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Jornalistas impedidos de cobrir julgamento

Lusa
4 de junho de 2024

No Tribunal Militar, começou hoje o julgamento de 25 pessoas acusadas de tentativa de golpe de Estado em fevereiro de 2022. "Ordens superiores" proibem a presença de jornalistas.

Guinea-Bissau | Unruhen | Soldaten in Bissau
Foto: AFPTV teams/AFP/Getty Images

Um oficial da Base Aérea de Bissalanca, nos arredores de Bissau, onde decorre o julgamento do caso "1 de Fevereiro", disse aos jornalistas que havia "ordens superiores" no sentido de não autorizar a presença da comunicação social no evento.

O portão principal da Base Aérea, habitualmente aberto, esta terça-feira (04.06) estava encerrado e só era permitida a entrada mediante uma revista minuciosa de quem pretendia aceder ao quartel.

Os advogados dos detidos foram todos obrigados a deixar os carros do lado de fora do quartel e só puderam entrar com os dossiês, computadores e as togas.

Alguns familiares dos detidos, que se deslocaram ao local para visita de rotina, indicaram à Lusa que foram informados pelos seguranças, no portão principal, de que deveriam aguardar fora do quartel, "pela segunda ordem".

Vários curiosos juntaram-se ao grupo de jornalistas nas imediações da Base Aérea, na expetativa de entrar e assistir ao julgamento.

Entre os detidos que devem comparecer hoje perante o tribunal, figura o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, considerado como o cabecilha da intentona.

O Tribunal Militar deveria começar a julgar hoje 25 dos indiciados, mas apenas deverão comparecer 12 pessoas, uma vez que os restantes "continuam a monte", disse fonte militar.

Em contexto de crise política na Guiné-Bissau, a liberdade de imprensa está em riscoFoto: SkazovD/Pond5 Images/IMAGO

Julgamento depois de adiamento

Um advogado de defesa de alguns dos suspeitos adiantou que os arguidos, entre civis e militares, são acusados do "crime de atentado contra a vida do Presidente" guineense, Umaro Sissoco Embaló, e ainda de "tentativa de alteração da ordem constitucional".

Segundo a acusação, no dia 1 de fevereiro de 2022, homens armados irromperam na sala do Conselho de Ministros, no palácio do Governo, em Bissau, e dispararam sobre os presentes, entre os quais o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que presidia à reunião.

O Governo alegou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado, na qual morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança dos governantes, e cerca de 50 outras foram detidas.

Alguns dos detidos deveriam ser julgados em dezembro de 2022, por um tribunal civil, mas, à última da hora, o processo foi adiado "para uma nova data".

 Na altura, o tribunal alegou que não havia condições devido às obras de reabilitação da zona da baixa de Bissau, onde se encontra o tribunal.

  

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