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Liberdade de imprensaMoçambique

Jornalistas agredidos pela polícia municipal em Nampula

Sitoi Lutxeque (Nampula)
30 de junho de 2021

Em Nampula, quatro jornalistas foram agredidos esta terça-feira (29.06) por agentes da Polícia Municipal. Estes assumem o facto, mas desvalorizam o incidente e fogem a responsabilidade. MISA já trata do apoio jurídico.

 Emerson Joaquim und Leonardo Gimo
Emerson Joaquim e Leonardo Gimo, dois dos quatro jornalistas agredidos pelos agentes da Polícia Municipal de NampulaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Quatro repórteres de três estações televisivas da cidade de Nampula foram esta terça-feira (29.06) agredidos brutalmente por agentes da Polícia Municipal, quando procuravam apurar os contornos da detenção de três ativistas da organização "Mentes Revolucionárias”.

Trata-se de Leonardo Gimo, da TV Sucesso, Faizal Abudo e Simão Mugas, jornalista e repórter de imagens da TV Muniga, respetivamente, e Emerson Joaquim, da Afro TV.

A vítima Faizal Abudo contou à DW que a agressão começou quando "os jovens que tinham sido retidos apareceram para dar declarações à imprensa" e detalha: "Naquele momento, o que eu fiz foi pedir o meu colega repórter de imagem para ligar a câmara e começamos a trabalhar, mas quando coloco as questões a vítima vi-me escorraçado pela polícia municipal, sobretudo pelo chefe das operações”.

O jornalista disse que, durante a agressão, além de contrair ferimentos ligeiros, perdeu a sua motorizada e o relógio. Por isso, Faizal promete: "Nós não vamos parar por aqui, até que a justiça seja feita. A Polícia da República de Moçambique já tem conhecimento deste caso e alguns órgãos [Nucleo Provincial do MISA-Moçambique em Nampula] que velam pelo direito e defesa dos jornalistas já intervieram no caso”.

Polícia esquiva-se

O comandante da Polícia Municipal de Nampula, António Oliveira Maneque, assumiu que os agentes da sua corporação agrediram os jornalistas, mas minimizou o facto, alegando tratar-se de uma ação.

Oliveira Maneque, comandante da Polícia Municipal da cidade de NampulaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

"Não posso considerar isso como se fosse um atentado à liberdade de imprensa, porque não foi uma situação voluntária que ocorreu, mas sim foi um incidente, por se tratar de um ato involuntário. Foi apenas um desentendimento”, justifica.

Serão ou não responsabilizados os agentes da polícia municipal que agrediram os jornalistas? O comandante respondeu: "Nós vamos perceber quem são as pessoas [agentes] que estavam ali. Portanto, queremos ter a história completa, mas o que devo dizer é que os ativistas [que tinham sido detidos] foram os principais provocadores da situação”.

Condenações e responsabilização

Entretanto, o coordenador provincial do partido recém-criado no país, a Nova Democracia, Rachade Carvalho, lamentou e condenou com veemência as agressões e exigiu a responsabilização criminal dos agressores.

"Nós como partido Nova Democracia instamos as entidades competentes de modo a responsabilizar os agressores criminalmente, as pessoas não podem ficar impunes”, disse.

Carvalho disse lembrou ainda que "o jornalista não deve ser agredido, mas sim protegido por aqueles que os agrediram. O que aconteceu é um atentado à liberdade de imprensa".

O Instituto de Comunicação Social para África-Austral (MISA-Moçambique), Núcleo Provincial de Nampula, já contactou um advogado para prover assistência jurídica aos jornalistas com vista à responsabilização criminal dos agressores.

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