Cada vez mais moçambicanos querem formar-se na área dos recursos naturais. Mas ainda há falta de conhecimentos técnicos no país e muitos jovens têm de ir estudar fora. A Alemanha vai formar alguns estudantes.
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Há muitos recursos naturais que estão a ser descobertos em Moçambique, mas são poucos os moçambicanos formados para lidar com esta realidade. No país, as instituições de ensino superior não estão a ser capazes de responder à procura crescente de formações especializadas em Engenharia Geológica.
Por isso, dezoito estudantes moçambicanos viajam em breve para a Alemanha para uma formação em Geologia na Universidade Técnica de Freiberg, no estado federado da Saxónia.
Estudantes cheios de expetativas
Os estudantes vêm de províncias com potencial para a exploração de recursos naturais. Pascal Gani, do Niassa, no norte de Moçambique, é um dos jovens que vai para a Alemanha: "Espero trazer conhecimento para poder trabalhar, pois o nosso país tem potencial, tem recursos que ainda não foram explorados. Então, espero aprender como explorar para que o país cresça mais económica e financeiramente, que desenvolva mais. Pretendo trazer um desenvolvimento para o meu país."
Machel Moisés Lucas, proveniente de Manica, no centro do país, também espera ajudar Moçambique a crescer economicamente e considera que "o país está a desenvolver e, se formos a ver, no mercado a maior parte de pessoas que está a desenvolver o país são estrangeiros."
E ele tem objetivos: "Vou-me formar em Geologia e, na nossa vinda, poderemos diminuir o número de estrangeiros e sermos nós a explorar os recursos e a contribuir para o desenvolvimento do país."
O curso de engenharia na Alemanha dura mais de quatro anos.
Lionel Machava quer especializar-se na área de perfuração e está confiante que Moçambique "pode esperar com certeza um profissional muito dedicado, disposto a dar o seu contributo para o desenvolvimento do país."
Formação na Alemanha não é nova
A Universidade Técnica de Freiberg foi criada no século XVIII e é uma instituição de referência no setor dos recursos naturais. A professora de alemão dos bolseiros, Petra Wanga, do Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA), não tem dúvidas sobre o desempenho dos estudantes: "Nós sabemos que a Alemanha é um país muito potente na tecnologia de ensino.
E na Geologia, nós sabemos que no Ministério dos Recursos Minerais e Energia [MIREM] há muitos quadros que foram formados na Alemanha e que estão a dar bons frutos aqui no país."
07.07.17. Estudantes Moc. Alemanha - MP3-Mono
Em relação à língua alemã, a professora garante que eles estão no bom caminho. A maior preocupação de Pietra Wanga é usar a linguagem técnica sobre Geologia: "Podemos convidar algumas pessoas que vêm dessa cidade de Freiberg que conhecem a realidade do país e que estão ligadas a esta área. Nós depois fazemos visitas aos museus de geologia e minas para eles poderem beber o que vai ser a realidade deles lá."
O Estado moçambicano apoiará os estudos em Geologia na Alemanha, além de outras organizações.Maputo espera formar, até 2021, mais de quatro mil técnicos no setor dos recursos minerais.
O tesouro da Guiné-Conacri: As minas de bauxite
Com as maiores reservas de bauxite do mundo, a Guiné-Conacri continua sem indústria para transformá-la em alumínio. E enquanto a sua exportação enche os cofres do Estado, a maioria da população vive no limiar da pobreza.
Foto: DW/Bob Barry
Uma riqueza explosiva
As explosões acontecem diariamente nas minas de Débélé. Os trabalhadores dinamitam a pedreira por causa da bauxite, a principal matéria-prima para a produção de alumínio. A Guiné-Conacri tem os maiores jazidos de bauxite do mundo.
Foto: DW/Bob Barry
Extração de acordo com métodos tradicionais
Quando o fumo se dissipa, a bauxite é transportada. O procedimento é o mesmo há décadas: as escavadoras carregam os camiões, que transportam as rochas para a fábrica ali perto. É lá que as pedras são esmagadas. Um processo árduo e demorado.
Foto: DW/Bob Barry
Máquinas em vez de trabalhadores
No entanto, existe uma maneira mais fácil: nas minas a céu aberto, as escavadoras realizam várias operações ao mesmo tempo. Recolhem pedras do chão, esmagam-nas e carregam-nas para um camião. Uma escavadora substitui 300 trabalhadores, criticam os sindicatos.
Foto: DW/Bob Barry
Especialistas em tecnologia
As escavadoras foram compradas pelo grupo de mineração russo Rusal a uma empresa alemã. Quando as máquinas por vezes se avariam, o engenheiro-chefe é chamado. Ele e a sua equipa receberam formação na Alemanha para reparar estas escavadoras especiais.
Foto: DW/Bob Barry
Região rica em recursos naturais
As minas a céu aberto estão localizadas em Débélé, na região de Kindia. A bauxite é extraída aqui, no oeste do país, desde 1972. As pessoas vivem com e das minas.
Foto: DW/Bob Barry
Nas mãos dos russos
Os russos já estão no país há mais de 20 anos. Atualmente, o grupo Rusal, de Moscovo, explora as minas de Débélé. Trabalham aqui cerca de 1.200 pessoas. A maioria vive na cidade de Kindia, que fica a cerca de 50 quilómetros de distância.
Foto: DW/Bob Barry
Um pequeno país com grandes reservas
As reservas de bauxite da Guiné-Conacri estão estimadas em dez mil milhões de toneladas. Nenhum país no mundo é tão rico nesta matéria-prima como este pequeno país do oeste africano. O país exporta grandes quantidades de bauxite, enchendo, desta forma, os cofres do Estado.
Foto: DW/Bob Barry
A população continua pobre
Ainda assim, a maioria da população vive com menos de um dólar por dia. Os lucros provenientes do produto final, o alumínio, ficam no estrangeiro. Devido à corrupção, a instabilidade política e a falta de energia elétrica, a Guiné-Conacri nunca conseguiu construir a sua própria indústria, que transforma a matéria-prima bauxite em alumínio.
Foto: DW/Bob Barry
País de destino: Ucrânia
No final do dia, nas minas de Débélé, a bauxite está pronta para exportação. Aqui em Débélé, a Rusal extrai cerca de 3,5 milhões de toneladas da matéria-prima por ano da preciosa terra. A bauxite é depois processada, principalmente na Ucrânia. Aí, numa operação que consome muita energia elétrica, a matéria-prima é transformada em alumínio.
Foto: DW/Bob Barry
Dependentes do mercado mundial
A bauxite é transportada de comboio para o porto de Conacri, de onde sairá de navio. De cinco toneladas de bauxite obtém-se aproximadamente uma tonelada de alumínio, que no mercado mundial vale cerca de 2.000 dólares.