Junta militar na Guiné-Conacri critica advertência de Embaló
22 de setembro de 2022"Mentiras grosseiras e comentários que se assemelham à intimidação são hoje práticas retrógradas que não honram o seu autor e ao mesmo tempo mancham a imagem de marca da CEDEAO. Não podemos suportar essa vergonha", afirmou, num vídeo endereçado à agência noticiosa AFP, o coronel Amara Camará, uma das figuras da junta militar e secretário-geral da chamada presidência de transição.
"Não estamos num relacionamento de fantoches ou de 'reality shows'", acrescentou.
O presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e chefe de Estado da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou na quarta-feira (21.09), em entrevista à RFI e à France24, que já tinha advertido à junta militar no poder na Guiné-Conacri para a possibilidade de serem impostas "pesadas sanções" se esta persistisse no período de transição de 36 meses e não de 24 meses, como defendido pela organização.
"Mentiras grosseiras"
Em julho, o presidente em exercício da CEDEAO afirmou ter convencido a junta militar, que chegou ao poder através de um golpe de Estado, em setembro de 2021, a reduzir o período de transição do poder para os civis para 24 meses, mas autoridades nunca confirmaram se mantêm os 36 meses.
"Estive na Guiné-Conacri. Discutimos. Chegámos a um consenso [segundo o qual] não podemos ultrapassar 24 meses", reafirmou Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, país que faz fronteira com a Guiné-Conacri.
O coronel Amara Camará afirmou no vídeo que este acordo é "mentira".
Segundo o chefe de Estado, se a junta militar mantiver os três anos haverá sanções, "pesadas mesmo".
Os líderes da CEDEAO deverão reunir-se hoje em cimeira à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, com a situação em vários países da região em agenda.
Desde 2020, que a região da CEDEAO tem assistido a uma onda de golpes de Estado, nomeadamente no Mali, Guiné-Conacri e Burquina Faso e, alarmada com o risco de contágio a outros países da região, tem multiplicado as mediações e pressões para o regresso do poder aos civis naqueles países.
A junta da Guiné-Conacri solidarizou-se com o Mali e manteve as fronteiras abertas quando a CEDEAO impôs um severo embargo comercial e financeiro ao Mali em janeiro para sancionar o plano da junta de permanecer no poder mais cinco anos.
As sanções já foram levantadas, mas o Mali e a Guiné-Conacri continuam suspensos dos órgãos da CEDEAO.