Primeiro-ministro são-tomense é reeleito presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP/PSD) com 51% dos votos - e promete mudar o partido.
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Num total de 517 votos, Jorge Bom Jesus foi o primeiro classificado, com 260 votos. A seguir, Américo Barros obteve 147 votos, equivalente a 28,4%, e Rafael Branco registou 105 votos, que correspondem a 20,3%.
"Isto é um recarregar de baterias. Esta reeleição me dá muito mais responsabilidade e eu sei que não é um cheque em branco", disse ele, além do mais, "num tempo muito difícil tanto na situação política interna do partido, como ao nível de Governação".
"Mas isso vai retemperar o meu espírito. Nós vamos mudar", afirmou. Segundo Jorge Bom Jesus, as mudanças começaram desde a nova direção do partido, onde manteve apenas o antigo secretário-geral, Arlindo Barbosa, que foi promovido a vice-presidente.
As outras duas vice-presidências do MLSTP/PSD foram entregues ao atual vice-presidente da Assembleia Nacional, Guilherme Otaviano, e ao diretor do Instituto Nacional de Estradas, Gabdulo Quaresma.
Ala jovem do partido
O cargo de secretária-geral foi confiado à ministra da Saúde, Filomena Monteiro, que será coadjuvada por dois elementos da ala mais jovem do partido.
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"Acabei de reestruturar praticamente a direção toda [...] para justamente dar um sinal de que eu quero romper com os paradigmas e tentar fazer diferente", precisou Jorge Bom Jesus, admitindo que vai precisar do "apoio de todos os camaradas" para muito rapidamente adotar "uma postura de proximidade" para conhecer os verdadeiros problemas da militância do partido.
O líder do MLSTP/PSD entende que a confiança atribuída a nova direção é para trabalhar "numa perspetiva de unidade na diversidade", inclusive com os candidatos derrotados e os membros apoiaram as suas equipas.
"Nós vamos continuar a abraçar todos os camaradas, porque todos somos muito poucos para vencermos as ingentes tarefas que nos esperam lá fora, sobretudo as eleições autárquicas, legislativas e regionais, onde vamos estar em peleja com vários outros partidos, e certamente, muitos movimentos", assegurou Jorge Bom Jesus.
"Muito trabalho pela frente"
Admitindo "muito trabalho pela frente", Jorge Bom Jesus defende que é preciso abrir o partido à sociedade civil, "injetando sangue novo, porque ganhar as eleições não se faz só com os militantes do partido [MLSTP/PSD]".
"Há cerca de duas décadas que o MLSTP não governa sozinho. Ele partilha o poder em alianças com outros partidos. Vamos querer pedir cada vez maior confiança, mas para isso é preciso merecer e tudo isso se faz com trabalho, estando próximo das populações", adiantou Bom Jesus.
Também estiveram presentes as outras forças políticas com assento no parlamento são-tomense, nomeadamente a Ação Democrática Independente (ADI), o Partido de Convergência Democrática (PCD) e a União MDFM-UDD.
São Tomé e Príncipe: O caos deixado por fortes chuvas em Neves
A destruição impera na cidade de Neves, distrito de Lembá, São Tomé e Príncipe, após chuvas intensas e ventos fortes. Edumeu Lima, vereador para a área social da Câmara de Lembá, lamenta a falta de apoios prometidos.
Foto: Graça Ramusel/DW
Neves à espera de ajuda humanitária
Aumentam na cidade de Neves os casos de doença diarreica aguda. As crianças são as mais afetadas. Entre janeiro e fevereiro foram registados no hospital da cidade 108 casos da doença. Há três meses que cerca de 18 mil habitantes do distrito de Lembá consomem água não tratada. As chuvas intensas destruíram o centro de captação e tratamento de água que abastecia a população com água potável.
Foto: Graça Ramusel/DW
Igreja sem meios para atender os mais necessitados
A água do rio tem abastecido a população de Neves. Maria Salomé Pinto, Irmã Franciscana Hospitaleira, confirma que tem havido muitos casos de diarreia e que a rede de proteção social da Igreja Católica tem apoiado muitas famílias com medicamentos. Todos os projetos sociais de desenvolvimento integrado da Igreja no distrito estão paralisados. Os depósitos de água das escolas estão cheios de lama.
Foto: Graça Ramusel/DW
Chuva destrói farmácia no hospital de Neves
As chuvas intensas nos primeiros dias de março de 2022 deixaram um rasto de destruição enorme na cidade de Neves. Pelo menos vinte habitações ficaram destruídas. As enxurradas alagaram também o hospital local e destruíram o stock de medicamentos. As águas atingiram um metro de altura obrigando a transferência de doentes para lugares seguros.
Foto: Graça Ramusel/DW
Chuvas "matam" peças processuais no Tribunal de Lembá
O Tribunal de Lembá está "na rua". As enxurradas e a subida do nível do mar entraram pela cidade destruindo muitas peças processuais do Tribunal de Lembá que estão agora expostas ao sol, na tentativa de salvar os arquivos e documentos que ainda restam. Os funcionários entreajudam-se na limpeza do edifício.
Foto: Graça Ramusel/DW
Ponte Provas em Neves na eminência de colapsar
Os estabelecimentos de ensino estão encerrados. Mas o rasto de destruição não ficou por aí. As pontes sobre os rios Provas e Contador, que atravessam a cidade, foram bastante afetadas pelo temporal podendo desabar a qualquer momento. As enxurradas de 28 e 29 de dezembro de 2021 e do início de março deste ano, 2022, deixaram-nas ainda mais frágeis.
Foto: Graça Ramusel/DW
Forte precipitação destrói ponte da Ribeira Funda
A ponte da Ribeira Funda desabou no dia 4 de março, horas depois das intensas chuvas acompanhadas de ventos fortes. A forte precipitação originou um aumento do caudal do rio na zona de confluência com o mar, provocando a destruição e o arrastamento dos destroços da ponte. Duas comunidades estão isoladas desde dezembro de 2021: a comunidade agrícola de Brigoma e Roça Lembá.
Foto: Graça Ramusel/DW
A ponte ruiu mas não houve apagão na cidade
O antigo tabuleiro da ponte de Ribeira Funda, que ficou mergulhado nas águas, tem servido de passagem alternativa. Desta vez, o transporte e distribuição de combustível não teve impacto negativo na capital do país e arredores. Os camiões-cisterna circulam com alguma normalidade e abastecem as centrais elétricas com combustível para garantir o fornecimento de energia à população.
Foto: Graça Ramusel/DW
Decretado estado de calamidade pública em Lembá
As enxurradas pintaram de castanho as ruas de Neves. A considerada cidade industrial de São Tomé e Príncipe está mergulhada em lama e muito lixo. Os funcionários camarários limpam a cidade e os estabelecimentos de ensino. Enquanto isso, uma retroescavadora remove lama e os resíduos acumulados em toda cidade.
Foto: Graça Ramusel/DW
Promessas de ajuda internacional tardam a chegar
Um estudo sobre a reconstrução das infraestruturas danificadas estima que são necessários cerca de 33 milhões de euros. O Banco Mundial priorizou a reabilitação de infraestruturas rodoviárias de Neves. Existem três pontes partidas e duas estão na eminência de ruir. Segundo Edumeu Lima, vereador para a área social da Câmara de Lembá, o governo bateu todas as portas, mas só existem promessas.
Foto: Graça Ramusel/DW
Fúria da natureza arrasta navios para a baía de Ana Chaves
Os estragos provocados pelas chuvas intensas foram registados igualmente no centro da capital, São Tomé. Várias embarcações foram arrastadas pelo vento para a Baía de Ana Chaves, motivando a aflição e o desespero dos armadores. Mesmo durante o temporal, com chuvas intensas e fortes rajadas de vento, os marinheiros, tentaram a todo o custo impedir que os navios fossem parar à marginal.