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Joaquim Chissano apela a diálogo com Mariano Nhongo

Leonel Matias (Maputo)
10 de junho de 2021

O ex-chefe de Estado diz que o diálogo com o líder da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, Mariano Nhongo, é fundamental para a paz duradoura no centro de Moçambique.

Foto: Getty Images/AFP/B. Tarabey

Joaquim Chissano diz que, para pôr termo à instabilidade no centro de Moçambique, será preciso ir ao encontro do líder da "Junta Militar". Essa será a única forma de o levar a dialogar com o Governo, admite o antigo Presidente.

"Não há nenhum conflito que possa dispensar o diálogo. Pode-se lutar, continuar a lutar, mas na equação [deve estar] sempre o diálogo, à primeira oportunidade", afirmou Chissano em declarações aos jornalistas esta quinta-feira (10.06), à margem de uma visita ao gabinete do Provedor de Justiça.

O antigo chefe de Estado considera igualmente essencial o contínuo apelo aos homens da autoproclamada "Junta Militar" para aderirem ao processo em curso de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) das forças residuais da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

"Diálogo sempre resolveu conflitos"

A "Junta Militar" suspendeu nos últimos meses os ataques no centro do país, e alguns dos seus homens aderiram já ao DDR, mas o líder do grupo, Mariano Nhongo, continua nas matas. Joaquim Chissano insiste que é importante ir ter com ele.

"O problema é o acesso e encontrar a melhor pessoa, capaz de convencê-lo a ver a razão", diz. "Há questões várias. Há medo e às vezes ele pensa que tem direitos que não tem. [É preciso] alguém que lhe esclareça [isso]".

Líder da autoproclamada "Junta Militar", Mariano NhongoFoto: DW/A. Sebastiao

O analista Dércio Alfazema concorda com Chissano. "O diálogo é sempre a via mais acertada", comenta. "Em Moçambique, todos os conflitos foram, em última instância, resolvidos pela via do diálogo. Quanto mais demorou o diálogo, mais esses conflitos se alastraram e mais as posições endureceram."

O problema é que o líder da "Junta Militar" continua a confiar pouco na liderança da RENAMO e no Governo, apesar das vias do diálogo permanecerem abertas e do processo de DDR avançar, prossegue o analista. E, "enquanto Nhongo não dá algum sinal de confiança, claramente as Forças de Defesa e Segurança vão ter que continuar posicionadas para responder a qualquer eventualidade de ataques", acrescenta Dércio Alfazema.

Nos últimos tempos, o Presidente Filipe Nyusi tem defendido o recurso às armas no combate à "Junta Militar", justificando que Mariano Nhongo se recusa a dialogar e a aceitar as ofertas do Governo para entregar as armas e reintegrar-se na sociedade.

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