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Moçambique: "Solução para ataques no centro está na RENAMO"

Lusa
22 de dezembro de 2020

Antigo porta-voz do grupo de guerrilheiros dissidentes da RENAMO defende que solução para ataques armados no centro de Moçambique está dentro do principal partido de oposição. João Machava apela ao fim das investidas.

João Machava: "O general Nhongo deve parar de ordenar os ataques"Foto: DW/A. Sebastião

"A solução das reivindicações não está no povo e muito menos no Presidente da República [Filipe Nyusi], mas sim na própria RENAMO", disse João Machava, citado hoje pelo diário Notícias.

Em causa estão os ataques, no centro, atribuídos à autoproclamada Junta Militar da RENAMO, liderada por Mariano Nhongo, antigo dirigente de guerrilha, que exige melhores condições de reintegração e a demissão do atual presidente do partido, Ossufo Momade, acusando-o de ter desviado o processo negocial dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico que morreu em maio de 2018.

João Machava, um dos principais rostos da autoproclamada Junta Militar, abandonou o grupo no início deste mês e aderiu ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), no quadro do acordo de paz assinado em agosto de 2019 por Filipe Nyusi e Ossufo Momade.

Segundo João Machava, com patente de coronel, os ataques armados protagonizados pela Junta Militar da RENAMO "constituem uma violação grosseira dos objetivos da criação do grupo".

Mariano Nhongo, líder da Junta MilitarFoto: DW/A. Sebastiao

"Estão a morrer inocentes"

"O general Nhongo deve parar de ordenar os ataques, porque estão a morrer inocentes. Deve ouvir a súplica do povo moçambicano e da comunidade internacional", declarou, citado pelo jornal Notícias.

Machava foi desmobilizado no quadro da desativação da base do braço armado da RENAMO no distrito de Mabote, província de Inhambane, sul de Moçambique.

O ex-guerrilheiro apareceu ao lado do líder da Junta Militar da RENAMO, Mariano Nhongo, no anúncio da criação deste movimento, em 2019, na serra da Gorongosa, centro do país, chegando a ser considerado o "número dois" da organização.

Os ataques armados no centro de Moçambique têm afetado as províncias de Manica e Sofala, e já provocaram a morte de pelo menos 30 pessoas desde agosto do ano passado, em estradas e povoações locais.

No domingo (20.12), o representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, disse que o líder do grupo dissidente se manifestou disponível para negociar. "Apesar das dificuldades para uma reunião física, posso confirmar o contacto com ele e agradeço a sua disponibilidade para o diálogo e a sua proposta em enviar os seus representantes para iniciar o referido diálogo", disse Manzoni, num comunicado.

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