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Reunião do MPLA traz ex-Presidente de volta à cena política

Lusa | mb
23 de outubro de 2017

Em sua primeira intervenção pública depois de deixar o poder, José Eduardo dos Santos discursa na abertura da IV reunião ordinária do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

José Eduardo Dos Santos
Ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos SantosFoto: picture alliance/dpa/A.Ernesto

Em Luanda, durante toda esta segunda-feira (23) acontece a IV reunião ordinária do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a primeira após as eleições gerais de 23 de agosto, às quais José Eduardo dos Santos já não se recandidatou, após 38 anos no poder.

Entre os objetivos desta reunião do Comité Central constam pontos como a apreciação do projeto de orçamento geral do partido para 2018 e ajustamentos aos instrumentos da comissão de disciplina e auditoria, entre outros.

Acesso aos "bens fundamentais"

O ponto alto do encontro foi o discurso do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos. Ele aconselhou o partido, no poder desde 1975, a criar as condições necessárias para que as famílias angolanas tenham acesso aos "bens fundamentais" do país.

"Essa vitória nas urnas, que possibilitou uma transição política, pacífica e ordeira ao nível do aparelho do Estado, leva-nos a sublinhar a importância de reforçarmos a organização, a disciplina e a unidade do nosso partido. São esses valores que asseguraram o funcionamento e a dinâmica da vida política do MPLA e nos permite trabalhar em conjunto na materialização dos objetivos contidos no programa do MPLA e na moção de estratégia do líder, com vista a criarmos uma sociedade mais solidária, mais justa e mais coesa", apontou dos Santos.

 Numa altura em que o Governo angolano já está em funções, além de João Lourenço e Bornito de Sousa, respetivamente Presidente e vice-Presidente da República, com 32 ministros e 50 secretários de Estado, José Eduardo dos Santos aproveitou o discurso de abertura para recordar que o partido está comprometido com os desígnios reunidos na moção que levou ao congresso de agosto de 2016, que o reelegeu como líder do MPLA.

 'Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem'

Sede principal do MPLA em LuandaFoto: MPLA

 "Com efeito, a unidade de pensamento e de ação do partido concorre também para a criação de condições para tornar factível o nosso lema, que é 'Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem', por forma a que os cidadãos, os trabalhadores e as famílias usufruam dos seus direitos, tenham acesso aos bens fundamentais, participem socialmente e sejam protagonistas das suas próprias vidas e das sociedades em que se inserem. Isto é, sejam no fundo cidadãos autónomos e responsáveis", declarou dos Santos.

No discurso de sete minutos, o ex-Presidente disse que a reunião [do Comité Central] vai analisar o plano geral de atividade do partido para o ano de 2018, ciente de que o trabalho político do partido desemboca sempre num processo eleitoral e por essa razão deve ser permanente e não sofrer interregnos, adaptando-se apenas aos momentos concretos que o país vive.

Elogios ao eleitorado

Dos Santos elogiou ainda a postura do eleitorado angolano, que, segundo ele, deu ao mundo uma excelente lição de civismo, de maturidade política, com um comportamento disciplinado e tolerante, que deve ser louvado a todos os títulos.

Contudo, aos 75 anos, José Eduardo dos Santos não abordou qualquer prazo para deixar a presidência do MPLA, através da marcação de um congresso extraordinário, depois de há um ano e meio ter adiantado que em 2018 pretendia deixar a vida política ativa.

Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo, que se regista desde finais de 2014.

 

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