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Jornalista Francisco Rasgado absolvido

Lusa
3 de maio de 2021

O jornalista angolano Francisco Rasgado foi esta segunda-feira (03.05) absolvido dos crimes de difamação e injúria no âmbito de um processo que o opunha ao ex-governador de Benguela, Rui Falcão.

Angola Francisco Rasgado, ehemaliger Dissident und Journalist
Francisco Rasgado, jornalista angolanoFoto: DW/N. Sul d'Angola

Francisco Rasgado, diretor e fundador do jornal Chela Press, assinou no ano passado um artigo denunciando alegados atos de corrupção, gestão danosa e desvio de meios públicos ligados ao governo de Benguela, então liderado por Rui Falcão, tendo sido processado por injúria e difamação.

"Foi absolvido de todos os crimes. O tribunal da Comarca de Benguela deu como provado que o texto era uma reflexão sobre uma denúncia pública envolvendo meios do Estado desviados e entregues sem observância dos pressupostos como a lei da contratação pública e lei do património público", disse à Lusa o advogado José Faria.

Francisco Rasgado estava acusado de um crime de injúria contra a autoridade pública, no âmbito de uma queixa apresentada por Rui Falcão e um crime de difamação no âmbito do processo movido por Carlos Cardoso, da empresa de construção CCJ, alegada beneficiária dos equipamentos.

O jornalista chegou a estar detido durante três dias por ter supostamente faltado a uma sessão do julgamento, para a qual, segundo o seu advogado, não foi notificado.

Recurso à vista

José Faria adiantou que os representantes de Rui Falcão anunciaram já que vão interpor recurso.

Benguela: Manifestantes pedem reformas em Angola

01:21

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 "Vamos esperar que a sentença transite em julgado e, nessa altura, vamos pedir uma indemnização ao ex-governador por ter dado entrada com este processo, de forma caluniosa", afirmou o advogado, acrescentando que o fundamento se prende com o facto de não ter conseguido fazer prova do crime e pelos danos causados ao jornalista "que ainda por cima esteve detido".

Com a absolvição cai também por terra a indemnização milionária pedida por Rui Falcão, superior a um bilião de kwanzas (1,7 milhões de euros), sublinhou o advogado do jornalista, de 64 anos.

José Faria congratulou-se com a decisão, que "era esperada", considerando que motiva os jornalistas para continuar a denunciar os crimes de natureza pública.

"É muito importante que no dia de hoje, em que se celebra a liberdade de imprensa, se tenha presenteado um jornalista que exerce a sua profissão com brio, coragem e muita força", destacou.

Segundo o artigo de Francisco Rasgado, em causa estava o desvio de equipamentos para construção civil, distribuídos pelo Governo, que foram apreendidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de fraude na adjudicação à firma CCJ

  

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