João Lourenço visita Portugal a 23 e 24 de novembro
Lusa
11 de setembro de 2018
O chefe da diplomacia de Angola anunciou oficialmente, em Luanda, que o Presidente João Lourenço efetuará uma visita oficial a Portugal. "Está confirmadíssima para 23 e 24 de novembro", disse Manuel Augusto.
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Manuel Augusto falava esta segunda-feira (10.0) à imprensa à margem do VII Conselho Consultivo do Ministério das Relações Exteriores, que decorre até terça-feira, sob o lema "As Oportunidades e Desafios no Futuro".
Sobre a visita do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, o chefe da diplomacia angolana disse que a delegação portuguesa chega a 17 deste mês, feriado em Angola, pelo que será realizado, nesse dia, um programa informal.
"Já está aqui uma equipa de avanço neste momento a trabalhar. O senhor primeiro-ministro [António Costa] vai chegar no dia 17 e teremos um programa informal, porque é feriado. No dia 18 será o dia da visita", explicou o governante angolano.
Isenção de vistos fora de hipóteses
Relativamente à hipótese da assinatura de um acordo de isenção de vistos, o ministro angolano negou essa possibilidade, salientando que Portugal, tal como a maior parte dos países europeus, pertence ao espaço Schengen e "não tem a capacidade de exercer a reciprocidade".
"Não podemos ter desvantagem para os cidadãos angolanos. Isentamos aqueles que nos podem isentar. E os países da União Europeia, os que fazem parte do Schengen, não têm essa capacidade, mas estamos a encontrar caminhos da facilitação de vistos para que, de facto, não haja obstáculos", frisou.
Recentemente, o responsável da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, disse que Costa se irá reunir com o chefe de Estado angolano, João Lourenço, salientando que a visita "terá uma componente económica muito importante, porque o relacionamento comercial e em termos de investimentos recíprocos de Portugal e de Angola é muito intenso".
Augusto Santos Silva referiu ainda, em Bruxelas, à margem da cimeira da NATO, que "Portugal e Angola irão também assinar o novo programa estratégico de cooperação", estando ainda previstos encontros do primeiro-ministro com a comunidade portuguesa em Luanda.
Relações "francamente boas"
O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o Presidente angolano teve "um gesto muito simpático" ao "antecipadamente propor" uma data para a sua visita a Portugal, de quem quer mostrar que as relações "estão francamente boas".
Questionado sobre o significado desta visita, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que, antes, o primeiro-ministro português, António Costa, irá a Angola, já daqui a uma semana. "E espero e esperamos todos que seja um grande êxito essa visita", afirmou o chefe de Estado.
Mesmo sem a Sonangol, Isabel dos Santos ainda tem um império empresarial
A mulher mais rica de África, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, foi exonerada da liderança da petrolífera estatal angolana. Mas continua a ter uma grande influência económica em Angola e Portugal.
Foto: DW/P. Borralho
Bilionária angolana diz adeus à Sonangol
A 15 de novembro, Isabel dos Santos teve de renunciar à presidência do conselho de administração da Sonangol. Em meados de 2016, o seu pai, o então Presidente José Eduardo dos Santos, nomeou-a para liderar a companhia petrolífera estatal. A nomeação era ilegal aos olhos da lei angolana. O novo Presidente angolano, João Lourenço, estava, por isso, sob pressão para demitir Isabel dos Santos.
Foto: picture-alliance/dpa
Carreira brilhante à sombra do pai
Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos e da sua primeira mulher, a jogadora de xadrez russa Tatiana Kunakova, nasceu em 1973, em Baku. Durante o regime do seu pai, no poder entre 1979 e 2017, Isabel dos Santos conseguiu construir um império empresarial. Em meados de 2016, a liderança da Sonangol, a maior empresa de Angola, entrou para o seu currículo.
Foto: picture-alliance/dpa
Conversão aos princípios "dos Santos"
Isabel dos Santos converteu o grupo Sonangol, sediado em Luanda (foto), às suas ideias. Nomeou cidadãos portugueses da sua confiança para importantes cargos de gestão e foi muito criticada pela ausência de angolanos em posições-chave na empresa.
Foto: DW/N. Sul d'Angola
Presença firme nas telecomunicações
Mesmo após o fim da sua carreira na Sonangol, Isabel dos Santos continua forte no meio empresarial: possui 25% da UNITEL desde o seu lançamento, em 2001, a empresa tornou-se a principal fornecedora de serviços móveis e de internet em Angola. Através da UNITEL, dos Santos conseguiu estabelecer vários contactos comerciais e parcerias com outras empresas internacionais, como a Portugal Telecom.
Foto: DW/P. Borralho
Redes móveis em Portugal e Cabo Verde
Isabel dos Santos detém a participação maioritária na ZON, a terceira maior empresa de telecomunicações de Portugal, através de uma sociedade com o grupo português Sonae. Também em Cabo Verde, dos Santos - com uma fortuna estimada em 3,1 mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes - está presente nas telecomunicações com a subsidiária UNITEL T+.
Foto: DW/J. Carlos
Expansão com a televisão por satélite
Lançada em 2010 por Isabel dos Santos, a ZAP Angola apresenta-se como o maior fornecedor de televisão por satélite no país. Desde 2011, a ZAP está presente também em Moçambique, onde conquistou uma parcela importante do setor. Em Moçambique, a empresa compete com o antigo líder de mercado, a Multichoice (DSTV), da África do Sul.
Foto: DW/P. Borralho
Bancos: o segundo pilar do império
Atrás das telecomunicações, o setor financeiro é o segundo pilar do império empresarial de Isabel dos Santos. A empresária detém o banco BIC juntamente com o grupo português Américo Amorim - o empresário português conhecido como "o rei da cortiça" que morreu em julho de 2017. É um dos maiores bancos de Angola, com cerca de 200 agências. É também o único banco angolano com agências em Portugal.
Foto: DW/P. Borralho
Com a GALP no negócio do petróleo
Também no petróleo, dos Santos fez parceria com Américo Amorim. Através da empresa Esperanza Holding B.V., sedeada em Amesterdão, a empresária angolana está envolvida na Amorim Energia que, por sua vez, é a maior acionista da petrolífera portuguesa GALP. A GALP também administra os postos de gasolina em Moçambique (na foto) e em Angola onde, curiosamente, compete com a Sonangol.
Foto: DW/B.Jequete
Supermercado em Luanda
Em 2016, abriu em Luanda o Avennida Shopping, um dos maiores centros comerciais da capital angolana. Várias empresas do império dos Santos operam neste centro comercial, como o Banco BIC, a ZAP e a UNITEL. Assim, a empresária beneficia em várias frentes do crescente mercado de bens de consumo em Luanda.
Foto: DW/P. Borralho
350 milhões de dólares em supermercados
Uma das maiores lojas do Avennida Shopping é o hipermercado Candando. É operado pelo grupo Contidis, controlado por Isabel dos Santos. Nos próximos anos, deverão ser construídos em Angola vários Candando. No total, a Contidis quer investir mais de 350 milhões de dólares nas filiais.