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Liberdade de imprensaAngola

Jornalistas teriam sido impedidos de cobrir visita de JLo

Nelson Camuto (Malanje)
29 de outubro de 2021

Profissionais de imprensa dizem que assessores do Governo não concederam credenciamento para acompanhar o Presidente no Uíge. Funcionária da SACII nega as alegações dos jornalistas e diz que a informação é "falsa".

Angola Luanda Joao Lourenco
Foto ilustrativa de cobertura da imprensa ao então candidato João Lourenço, em 2017Foto: DW/A. Cascais

Jornalistas do Uíge alegam que foram impedidos de cobrir a visita do Presidente da República de Angola, João Lourenço, à província na terça-feira e na quarta-feira (27.10). Para os profissionais de imprensa, não ficaram claros os motivos para não terem recebido a acreditação da Direção Provincial para acompanhar a agenda do chefe de Estado.

Moniz Pedro, correspondente da Voz da América, entende que o impedimento se deveu a orientações da Secretaria para Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa da Presidência da República e do Gabinete de Comunicação Social no Uíge.

"A Direção Provincial não nos credenciou porque alega que a situação tem a ver com a central e ficamos a solicitar para ver se poderíamos entrar, mas foi impossível", lamenta.

Profissionais da Rádio Eclésia, Rádio Despertar, Palanca TV, Voz da América e Portal Wizi Kongo também não puderam acompanhar a agenda do Presidente.

Bernardo Caley, da Eclésia, lembra que não é a primeira vez que isto acontece na província. O jornalista supõe que isso possa ocorrer "por medo da parte deles [governos central e provincial], porque há muitas verdades que aqui são colocadas".

Jornalistas temem mais dificuldades durante a campanha eleitoralFoto: Nelson Camuto/DW

O que diz o sindicato

Em setembro, jornalistas também não conseguiram credenciar-se para uma deslocação de João Lourenço ao Bié. O mesmo aconteceu com o correspondente da DW no Cuanza Norte, António Domingos, que receia que a situação se agrave com o aproximar das eleições.

O cerceamento à liberdade na cobertura de factos de interesse público gera estranheza e não é considerado normal num Estado de direito democrático, por isso o Sindicato dos Jornalistas mostra-se preocupado. Em agosto, num evento de classe, o sindicato  e o MISA-Angola consideraram que o ambiente para o exercício do jornalismo em Angola "inibe a liberdade de imprensa".

O secretário-geral da entidade de classe, Teixeira Cândido, diz que se isto for verdade, é particularmente preocupante. "Estou a tentar ligar para Mário Jorge e Luís Fernando, que são secretários do Presidente da República, para podermos ter uma ideia mais concreta sobre o que se passou efetivamente e reagimos", diz Cândido.

Equipamento usado na cobertura dos jornalistasFoto: Nelson Camuto/DW

"Fake news"

A Presidência da República nega que tenha proibido o credenciamento dos repórteres. Contatada pela DW África, a Secretaria para Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa (SACII) refutou às alegações por via de uma funcionária.

"Todos os órgãos que solicitam os credenciamentos em qualquer província ou em qualquer lugar que o Presidente esteja, nós credenciámos. É falsa, essa informação", disse.

A funcionária da secretaria pediu que fosse mesmo verificado se os jornalistas realmente solicitaram o credenciamento. "Aí, sim, [você] poderá falar até com o secretário", disse em resposta ao pedido de entrevista da DW ao titular da SACII.

Bruno Kixia, chefe de Departamento do Gabinete de Comunicação Social no Uíge, confirma que houve o pedido de autorização por parte dos jornalistas, mas que teria ocorrido "na última hora". "Eles trouxeram a lista na última da hora. Já não tinha como, é falta de organização [dos jornalistas]. Nessa atividade, é preciso alguém estar organizado", argumenta.

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