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João Lourenço inicia visita de três dias a Portugal

Lusa | tms
22 de novembro de 2018

O Presidente angolano, João Lourenço, inicia esta quinta-feira a sua primeira visita de Estado a Portugal. A normalização das relações entre os dois países e a regularização de dívidas são o pano de fundo da viagem.

Foto: picture-alliance/AP Images/T. Hadebe

A agenda de João Lourenço prevê, durante três dias, deslocações ao Porto e à base naval do Alfeite, além de Lisboa. Na antecipação da visita que se inicia esta quinta-feira (22.11), o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, anunciou na quarta-feira, em Lisboa, que o Governo angolano já certificou dívidas às empresas portuguesas no valor de 200 milhões de euros e, deste valor, já pagou 100 milhões.

"Foi estabelecido um cronograma para assuntos pendentes, nomeadamente o atraso nos pagamentos em cambiais a algumas empresas portuguesas; desde a visita do primeiro-ministro, António Costa, a Luanda, em setembro, foi feito um grande trabalho, não só do ponto de vista teórico, mas também prático", vincou o diplomata angolano.

Esta visita a Portugal, a convite do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, surge depois de João Lourenço ter realizado deslocações oficiais, no seu primeiro ano em funções, a Alemanha, a França e à Bélgica, além da África do Sul e da China, entre outras.

Além do chefe de Estado e da primeira-dama, Ana Dias Lourenço, a delegação de angolana integra vários ministros, com a perspetiva de assinatura de acordos bilaterais.

Agenda

A visita de Estado de João Lourenço começa hoje em Belém, com cerimónias militares e a deposição de uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, antes de uma visita guiada ao Mosteiro dos Jerónimos.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente João Lourenço, em Berlim (agosto de 2018)Foto: Reuters/H. Hanschke

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, recebe o seu homólogo angolano às 11:50. Às 15:00, o chefe do Estado angolano e o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, discursam numa sessão solene da Assembleia da República e João Lourenço segue depois para a Câmara Municipal de Lisboa, onde irá receber a chave da cidade das mãos do presidente da autarquia, Fernando Medina.

Na sexta-feira, o Presidente angolano será recebido no Porto pelas autoridades locais antes de discursar no Fórum Económico e Empresarial Portugal/Angola, tal como o primeiro-ministro. Pelas 11:45 chegará à Câmara Municipal do Porto onde o autarca Rui Moreira lhe vai entregar as chaves da cidade.

João Lourenço é esperado cerca das 12:00 no Palácio da Bolsa para a assinatura de acordos e almoça com empresários portugueses e angolanos, antes de regressar a Lisboa. Já na capital, o presidente de Angola encontra-se às 16:30 com a comunidade angolana residente em Portugal.

No sábado João Lourenço visita, a partir das 09:25, a base naval do Alfeite e almoça com Marcelo Rebelo de Sousa, antes de pôr fim à visita oficial. A partida de Lisboa para Luanda só está prevista para as 09:00 de domingo.

Relações Angola vs Portugal

Esta é a primeira deslocação oficial a Portugal de um chefe de Estado angolano em praticamente dez anos. Em fevereiro de 2009, José Eduardo dos Santos, então Presidente angolano, foi recebido em Portugal pelo chefe de Estado, Cavaco Silva, que um ano depois, em julho de 2010, retribuiu a deslocação e viajou para Luanda.

Os dois chefes de Estado acordaram então as bases de uma parceria estratégica que nunca saiu do papel, em grande medida devido ao desconforto de Angola com as investigações da Justiça, em Portugal, a elementos da elite angolana, próximos de José Eduardo dos Santos.

A crispação subiu de tom em 2017, ao avançar a acusação em Portugal contra Manuel Vicente, à data vice-Presidente da República de Angola, por suspeitas de corrupção sobre um magistrado português, quando era presidente da petrolífera Sonangol.

O desanuviamento das relações entre os dois países, e do episódio que ficou conhecido como o "irritante", só chegou em maio deste ano, com o Tribunal da Relação de Lisboa a enviar o processo de Manuel Vicente, que agora é deputado, para as autoridades judiciárias angolanas, como era pretensão do próprio chefe de Estado.

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