Nenhum país "se vai salvar sozinho", lembra João Lourenço
Lusa
13 de maio de 2021
Esta quinta-feira (13.05), em Luanda, dia em que foi vacinado contra a Covid-19, o Presidente angolano insistiu na solidariedade internacional no que toca ao acesso às vacinas, lembrando que este é um problema de todos.
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O Presidente de Angola foi, esta quinta-feira (13.05), o cidadão número 591.886 a ser vacinado no país e insistiu na solidariedade internacional para um acesso mais igualitário às vacinas contra a covid-19, pois "ninguém se vai salvar sozinho".
João Lourenço foi uma das altas figuras do Estado angolano acolhidas, esta quinta-feira (13.05), no centro de vacinação contra a covid-19 em Luanda, numa altura em que os números de infeções não param de crescer em Angola, com as autoridades a mostrarem-se preocupadas com as novas estirpes e a tomarem medidas mais restritivas para prevenir a doença.
"Reiteramos o nosso apelo para que os países desenvolvidos, que têm a capacidade industrial de produzir vacinas sejam mais sensíveis, e entendam que ninguém se vai salvar sozinho. Ou nos salvamos todos, ricos e pobres, poderosos e não poderosos, ou ninguém se vai salvar. É uma pandemia que atingiu todo o planeta e tem de se atender todo o planeta", disse Lourenço, à saída do centro onde recebeu a primeira dose da vacina russa Sputnik V.
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Além do chefe de Estado e da primeira dama, Ana Dias Lourenço, receberam a vacina o vice-presidente da República, Bornito de Sousa, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, e a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira.
Angola recebeu já as primeiras 40 mil doses de um lote de 6 milhões da Sputnik V, adquiridas por cerca de 94 milhões de euros, bem como 624 mil doses da vacina AstraZeneca, no âmbito da iniciativa Covax, e 200 mil doses da Sinopharm numa oferta do Governo chinês.
João Lourenço assinalou que existe pouca capacidade de resposta por parte dos produtores de vacinas, face à procura mundial pelo que deve ser feito um esforço para que as vacinas cheguem aos beneficiários a preço acessíveis, nomeadamente aos países africanos sem grandes recursos financeiros.
O chefe de Estado manifestou-se, no entanto, otimista que "será ouvido" o apelo dos que mais necessitam para que o problema seja resolvido rapidamente.
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Comprar mais vacinas
O Presidente admitiu, porém, que o executivo angolano não confia apenas no que é oferecido e que vai ser necessário comprar mais vacinas.
"Esse esforço está a ser feito, apesar das dificuldades que existem. À medida que vamos mobilizando mais recursos financeiros vamos continuar a lutar por adquirir mais vacinas", realçou.
Angola usou até à data mais de 620 mil doses de vacinas contra a covid-19, incluindo 40 mil pessoas já totalmente vacinadas (com a primeira e segunda doses administradas).
O país registou até quarta-feira 29.405 casos desde o início da pandemia, incluindo 645 óbitos, 25.187 recuperados da doença e 3.573 ativos.
Moradores de Luanda convivem com lixo e mau cheiro nas ruas
A época das chuvas começou e a água espalha os resíduos acumulados nas ruas para todos os cantos da capital angolana. O lixo a céu aberto aumenta o risco de paludismo, a principal causa de morte em Angola.
Foto: Manuel Luamba/DW
Cidadãos deitam lixo fora logo pela manhã
Logo pela manhã, cidadãos deitam resíduos sólidos em contentores. A expectativa desses moradores é de que as operadoras de recolha do lixo façam o seu serviço durante o dia ou à noite. O que acontece, entretanto, é que o dia seguinte chega e o lixo permanece intato nos contentores ou no chão. Fala-se em dívidas de milhões de kwanzas que o Governo Provincial de Luanda teria com as empresas.
Foto: Manuel Luamba/DW
Lixo transborda nos contentores
Os poucos contentores existentes nas ruas de Luanda - quer sejam na periferia, quer sejam na cidade - estão totalmente abarrotados de lixo. Por falta de espaço, os resíduos sólidos caem no chão.
Foto: Manuel Luamba/DW
Aproveitam-se das "montanhas de lixo"
Nem todas ruas de Luanda têm contentores para o depósito de lixo. Muitos cidadãos colocam-no no chão. Algumas pessoas aproveitam-se da existência do lixo como uma espécie de esconderijo para fazer as suas necessidades. É muito comum flagrar alguns citadinos a urinar atrás das "montanhas de lixo".
Foto: Manuel Luamba/DW
Zonas privilegiadas
Há zonas onde existe uma recolha tímida de lixo. Consequentemente, os contentores destas áreas encontram-se vazios. A DW África constatou isso no Bairro Popular, junto ao famoso Hospital da Fé. Aparentemente as autoridades precisam investir mais para ampliar significativamente a recolha a fim de beneficiar toda a capital, não somente algumas poucas zonas.
Foto: Manuel Luamba/DW
Um risco para a saúde pública
O lixo visto por todos os cantos poderá se transformar num problema de saúde pública. As chuvas já começaram a cair e algumas doenças já estão cada vez mais presentes. O paludismo, por exemplo, é a maior causa de morte em Angola e o número de casos desta doença poderá aumentar em consequência do lixo nas ruas. A chuva gera pequenos charcos de água em locais onde há lixo.
Foto: Manuel Luamba/DW
Um atentado ao meio ambiente
A inexistência ou escassez de recolha de lixo tem levado os cidadãos a uma velha prática: a queima do lixo. Ao incinerar os resíduos, o fumo acaba por se tornar nocivo à saúde e faz com que o ambiente à volta seja insuportável para alguns transeuntes. Apesar de não ser em grande quantidade, a queima de lixo não deixa de ser um atentado ao meio ambiente.
Foto: Manuel Luamba/DW
Até nas valas de drenagem
O lixo em Luanda não escolhe o local. Até nas poucas valas de drenagem que a capital angolana tem há resíduos sólidos. A vala do Kariango - que sai do município do Cazenga em direção à cidade - é um exemplo disso. O lixo acaba por obstruir o escoamento da água, o que pode provocar inundações nas ruas.
Foto: Manuel Luamba/DW
O "Senado da Câmara"
O "Senado da Câmara" é umas das maiores valas de drenagem à céu aberto de Luanda. O curso de água também é extremamente afetado pelos resíduos sólidos, que impedem o fluxo normal de água. A acumulação de poluentes neste local acaba por intoxicar o ambiente e colocar em causa a saúde pública.
Foto: Manuel Luamba/DW
Meio de sobrevivência
Se para alguns os amontoados de lixo constituem um risco para a saúde pública, para outros é um meio de sobrevivência. Idosos e jovens encontram no lixo comida, bidões e objetos para comercialização. É um sinal de que resíduos deitados nas ruas podem beneficiar as pessoas em projetos cuidadosos de reciclagem e de aproveitamento de comida. Mas aqui o lixo ainda não está relacionado à economia.