Jorge Carlos Fonseca: Eleições em CV são exemplo para África
Lusa
17 de outubro de 2021
O Presidente cabo-verdiano saudou o recorde de sete candidatos nas eleições presidenciais deste domingo (17.10) e afirmou que o país vai dar mais um exemplo de "eleições livres e transparentes".
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"Eu não tenho dúvidas nenhumas de que as eleições em Cabo Verde, de hoje inclusivamente, são sempre eleições livres e transparentes. Pode haver anomalias, pequenas anomalias, mas são fenómenos verdadeiramente marginais", afirmou Jorge Carlos Fonseca, aos jornalistas, após votar na cidade da Praia.
O chefe de Estado, que cumpre o segundo e último mandato no cargo, fez ainda um apelo: "Que o vencedor seja o vencedor digno, magnânimo, e que os vencidos também sejam dignos democratas e que respeitem a decisão legítima, a expressão da vontade popular dos cabo-verdianos".
Caso nenhum dos sete candidatos que se apresentam hoje a sufrágio - um recorde histórico - obtenha a maioria absoluta, os dois mais votados disputam uma segunda volta, já agendada para 31 de outubro.
As mesas de voto encerraram às 18h (horário local). Quase 400 mil eleitores foram convocados a votar no arquipélago e na diáspora.
Exemplo para África
Cabo-verdianos votam para eleger novo Presidente
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"Temos uma vasta experiência de processos eleitorais bem-sucedidos, e o sucesso das campanhas eleitorais e dos processos eleitorais têm contribuído de sobremaneira para que a nossa democracia continue a ser um trunfo do país, uma grande referência em África e no mundo e assim continua a ser", acrescentou.
Para o Presidente da República, está também fora do horizonte qualquer crise política ou institucional na sequência destas eleições, em que os principais candidatos são precisamente os dois únicos antigos primeiros-ministros democraticamente eleitos no país - Carlos Veiga e José Maria Neves, que concorrem pelos dois principais partidos, MpD e PAICV, respetivamente.
"Evidentemente que não acredito que possa haver crises. Nós já fizemos experiências várias. Por exemplo, eu fiz dois mandatos de cinco anos, trabalhei com dois primeiros-ministros de áreas políticas diferentes e não houve nenhuma crise política relevante no país", disse.
Presidenciais em Cabo Verde: Quem são os candidatos?
Cabo Verde vai às urnas no domingo (17.10) para eleger o novo Presidente da República. Sete candidatos estão na corrida ao Palácio do Platô. Conheça, nesta galeria, as propostas que têm marcado a campanha eleitoral.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Arranque da campanha
As ilhas cabo-verdianas vivem, desde 30 de setembro, um intenso clima de campanha eleitoral. No domingo (17.10), os cidadão vão às urnas para eleger o novo Presidente da República, que irá suceder a Jorge Carlos Fonseca. São sete os candidatos, a maioria independentes, que concorrem em dois círculos eleitorais, nacional e diáspora, ao Palácio do Platô. Algo inédito no país.
Foto: Ângelo Semedo/DW
"Novos tempos, novos líderes"
Hélio Sanches aponta a segurança e a justiça como algumas das suas prioridades, caso seja eleito. Afirma que será um Presidente atento às desigualdades sociais existentes em Cabo Verde e que trabalhará para um país mais justo. Ao nível externo, o candidato cujo lema de campanha é "Novos tempos, novos líderes", defende a plena integração do país na CEDEAO.
Foto: Edson Waldir
Equilíbrio
O antigo primeiro-ministro José Maria Neves, que líderou o país de 2001 a 2016, quer chegar agora ao Palácio Presidencial. Diz que, se for eleito, a sua grande prioridade será ajudar Cabo Verde a recuperar da crise causada pela pandemia. Pede equilíbrio e promete trabalhar em cooperação com o Governo. Garante que será um árbitro imparcial do jogo político.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Terceira tentativa
É a terceira vez que Carlos Veiga concorre às eleições presidenciais. Nas anteriores, em 2001 e 2006, ficou pelo caminho. Mas, desta vez, está confiante e já canta vitória. Afirma que será um Presidente cumpridor da Constituição, independente e defensor dos interesses e direitos do povo. Quer também ajudar o país a superar a crise provocada pela pandemia.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Regime presidencialista em Cabo Verde?
O candidato Gilson Alves defende "poder absoluto" para o Presidente da República e propõe um regime presidencialista em Cabo Verde. Caso for eleito, diz que vai fazer uma revisão constitucional. Promete ser um presidente "forte" e "autoritário", que consegue responder às preocupações dos cabo-verdianos.
Foto: Ângelo Semedo/DW
"Cumprir a Constituição"
Casimiro de Pina tem a justiça como um dos pilares da sua campanha e promete "Cumprir a Constituição". Se for eleito Presidente, diz que vai lutar para que o setor da justiça seja mais célere e responsável. Garante que irá exercer a magistratura de influência e estar atento aos problemas que afetam os cabo-verdianos.
Foto: Ângelo Semedo/DW
De novo na estrada
Joaquim Monteiro é o candidato mais velho na corrida presidencial. Está novamente na estrada para cumprir a sua terceira maratona em direção ao Palácio do Platô. Ele considera que o país está à deriva. Por isso, em caso de vitória, disse que vai "planificar", "programar" e "unir" Cabo Verde.
Foto: Oldimiro Moreira
Mais poderes para o Presidente
Reforçar a democracia e obrigar o Governo a respeitar os direitos dos cidadãos são algumas das promessas do candidato Fernando Delgado. O engenheiro naval crítica o estado atual do país, sobretudo ao nível da justiça e segurança. Fernando Delgado defende a revisão urgente da Constituição e mais poderes para o Presidente da República, particularmente ao nível judicial.
Foto: Décio Barros
Apoio partidário
Das sete candidaturas, apenas duas têm apoio partidário: Carlos Veiga, que já foi primeiro-ministro (de 1991 a 2000), é apoiado pelo partido no poder, o MPD, e pela UCID; e José Maria Neves, também antigo primeiro-ministro (de 2001 a 2016), apoiado pela oposição, o PAICV. Recentemente, este último recebeu apoio de Cláudio Silva, que liderou o PTS nas legislativas de abril último.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Propostas com pés de barro?
Vários candidatos têm feito propostas que, em termos práticos, são impossíveis de concretizar, tendo em conta o poder "limitado" do Presidente da República em Cabo Verde. Estas propostas são vistas por alguns analistas como uma tentativa de confundir o eleitorado, levando-o ao engano.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Uso de recursos de Estado nas campanhas?
Alguns candidatos têm denunciado o uso de recursos públicos por parte da candidatura de Carlos Veiga, apoiada pelo partido que sustenta o Governo, o MPD. Outros cidadãos têm reclamado nas redes sociais contra a presença de viaturas do Estado, bem como ministros em ações de campanha eleitoral. Entretanto, o candidato em causa refuta as acusações.