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"Talvez haja uma exacerbação de ânimos na RENAMO"

19 de janeiro de 2024

Em entrevista à DW, José Manteigas, porta-voz da RENAMO, nega que haja desentendimentos internos no maior partido de oposição em Moçambique. Em causa está o polémico anúncio de candidaturas feito por Manteigas este mês.

Mosambik Maputo Kommunalwahlen | RENAMO vermutet Betrug
Foto: Amós Fernando/DW

Face às acusações de falta de democracia interna na RENAMO, partido que se intitula "pai da democracia no país", José Manteigas assegura, em entrevista à DW África, que "na RENAMO há democracia, sim!", e nega precipitação do seu partido em anunciar Ossufo Momade como candidato do partido às presidenciais de outubro próximo.

Em causa está o polémico anúncio de candidaturas a um congresso, sem data marcada, pelo porta-voz daquela força política, este mês, de que o atual presidente do partido, Ossufo Momade, é a escolha da RENAMO - e o único com perfil para concorrer às presidenciais deste ano. À DW, Manteigas disse ainda "que houve precipitação daqueles que interpretaram mal o seu anúncio".

DW África: A demora não vem acirrar ainda mais os desentendimentos na RENAMO, uma vez que há outras pessoas que se querem candidatar?

José Manteigas: Não há desentendimentos na REMANO, se calhar há uma exacerbação de ânimos de alguns militantes. Nós, como partido, comprometidos com os objetivos da RENAMO, que colaboramos e respeitamos a figura do presidente do partido, Ossufo Momade, que foi eleito democraticamente no último congresso, estamos todos serenos porque conhecemos os desafios que o partido enfrenta. Estamos serenos para que, em momento oportuno, o partido convoque o conselho nacional e o congresso para estabelecer todas as estratégias que são necessárias para enfrentar os pleitos eleitorais.

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DW África: A RENAMO se intitula 'a pioneira' da democracia em Moçambique. No entanto, internamente, essa autoproclamação não encontra reflexo. Como o partido pretende sustentar este estatuto?

JM: A RENAMO não se intitula "conselheira" -  RENAMO é "pai" da democracia em Moçambique. No país, não era admissível criar um partido um partido político, rezar, ou mesmo se ter uma propriedade privada. E havia muitas outras limitações de direitos e liberdades individuais. Quem desfez este paradigma, foi a RENAMO.

Em segundo lugar, há, sim, democracia no partido. Portanto, se alguns têm um "instinto impulsivo” de se candidatar, [isso] não pode ser motivo para se dizer que não há democracia. Na RENAMO há democracia, porque no partido há todo o respeito pelos estatutos e os órgãos do partido.

E nós temos como órgão o presidente do partido, que está a funcionar; o congresso, que regularmente se reúne; o conselho nacional; a comissão pública nacional. E todos estes órgão estão a funcionar. [Outros exemplos] são o secretariado-geral, as delegações políticas provinciais e distritais e etc., que também estão a funcionar.

DW África: … a funcionar fora do prazo, porém?

JM: Não há prazo nenhum. Enquanto novos órgãos não forem eleitos, estão, portanto, legalmente a funcionar os órgãos eleitos no último congresso. Portanto, não há ilegalidade ou vazio legal.

Ossufo Momade, líder da RENAMO, em Maputo Foto: Amos Fernando/DW

DW África: Nem o fato de Ossufo Momade ter anunciado o seu candidato sem que os outros também tivessem tido a possibilidade de o fazer?

JM: Eu, como porta-voz, muito antes de ter respondido à pergunta de um jornalista sobre se nós tínhamos um candidato, e eu ter respondido afirmativamente que Ossufo Momade é o candidato da RENAMO, muito antes disso, nos bastidores, outros membros já estavam a lançar as suas candidaturas. Portanto, fora de qualquer orientação do partido.

DW África: Acha que deve ser consensual que o partido apresente os seus candidatos, depois de um anúncio formal interno, e não apareça a sugerir um só?

JM: Ninguém está vedado a apresentar o seu candidato. Nem eu, na minha resposta ao jornalista, disse [que] não haveria espaço a outros membros a apresentarem as suas candidaturas. E, na RENAMO, foi sempre assim. No último congresso do partido foi assim.

DW África: Não foi uma precipitação da RENAMO, este anúncio?

JM: Houve precipitação daqueles que interpretaram mal o meu pronunciamento. [Da nossa parte,] não houve precipitação, porque nós, como história... o nosso presidente tem sido o candidato às presidenciais pela RENAMO. Assim aconteceu em 1994, 1999, 2004, 2009 e 2014. E vemos como o candidato único a Sua Excelência o saudoso presidente, Afonso Dhlakama.

DW África: E como o vosso partido vê as intenções de Venâncio Mondlane e Elias Dhlakama de se candidatarem à liderança da RENAMO?

JM: [Eles] são livres. Todos os membros da RENAMO têm o direito de eleger e se fazer eleger. Portanto, estão livres para o fazer. É assim que temos procedido quando chegam estes momentos.

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