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Líder da UNITA: "Governo tem medo das autarquias"

Manuel Luamba (Sumbe)
11 de março de 2020

Arrancaram esta quarta-feira as IX Jornadas Parlamentares da UNITA, na província do Cuanza Sul. Deputados do maior partido da oposição em Angola debatem temas como a corrupção, a pobreza e as autarquias.

Foto: DW/M. Luamba

As primeiras eleições autárquicas em Angola estão previstas para este ano. Mas o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) duvida que elas sejam realizadas como estipulado.

"Está mais do que provado que o nosso Governo e os seus titulares, o partido que o suporta, não pretendem realizar eleições autárquicas conforme o compromisso, porque têm medo de transferir poderes para o povo", afirmou Adalberto Costa Júnior na abertura das IX Jornadas Parlamentares da UNITA, no Sumbe, província do Cuanza Sul.

As críticas ao Executivo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) não ficaram por aqui. Costa Júnior acusou o "regime de proteger" corruptos, apesar de a "cruzada contra a corrupção" ser o cavalo de batalha do Presidente João Lourenço.

Presidente da UNITA, Adalberto Costa JúniorFoto: DW/B. Ndomba

Inquéritos "nas gavetas"

No final do ano passado, a Procuradoria-Geral da República angolana informou que havia dezenas de processos em curso nos tribunais para recuperar mais de 4 mil milhões de dólares que teriam sido retirados "ilicitamente" dos cofres do Estado.

Mas o presidente da UNITA duvida da seriedade da luta contra a corrupção do MPLA, e pergunta, por exemplo, porque razão ficaram inquéritos parlamentares sobre "escandalosos desvios" ao erário público escondidos "nas gavetas dos dirigentes da Assembleia Nacional, protegendo nomes sonantes".

"Ocorreu assim com o Banco Espírito Santos Angola (BESA), a Sonangol, o Fundo Soberano e também a dívida pública. Foram contributos que poderiam evitar o desastre e a crise económica em que nos encontramos", disse Adalberto Costa Júnior.

Combate à pobreza

Um dos temas em debate durante as IX Jornadas Parlamentares da UNITA, que terminam na sexta-feira, é o combate à pobreza em Angola. Em dezenas de municípios angolanos, nove em cada dez pessoas vivem na pobreza, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

Líder da UNITA: "Governo tem medo das autarquias"

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Com a nova queda do preço do petróleo face à incerteza global gerada pelo novo coronavírus, teme-se que a economia angolana se ressinta e a vida se torne ainda mais difícil para os angolanos.

O presidente da UNITA disse, esta quarta-feira (11.03) que as eleições autárquicas podem ajudar a combater a pobreza e melhorar os sistemas de saúde e educação no país.

Na abertura das IX Jornadas Parlamentares da UNITA, Adalberto Costa Júnior também deixou críticas aos órgãos de defesa e segurança pela forma como têm lidado com as manifestações de rua nos últimos tempos, sobretudo na capital angolana.

"É necessário pôr cobro à violência gratuita que temos vindo a testemunhar contra os jovens que se manifestam, contra as mulheres que se manifestam", afirmou. "Urge respeitar mais os seus cidadãos e os seus direitos. As respostas devem ser proporcionais aos desafios e devem ser adequadas a uma realidade de respeito a um ato constitucionalmente previsto. É necessário melhorar neste aspeto."

Em fevereiro, organizações juvenis, incluindo a JURA, o braço juvenil da UNITA, acusaram a polícia de reprimir brutalmente um protesto contra a tomada de posse do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Pereira da Silva.

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