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Jornalistas impacientes em Moçambique

5 de outubro de 2012

Organizações não governamentais moçambicanas exigem que o Parlamento agende para a próxima sessão o debate do anteprojeto de lei sobre o direito de acesso à informação. A história se arrasta por sete anos.

Jornalistas de Moçambique
Jornalistas de MoçambiqueFoto: Fotolia/sahua d

O projeto de lei sobre o direito de acesso à informação visa estabelecer, pela primeira vez em Moçambique, os procedimentos legais para os meios de comunicação e cidadãos terem acesso à informação na posse do Estado. Recorda-se que Moçambique é um país em que muitas instituições se recusam a fornecer informações, alegando segredo de Estado.

Os signatários da carta enviada ao Parlamento esta semana defendem que a aprovação da lei em questão irá permitir ao Estado tornar público os processos de desenvolvimento do país. Eles consideram que o vazio legal na regulamentação do direito à informação tem prejudicado os cidadãos, bem como constitui um obstáculo à credibilidade do Estado e ao respeito de outros direitos e liberdades fundamentais dos moçambicanos.

Acusações mútuas

O projeto de lei foi depositado em 2005 no Parlamento pelo MISA Moçambique, uma ONG que luta pela promoção e defesa da liberdade de expressão e de imprensa. O coordenador desta, Tomás Vieira Mário, afirmou que a proposta pretende operacionalizar um direito previsto no artigo 48 da Constituição da República.

Proposta pretende operacionalizar direito previsto no artigo 48 da Constituição

"O Parlamento deverá propor e aprovar uma lei específica. E esta lei está dentro do padrão mundial de boa governação. Só assim o cidadão poderá participar politicamente da vida nacional, na base de informação credível que está na posso do Estado. O Estado pode aproveitar e prestar contas aos cidadãos", explica Tomás Vieira Mário.

O Presidente da Comissão Parlamentar para a Comunicação Social, Alfredo Gamito, nega que a aprovação da lei esteja atrasada: "Em 2010, a comissão fez uma audição nacional e ficamos com a sensação que esse projeto era pouco conhecido pelos principais beneficiários. Então, distribuímos aos jornalistas uma cartilha para estudarem. Em 2011, repetimos a audição. As contribuições foram muito poucas."

Alfredo Gamito acrescentou que o Parlamento promoveu novas auscultações em 2012, com o apoio da Universidade Pública e do Instituto Holandês para a Democracia, além de ter visitado vários países. Gamito disse que o projeto de lei de direito à informação depende também da revisão da Lei de Imprensa em curso.

Jornalistas afirmam saber da lei

O Secretário Geral do Sindicato Nacional dos Jornalistas, Eduardo Constantino, rebate o argumento de que o projeto de lei não era do conhecimento dos jornalistas: "Pelo terceiro ano consecutivo, a Assembleia leva a debate público este anteprojeto que sob o nosso ponto de vista tem por objetivo ganhar tempo. O anteprojeto de lei de acesso à informação foi produzido pelos jornalistas, representado pelo MISA Moçambique. Me surpreende que se diga que os próprios jornalistas não conhecem esta lei."

Há sete anos Moçambique luta para ter acesso à informação na posso do EstadoFoto: Illuscope

Após sete anos de campanha do Sindicato Nacional dos Jornalistas e do MISA, o movimento pela aprovação da lei sobre o direito de acesso à informação ganha novos adeptos. Entre eles estão a Associação das Mulheres da Comunicação Social, o Centro de Direitos Humanos, o Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil e a Rede das Rádios Comunitárias.

Autor: Leonel Matias (Maputo)
Edição: Bettina Riffel / Helena Ferro de Gouveia

05.10 NEU ONGs e o direito de acesso à Informação - MP3-Mono

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