano exonerou o Secretário de Estado para o Ensino Pré-Escolar e Geral, Joaquim Felizardo Alfredo Cabral, substituindo-o por Pacheco Francisco. Uma nota da Casa Civil do Presidente da República angolano lembra que o ora exonerado fora nomeado pelo próprio chefe de Estado a 12 de outubro de 2017. A 2 do mesmo mês, o secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar, Valentim Chantal Matias, foi afastado do executivo e substituído por Leonardo Europeu Inocêncio.
Antes, a 28 de agosto último, João Lourenço exonerou os secretários de Estado do setor dos transportes, o que permitiu reestruturar ambos os pelouros. Na ocasião, João Lourenço exonerou os secretários de Estado para a Aviação Civil, Mário Miguel Domingues, e para o Transporte Ferroviário, José Manuel Cerqueira.
O Presidente angolano decretou também a alteração da denominação da Secretaria de Estado para a Aviação Civil, que passa a chamar-se Secretaria de Estado para os Setores da Aviação Civil, Marítimo e Portuário, atribuindo as funções a António Joaquim da Cruz Lima. O mesmo se passou com a secretaria de Estado para o Transporte Ferroviário, que passou a ser designada secretaria de Estado para os Transportes Terrestres, tendo João Lourenço nomeado para o cargo Guido Waldemar da Silva Cristóvão.
Primeira mexida, seguida de detenção
Em junho deste ano, João Lourenço procedeu à primeira mexida no Governo empossado após ter assumido a Presidência, a 26 de setembro de 2017, ao afastar o ministro dos Transportes, Augusto Tomás Silva, que foi substituído por Ricardo Viegas de Abreu, até então secretário para os Assuntos Económicos do chefe de Estado. A 21 de setembro, Augusto Tomás da Silva foi detido em regime de prisão preventiva na Cadeia do Hospital Prisão de São Paulo, em Luanda, por suposto envolvimento no desvio de fundos do Conselho Nacional de Carregadores (CNC). A exoneração de Augusto Tomás, antigo ministro da Economia e Finanças de Angola e na tutela dos Transportes desde a presidência do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ocorreu em torno de uma polémica sobre uma anunciada parceria público-privada para a constituição de uma companhia aérea.
Na altura, João Lourenço declarou apenas, sem avançar mais pormenores, que a parceria não iria avançar. "Não vai adiante, não vai sair, não vai acontecer, por se tratar de uma companhia fictícia", disse João Lourenço.
Sobre o CNC, a Inspeção Geral do Estado já tinha anunciado este ano que estavam a decorrer investigações por alegada gestão danosa daquele órgão tutelado pelo Ministério dos Transportes. O Governo angolano, saído das eleições gerais de agosto de 2017, integra cerca de três dezenas de ministros e mais de 50 secretários de Estado.
Mesmo sem a Sonangol, Isabel dos Santos ainda tem um império empresarial
A mulher mais rica de África, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, foi exonerada da liderança da petrolífera estatal angolana. Mas continua a ter uma grande influência económica em Angola e Portugal.
Foto: DW/P. Borralho
Bilionária angolana diz adeus à Sonangol
A 15 de novembro, Isabel dos Santos teve de renunciar à presidência do conselho de administração da Sonangol. Em meados de 2016, o seu pai, o então Presidente José Eduardo dos Santos, nomeou-a para liderar a companhia petrolífera estatal. A nomeação era ilegal aos olhos da lei angolana. O novo Presidente angolano, João Lourenço, estava, por isso, sob pressão para demitir Isabel dos Santos.
Foto: picture-alliance/dpa
Carreira brilhante à sombra do pai
Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos e da sua primeira mulher, a jogadora de xadrez russa Tatiana Kunakova, nasceu em 1973, em Baku. Durante o regime do seu pai, no poder entre 1979 e 2017, Isabel dos Santos conseguiu construir um império empresarial. Em meados de 2016, a liderança da Sonangol, a maior empresa de Angola, entrou para o seu currículo.
Foto: picture-alliance/dpa
Conversão aos princípios "dos Santos"
Isabel dos Santos converteu o grupo Sonangol, sediado em Luanda (foto), às suas ideias. Nomeou cidadãos portugueses da sua confiança para importantes cargos de gestão e foi muito criticada pela ausência de angolanos em posições-chave na empresa.
Foto: DW/N. Sul d'Angola
Presença firme nas telecomunicações
Mesmo após o fim da sua carreira na Sonangol, Isabel dos Santos continua forte no meio empresarial: possui 25% da UNITEL desde o seu lançamento, em 2001, a empresa tornou-se a principal fornecedora de serviços móveis e de internet em Angola. Através da UNITEL, dos Santos conseguiu estabelecer vários contactos comerciais e parcerias com outras empresas internacionais, como a Portugal Telecom.
Foto: DW/P. Borralho
Redes móveis em Portugal e Cabo Verde
Isabel dos Santos detém a participação maioritária na ZON, a terceira maior empresa de telecomunicações de Portugal, através de uma sociedade com o grupo português Sonae. Também em Cabo Verde, dos Santos - com uma fortuna estimada em 3,1 mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes - está presente nas telecomunicações com a subsidiária UNITEL T+.
Foto: DW/J. Carlos
Expansão com a televisão por satélite
Lançada em 2010 por Isabel dos Santos, a ZAP Angola apresenta-se como o maior fornecedor de televisão por satélite no país. Desde 2011, a ZAP está presente também em Moçambique, onde conquistou uma parcela importante do setor. Em Moçambique, a empresa compete com o antigo líder de mercado, a Multichoice (DSTV), da África do Sul.
Foto: DW/P. Borralho
Bancos: o segundo pilar do império
Atrás das telecomunicações, o setor financeiro é o segundo pilar do império empresarial de Isabel dos Santos. A empresária detém o banco BIC juntamente com o grupo português Américo Amorim - o empresário português conhecido como "o rei da cortiça" que morreu em julho de 2017. É um dos maiores bancos de Angola, com cerca de 200 agências. É também o único banco angolano com agências em Portugal.
Foto: DW/P. Borralho
Com a GALP no negócio do petróleo
Também no petróleo, dos Santos fez parceria com Américo Amorim. Através da empresa Esperanza Holding B.V., sedeada em Amesterdão, a empresária angolana está envolvida na Amorim Energia que, por sua vez, é a maior acionista da petrolífera portuguesa GALP. A GALP também administra os postos de gasolina em Moçambique (na foto) e em Angola onde, curiosamente, compete com a Sonangol.
Foto: DW/B.Jequete
Supermercado em Luanda
Em 2016, abriu em Luanda o Avennida Shopping, um dos maiores centros comerciais da capital angolana. Várias empresas do império dos Santos operam neste centro comercial, como o Banco BIC, a ZAP e a UNITEL. Assim, a empresária beneficia em várias frentes do crescente mercado de bens de consumo em Luanda.
Foto: DW/P. Borralho
350 milhões de dólares em supermercados
Uma das maiores lojas do Avennida Shopping é o hipermercado Candando. É operado pelo grupo Contidis, controlado por Isabel dos Santos. Nos próximos anos, deverão ser construídos em Angola vários Candando. No total, a Contidis quer investir mais de 350 milhões de dólares nas filiais.