Jovens buscam soluções criativas para enfrentar crise
12 de janeiro de 2017É o caso dos jovens formados pela Fundação alemã Friedrich Ebert há cerca de quatro anos em matéria de liderança. Depois de dois anos de formação intitulada "Juventude para a Cidadania Ativa", eles têm vindo a discutir o rumo do país.
Exemplo disso foi o último debate que aconteceu no começo de dezembro de 2016 em Maputo. João Paulo Marime é um deles e conta como tudo começou: "A ideia surgiu do seguimento desse nosso papel na cidadania ativa. Chegamos à constatação de que havia pouco espaço para as pessoas discutirem a crise político-militar e económica também."
Exclusão da juventude
E não foi só isso. "E principalmente percebemos que estava a faltar o papel da juventude no meio disso e então decidimos realizar este workshop com jovens de todas as cores políticas, da maior parte das províncias do país e de todos os estratos sociais", explica.
"O papel da juventude na solução da crise económica - alternativas criativas" foi o lema do encontro organizado com o apoio da fundação alemã. No final uma declaração foi produzida com base nas constatações feitas. Ela é dirigida ao Governo, sociedade civil e setor privado.
E porque os jovens líderes se sentem parte dos problemas do país reivindicam um papel na resolução da crise. De acordo com Marime tudo começa, "primeiro com a necessidade de ruptura com a estrutura de produção, com um maior engajamento" e ele prossegue: "E neste ponto concreto, nós os jovens fazermos a nossa parte, mas sentimos que há muito pouco espaço de abertura por parte de quem de direito para acoher as nossas ideias. Nós [jovens] somos a maioria deste país, então reclamamos um maior espaço para que sejam acolhidas as nossas posições em relação a isso."
E a vez das ideias criativas
Até aqui não há nada que mostre luz no fundo do túnel relativamente a ações concretas, ou pelo menos ideias de como sair da crise. Mas há alguma, como percebemos de Sérgio Libílo, palestrante motivacional, um dos oradores do workshop: "Falei no evento sobre a necessidade dos jovens, principalmente os universitários que têm ferramentas e conhecimento científico para ultrapassar a crise, deles olharem mais para setores instáveis, setores que têm carência de quadros para reverter a situação."
O jovem João Paulo, que se autodenomia consultor social e empreendedor, também dá alguns exemplos que podem ser implementados para enfrentar a crise económica. Ele constata que "os jovens fazem muita coisa de forma individual, mas o corporativismo seria uma alternativa" e Marime garante que "nesse aspeto foram esmiuçados caminhos para que os jovens começassem a pensar nisso."
Ele considera também que "as oportunidades que haveria no domínio da reforma numa altura de crise podem ser aproveitadas pelos jovens". Mas há, a seu ver, um senão: "O Governo tem estado a falar do empreendedorismo, mas o que sentimos nesse campo é que faltam redes de apoio, então, como criar isso para os jovens?"
Jovens sem empenho
Uma vez que a ideia de procurar soluções criativas partiu de jovens, quisemos saber o que estes inovadores pensam da atitude da juventude moçambicana no geral face à crise.
Sérgio Libílo opina: "Vejo que não há um conhecimento dos jovens em relação à dinâmica disso e consequentemente não há um cometimento em desenvolver ações concretas para sair dessa crise. Vejo mais intelectuais e políticos que falam sobre isso, aqui as coisas são mais tratadas como política e a sociedade não participa de forma efetiva e isso é um problema muito sério."
E não se trata de fogo de palha, como se diz. Novo encontro para dar seguimento a esta ideia de encontrar soluções criativas para a crise financeira e económica deve acontecer em fevereiro próximo.