O Presidente dos EUA, Joe Biden, começa hoje a sua primeira deslocação ao Médio Oriente desde que assumiu funções em janeiro de 2021. Israel é a primeira paragem desta viagem de quatro dias à região.
Publicidade
Esta quarta-feira (13.07), Joe Biden aterra no aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv, acompanhado pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Israel é a primeira paragem desta viagem, marcada pela missão de fortalecer os laços de Telavive com o mundo árabe e pela necessidade de apoio saudita para aliviar os preços do petróleo.
Na agenda deste primeiro dia está prevista uma visita ao memorial e museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém.
Biden encontra-se com os líderes israelitas na quinta-feira (14.07), antes de viajar para a Cisjordânia, na sexta-feira (15.07), para conversações com o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas.
O processo de paz entre israelitas e palestinianos para a resolução do seu conflito está paralisado desde 2014, sem perspetivas de ser relançado.
Ainda em solo israelita, Biden tem prevista uma reunião com Benjamin Netanyahu, o ex-primeiro-ministro de Israel que poderá ter hipóteses de regressar ao poder após nova dissolução do parlamento e o agendamento de novas legislativas no país em novembro, as quintas eleições em menos de quatro anos.
Mudanças nas alianças dos EUA
A poucos dias da visita de Biden à região, bandeiras dos EUA e de Israel já adornavam as ruas de Jerusalém Ocidental. A segurança será extremamente apertada em toda a cidade, com mais de 15.000 agentes da polícia israelita e voluntários destacados.
Publicidade
"Sempre que um Presidente americano vem a Jerusalém, é uma grande honra, mas é também uma grande chatice porque a cidade será fechada e não poderemos sair de casa", disse à DW Avi Avisana, um morador.
"Penso que é muito corajoso da sua parte vir alguns dias depois da mudança de primeiro-ministro. Isso mostra como a relação é especial", acrescenta. Passaram apenas duas semanas desde que Naftali Bennett, que tinha convidado Biden a visitar Israel, deixou de ser primeiro-ministro, após o colapso do seu governo de coligação.
Enquanto Israel e os EUA se consideram aliados próximos, alguns observadores veem os EUA a deslocar os seus interesses estratégicos para outras áreas.
"Os EUA não se podem retirar da região", diz a analista política Ksenia Svetlova. "Estamos a atingir um ponto de viragem com o Irão" e os aliados americanos na região, acrescenta, precisam "de uma América forte e confiante" que "não deixará criar aqui um vazio a ser preenchido por outras potências".
As preocupações com as ambições nucleares do Irão estabeleceram um terreno comum entre Israel e vários países do Golfo ao longo dos últimos anos. O primeiro-ministro interino, Yair Lapid, afirmou numa reunião no domingo: "Esta visita abordará tanto os desafios como as oportunidades. A discussão dos desafios centrar-se-á em primeiro lugar e acima de tudo na questão do Irão."
Médio Oriente: Aumentam os apelos para um cessar-fogo
05:31
Israel anuncia novas medidas para palestinianos
Entretanto, Israel anunciou a intenção de aumentar o número de autorizações de trabalho para residentes de Gaza e novas autorizações para construir na Cisjordânia ocupada, visando "estabelecer a confiança" com os palestinianos.
Estas medidas foram anunciadas na véspera da visita do Presidente americano a Israel e à Cisjordânia. Prevê-se o aumento em 1.500 do número de autorizações de trabalho de Israel a residentes na Faixa de Gaza, enclave sob bloqueio do Estado judeu há 15 anos, que aumentam assim de 14.000 para 15.500.
As autorizações de trabalho, conjugadas com salários mais elevados em Israel são vistos como um balão de oxigénio para a economia de Gaza, um território pobre com cerca de 2,3 milhões de habitantes e onde a taxa de desemprego atinge os 50%.
Além disto será aberto um novo ponto de passagem para permitir aos árabes israelitas entrar na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia.
70 anos de Israel
O Estado de Israel foi fundado há 70 anos. Foi a concretização de um desejo do povo judeu, depois de ser perseguido pelo regime nazi. Mas Israel tem vários inimigos. Conheça aqui a história.
Foto: Imago/W. Rothermel
A esperança triunfou
Foi o primeiro dia de um novo Estado. A 14 de maio de 1948, o primeiro-ministro David Ben-Gurion proclamou a fundação do Estado de Israel. Ben-Gurion disse na altura que o povo judeu "nunca perdeu a esperança", "jamais calou a oração pelo regresso a casa e pela liberdade". Os judeus voltaram, assim, à sua terra de origem, com o seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Nova era
Foi um triunfo diplomático: a seguir à proclamação do Estado de Israel foi içada a bandeira do novo país em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova Iorque. Para os israelitas, foi mais um passo rumo à segurança e à liberdade - finalmente, o seu Estado foi reconhecido internacionalmente.
Foto: Getty Images/AFP
Terror nazi
O Estado de Israel foi criado após o Holocausto. O regime nazi assassinou seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. A imagem mostra prisioneiros no campo de Auschwitz, onde morreu quase um milhão de judeus, depois de serem libertados.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" - a catástrofe
Os palestinianos associam a fundação de Israel à "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram de deixar os lugares onde moravam para dar lugar a cidadãos do novo Estado. Com a fundação de Israel começou também o conflito no Médio Oriente, que ainda não foi resolvido 70 anos depois.
Foto: picture-alliance/CPA Media
De olhos postos no futuro
A auto-estrada nr. 2 não serve apenas de ligação entre as cidades de Tel Aviv e Netanya - ela testemunha também as ambições do novo Estado. A estrada foi inaugurada em 1950 pela então primeira-ministra israelita Golda Meir, que colocou o país na senda da modernização económica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no kibbutz
Os "kibbutzim" (plural de "kibbutz") são herdades coletivas que foram criadas um pouco por todo o país sobretudo nos primeiros anos depois da fundação de Israel. Era aqui que na sua maioria judeus seculares ou socialistas punham em prática os seus ideais comunitários.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Investimento na defesa
As tensões com os vizinhos árabes mantiveram-se. Em 1967, culminaram na Guerra dos Seis Dias, em que Israel derrotou o Egito, a Jordânia e a Síria. Simultaneamente, Israel passou a controlar Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, entre outros territórios, algo que despoletou novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Colonatos israelitas
A política israelita de colonatos fomenta o conflito com os palestinianos. A Autoridade Palestiniana acusa Israel de impossibilitar a criação de um futuro Estado devido à construção permanente de colonatos. As Nações Unidas também condenam Israel devido a esta política. Mas Israel desvaloriza.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Raiva, ódio, pedras
Em dezembro de 1987, os palestinianos protestaram contra o domínio israelita nos territórios ocupados. O protesto começou na cidade de Gaza e espalhou-se rapidamente a Jerusalém Oriental e à Cisjordânia. A revolta arrastou-se durante anos e acabou com a assinatura dos Acordos de Paz de Oslo, em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Finalmente a paz?
As conversações de paz entre o primeiro-ministro israelita, Yitzhak Rabin (esq.), e o líder da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat (dir.), foram mediadas pelo então Presidente norte-americano, Bill Clinton. Culminaram nos Acordos de Oslo, em que ambos os lados se reconheceram oficialmente.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin, a 4 de novembro de 1995, minou o processo de paz e expôs as divisões na sociedade israelita. Moderados e radicais, judeus seculares e ultra-ortodoxos, afastam-se cada vez mais. Rabin foi assassinado a tiro numa manifestação por um estudante radical de direita. A imagem mostra o então primeiro-ministro, Schimon Peres, junto à cadeira vazia do seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
O muro israelita
Em 2002, Israel começou a construir um muro de 107 quilómetros na Cisjordânia. O muro serviu para diminuir a violência, mas não resolveu os problemas políticos entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reconciliação
O genocídio dos judeus marca até hoje as relações entre a Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então Presidente da Alemanha, Johannes Rau, discursou no Knesset, o Parlamento israelita, em alemão. Foi mais um passo na reaproximação dos dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
Tributo aos mortos
O novo ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, cumpriu a tradição. A sua primeira viagem ao exterior foi a Israel. Em março de 2018, depositou uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Holocausto no Memorial Yad Vashem, em Jerusalém.