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Jornalistas na Comissão Nacional de Eleições em Moçambique

Nádia Issufo9 de abril de 2014

A Comissão Eleitoral de Moçambique (CNE) já está constituída e tem uma novidade: três novos membros do grémio jornalistas. Quisemos saber do analista Egídio Vaz se fica assim garantida maior transparência...

Foto: Marta Barroso

Para Egídio Vaz, historiador moçambicano e especialista na área da comunicação social, para quem é "esticar demasiado a corda" acreditar que a função de jornalista implica automaticamente maior transparência. Mas a inclusão dos elementos da sociedade civil na CNE merece a aprovação do analista.

DW África: Que importância confere à nova composição da CNE?

Egídio Vaz (EW): Para mim ela é mesmo muito importante. Primeiro, porque isso significa também a valorização cada vez mais positiva da classe dos jornalistas em Moçambique e o reconhecimento do seu impacto e do seu papel na sociedade. Segundo, porque, como jornalistas, poderão influenciar inclusive a própria CNE em relação a como a comissão lida com os órgãos de informação. Como deve saber, um dos problemas que surge amiúde é a segurança dos jornalistas na sua interação com os órgãos da administração eleitoral, tal como os órgãos de defesa e de segurança. Creio que a sua presença será uma mais-valia, na medida que poderão sensibilizar e explicar aos eleitores os órgãos de administração eleitoral, cujas decisões também deverão ser emanadas em vários documentos Poderão ainda sensibilizar os órgãos de administração eleitoral e de segurança para que deixem os jornalistas exercerem livremente a sua profissão durante os processos eleitorais. Para mim, esta é uma grande mais-valia.

DW África: A questão da experiência é relevante? Porque, por exemplo, temos o caso do jornalista José Belmiro, que, comparado a alguém como Salomão Moyane, é relativamente novo na área…

EV: Não é relevante, mas também é importante. Não é relevante, na medida em que se trata de um órgão colegial, em que as experiências vãopassando de uma geração para a outra. Dependendo da confiança que a opinião pública e os partidos mantiverem no jornalista, ele poderá ganhar uma experiência crescente. Que poderá também passar às gerações futuras, naquela lógica de renovação na continuidade.

Em Moçambique decorre o recenseamento para as eleições gerais em 15 de outubro de 2014Foto: DW

DW África: A entrada na CNE de jornalistas conotados com uma atitude crítica perante o Governo contribuirá para um maior equilíbrio, transparência e seriedade da comissão?

EV: É esticar muito a corda estabelecer uma relação entre a entrada de jornalistas e a contribuição para a transparência. Estas pessoas não entraram por ser jornalista, entraram porque os partidos políticos, nomeadamente o MDM e a RENAMO, as cooptaram. De resto são apenas dois vogais. E eles vão trabalhar de acordo com os termos de referência da CNE. O que eu queria dizer é mais de uma forma genérica. Porque a presença de mais pessoas e de uma forma mais proporcional vai permitir algum debate e alguma e alguma concessão quando se tratar de discutir matérias sensíveis e deliberar sobre as disputas eleitorais.

DW África: Entretanto as organizações que propuseram estes jornalistas são pouco conhecidas. Este fato pode suscitar algum tipo de suspeita à semelhança, por exemplo, da anterior CNE, que tinhas membros de uma sociedade civil pouco expressiva?

EV: Não é pela suspeita, porque estas pessoas são sobejamente conhecidas. Individualmente cada um deles tem o seu capital político e social indiscutível. Foram e são figuras públicas, desde o primeiro, mais votado, Jeremias Timane, que é o grande sindicalista e jornalista, e cuja idoneidade é um fato. Por isso precisavam apenas de associações de que fossem membros, para poderem submeter as suas candidaturas. O tamanho das associações não era fundamental para viabilizar as usas candidaturas, pois este elemento é dependente da cooptação política, repito, que define quem entra na CNE.

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