Jovens em Cabinda impedidos pela polícia de falar com diplomatas da UE
27 de julho de 2011O grupo de jovens de Cabinda queria abordar os oito
embaixadores da UE para lhes informar sobre a realidade política e a violação dos direitos humanos no enclave angolano, mas foi desbaratado á bastonada pela polícia de intervenção rápida. O facto de terem exibido cartazes foi entendido pela policia como um alegado sinal de perigo.
O grupo de 40 jovens exibia na tarde de terça feira cartazes e dísticos para alertar os diplomatas sobre a situação social na província.
Joaquim Francisco, um dos jovens que escapou a detenção, confiou à Deutsche Welle que “apareceram pessoas da segurança a dizer que iam ligar à polícia porque o que estava a acontecer não era permitido”. E Francisco concluiu “naquele mesmo momento a polícia chegou”.
A polícia interveio, disparou para o ar e deteve dezenas de jovens, enquanto os embaixadores foram cercados por um comando operacional da polícia anti-motim, fortemente armado.
Dos disparos e bastonadas seguiram-se detenções. Segundo dados de ativistas dos direitos humanos em Cabinda, pelo menos 30 pessoas foram detidas, embora oficialmente não exista nenhuma informação sobre o incidente, como sublinhou o advogado José Manuel Vumbi, ao acrescentar que o clima continua tenso:
“Crianças desmaiaram...alguns agentes foram contra os jovens que se dirigiam para aquele local a fim de fazerem passar a sua mensagem.... e na sequência, alguns foram detidos”.
Contactada a policia nacional pura e simplesmente negou-se a prestar declarações sobre o sucedido, alegando ordens superiores.
UE quer conhecer melhor a situação em Cabinda
Estiveram em Cabinda, o Embaixador-Chefe da Delegação da União Europeia e os embaixadores dos Países Baixos, França, Polónia, Reino Unido e Alemanha, bem como os 1ºs secretários das Embaixadas da Itália e de Portugal.
Esta viagem teve como objetivo a familiarização com a situação da província de Cabinda, e incluía encontros de informação com vários atores como os principais agentes económicos, a igreja e atores não estatais.
Já o chefe da missão da União Europeia em Angola, Javier Puyol disse que as dificuldades na circulação naquela província angolana de alguma forma limitam os visitantes a ter uma visão mais clara sobre a vida em Cabinda:
“Por razões diferentes e algumas dificuldades de acesso, é mais fácil ir para o Huambo ou Benguela do que para Cabinda. Também, no passado houve algumas dificuldades de segurança e Cabinda foi desfavorecida de alguma forma” disse Puyol .
Ao falar sobre a deslocação dos diplomatas estrangeiros àquela província, o chefe da missão da UE considerou que “ esta visita também vai possibilitar que no futuro, os parceiros internacionais do executivo angolano, possam também aproveitar o desenvolvimento de Cabinda, na medida em que é uma parte normal do país e não tem que ficar esquecida como aconteceu no passado”
Cabinda, continua em guerra de baixa intensidade.
O exclave rico em petróleo, é um dos locais onde as Forças Armadas Angolanas (FAA) têm boa parte do seu efetivo concentrado. A idéia é travar um combate contra algumas facções da FLEC – Frente de Libertação do Enclave de Cabinda que há trinta e cinco anos procura autonomia ou independência para a província angolana.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: António Rocha