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PolíticaNíger

Junta militar do Níger recusa receber missão da CEDEAO

AFP | Lusa | EFE
8 de agosto de 2023

"O contexto atual de cólera e de revolta da opinião pública, na sequência das sanções da CEDEAO, não permite" acolher a delegação do bloco da África Ocidental que iria hoje (08.08) a Niamey, dizem líderes golpistas.

Foto: Mahamadou Hamidou/REUTERS

Os líderes do golpe de Estado que depôs o Presidente nigerino, Mohamed Bazoum, a 26 de julho, comunicaram à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que não podem receber uma missão a Niamey proposta pelo bloco por razões de "segurança", de acordo com uma carta oficial citada pela AFP e pela revista Jeune Afrique, esta terça-feira (08.08).

"O contexto atual de cólera e de revolta da opinião pública, na sequência das sanções impostas pela CEDEAO, não permite acolher esta delegação nas condições de serenidade e de segurança exigidas", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros numa carta dirigida à representação da CEDEAO em Niamey.

O bloco da África Ocidental impôs sanções comerciais e financeiras contra o Níger após o golpe de Estado e emitiu um ultimato, que expirou no domingo, para a reintegração de Bazoum sob a ameaça do uso da força.

A CEDEAO pretendia enviar uma delegação tripartida composta por representantes do bloco, da União Africana e da ONU à capital, Niamey, esta terça-feira, na véspera de uma cimeira extraordinária na quinta-feira em Abuja, a capital nigeriana.

"O adiamento da missão anunciada a Niamey é necessário, assim como a reformulação de certos aspectos do programa (da delegação)", lê-se na carta dos golpistas, datada de segunda-feira.

O programa "inclui encontros com certas personalidades que não podem ter lugar por razões óbvias de segurança, tendo em conta o ambiente de ameaça de agressão contra o Níger", acrescenta o documento.

Entretanto, uma fonte da junta confirmou à agência EFE esta decisão e acrescentou que os responsáveis ​​pelo autodenominado Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), responsável pelo golpe, consideram a missão da CEDEAO "inútil", uma vez que "sabe a sua posição" sobre a situação no Níger. 

Protesto contra as sanções impostas pela CEDEAO, em Niamey, a 3 de agostoFoto: Balima Boureima/REUTERS

Uso da força divide opiniões

A CEDEAO realiza na quinta-feira uma nova cimeira extraordinária, após o ultimato aos militares golpistas do Níger para se retirarem ter expirado à meia-noite de domingo, para avaliar a possibilidade de uma ação militar.

Na anterior cimeira extraordinária dos líderes da CEDEAO, realizada a 30 de julho, o bloco ameaçou a junta militar golpista com uma intervenção militar se não devolvessem o poder ao Presidente deposto, Mohamed Bazoum.

Desde então, o possível recurso à força tem dividido os países africanos e até os membros da CEDEAO.

Até à data, os governos da Nigéria, do Benim, da Costa do Marfim e do Senegal confirmaram claramente a disponibilidade dos seus exércitos para intervir no Níger.

Do outro lado, o Mali e o Burkina Faso, países próximos de Moscovo e governados também por juntas militares, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra si.

A Guiné-Conacri, a Argélia e o Chade também se opuseram à intervenção.

Por seu lado, a junta no poder no Níger, que advertiu que qualquer ação militar contra o Níger será objeto de "uma resposta imediata e sem aviso prévio" do exército, reforçou o seu dispositivo militar e ordenou o encerramento do espaço aéreo no domingo.

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