Joyce Banda regressa ao Malawi após quatro anos no exílio
kg | Lusa | AFP
28 de abril de 2018
Apesar de ser alvo de um mandado de prisão, ex-presidente retorna ao país um ano antes das próximas eleições presidenciais. Banda deixou o Malawi em 2014 acusada de envolvimento no maior escândalo de corrupção do país.
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A ex-presidente de Malawi Joyce Banda regressou este sábado (28.04) ao país após quatro anos no exílio. A primeira mulher a chefiar o país tinha deixado o Malawi em 2014 após ser acusada de envolvimento no maior escândalo de corrupção da história do país. Desde então, viveu entre a África do Sul, os Estados Unidos e o Reino Unido.
O avião decolou de Joanesburgo, na África do Sul, e aterrou no Aeroporto de Blantyre, a capital económica de Malawi. Ao desembarcar, Joyce Banda foi saudada por centenas de apoiantes do Partido Popular (PP). A ex-chefe de Estado fundou o partido em 2011, depois de deixar o Partido Democrático Progressista (DPP), liderado pelo atual Presidente do Malawi, Peter Mutharika.
Banda partiu para o exílio depois de perder as eleições presidenciais para Mutharika. Em 2013, a então chefe de Estado foi alvo de acusações no caso "Cashgate", o que precipitou sua derrota eleitoral em 2014. Vários políticos do país foram acusados de desviar millhões de dólares dos cofres públicos, mas Banda diz ser inocente.
Em julho do ano passado, a polícia do Malawi emitiu um mandado de prisão contra Banda, mas nenhum polícia aguardou a chegada da ex-presidente no aeroporto este sábado.
O porta-voz da polícia do Malawi, James Kaledzera, recusou-se a responder se Banda será presa, mas confirmou que o pedido de prisão continua válido. No início deste ano, entretanto, o Escritório Anti-Corrupção do Malawi (ACB) afirmou não ter evidências sólidas contra a ex-presidente.
Regresso arriscado?
Muitas vezes anunciado e adiado, o regresso de Banda ao país ocorre um ano antes das próximas eleições presidenciais e legislativas, marcadas para maio de 2019.
O porta-voz Andekunye Chanthunya afirmou à agência de notícias AFP que Banda irá discursar num comício político este domingo. "Ela continua a ser a chefe do PP. A questão sobre se quer concorrer ou não à presidência será respondida no momento oportuno, mas devemos ter uma ideia [este domingo] de como ela está a pensar", afirmou.
O escândalo do "Cashgate" levou os doadores estrangeiros – que fornecem cerca de 40% do orçamento do Malawi – a retirar o auxílio de cerca de 150 milhões de dólares. Ministros, funcionários públicos e empresários foram acusados de embolsar dinheiro dos cofres do Governo por meio de empresas fantasmas que não prestavam serviços ao Estado. Segundo uma auditoria independente, 30 milhões de dólares foram desviados em apenas seis meses durante o ano de 2013.
A primeira mulher a exercer a magistratura suprema na África Austral assumiu a presidência do Malawi em 2012, depois da morte de Bingu wa Mutharika, irmão do atual Presidente do país.
O que não é de Isabel dos Santos em Luanda?
Em Luanda, facilmente se percebe os investimentos de Isabel dos Santos. A filha do ex-Presidente angolano tem negócios na banca e nas telecomunicações. Também tem presença no comércio e nos setores petrolífero e mineiro.
Foto: DW/P. Borralho
Os negócios de Isabel dos Santos
A filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos é proprietária de muitas empresas que operam em Angola. E já há quem acredite que assumir o cargo da Presidência da República pode ser o próximo passo da empresária, que atualmente está na presidência da petrolífera Sonangol.
Foto: picture-alliance/dpa
Telecomunicações
No ramo das telecomunicações, a filha do ex-Presidente angolano e empresária Isabel dos Santos possui a UNITEL. Lançada em março de 2001, a empresa tem como principal atividade a prestação de serviços móveis de voz e de Internet. A UNITEL funciona com um total de 182 lojas próprias em todo o país, 81 das quais na capital, Luanda. A empresa tem mais de 5 milhões de clientes.
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TV por satélite
Ainda no ramo das telecomunicações, a ZAP iniciou a sua atividade no mercado angolano em abril de 2010 e é atualmente a maior operadora de TV por satélite em Angola, segundo informações da própria empresa. Desde 2011, a ZAP também está presente no mercado moçambicano. A TV por satélite de Isabel dos Santos acabou com o monopólio que a empresa sul-africana Multichoice teve em Angola.
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Banca
Há dez anos em operação, o Banco BIC tem mais de 200 unidades comerciais para atendimento, compostas por 195 agências e 17 centros de empresas em Angola. O banco serve de apoio para empresários que mantêm investimentos em Portugal, onde Isabel dos Santos também possui uma fatia do Banco português.
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Sonangol
Em junho de 2016, Isabel dos Santos assumiu a presidência da maior empresa estatal de Angola, a petrolífera Sonangol. Na altura, a tomada de posse da filha do então Presidente de Angola foi criticada por juristas, que afirmam que a nomeação da empresária é ilegal e inconstitucional. A petrolífera mantém uma rede de postos de abastecimento e estações de serviços em todo o país.
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Centro comercial
Embora Angola esteja mergulhada numa crise económica devido à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, Isabel dos Santos iniciou este ano mais um novo empreendimento em Luanda. Trata-se do Shopping Avennida, inaugurado no primeiro semestre. O centro comercial abriga dezenas de empreendimentos, muitos deles da própria empresária, como o Banco BIC, a ZAP e a UNITEL.
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Hipermercado
A filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos também investiu no segmento de hipermercados através da rede Candando, situado no recém inaugurado Shopping Avennida. Segundo a Contidis, empresa que administra o hipermercado, a previsão é que mais dez lojas sejam inauguradas nos próximos cinco anos, num investimento total de 400 milhões de dólares.