Juventude do MPLA desafia jovens revolucionários em Angola
8 de dezembro de 2014 As manifestações anti-regime promovidas desde março de 2011 pelo auto-denominado Movimento Revolucionário, apesar de serem habitualmente reprimidas pelas autoridades angolanas, continuam a inquietar as estruturas de base do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA).
Após os últimos protestos na capital do país, nos dias 22 e 23 de novembro, que culminaram no espancamento de ativistas, com destaque para a estudante Laurinda Gouveia, torturada por alegados agentes da Polícia Nacional, a JMPLA -o braço juvenil do partido no poder - veio a público pedir um debate sério com os jovens revolucionários para saber o que leva os ativistas a manifestarem-se contra o Governo do Presidente José Eduardo dos Santos.
O desafio foi lançado à margem do V Congresso Extraordinário do MPLA, pelo líder da juventude do partido em Luanda. Tomás Bica considera que os ativistas estão a ser manipulados por forças estranhas e afirma que os jovens são “inocentes”.
“Mobilizar jovens para a inversão da ordem política ou constitucional é um erro. Nós, enquanto jovens, fundamentalmente a JMPLA na província de Luanda, lançamos um apelo e um desafio", afirmou o líder juvenil.
"Queremos um debate com estes jovens que efetivamente dizem ser revolucionários, porque queremos perceber qual é o fundamento dessa revolução. Se o fundamento dessa revolução for tirar o MPLA do poder, então é melhor organizarem-se num partido político e elaborarem uma estratégia de governação para a reflexão da população em 2017”, explicou Bica.
Jovens ativistas "abertos ao diálogo"
Por sua vez, o ativista Adolfo Campos, em declarações à DW África, afirmou que o Movimento Revolucionário está aberto ao diálogo.
No entanto, de acordo com o jovem, os revolucionários só poderão debater os fundamentos das manifestações com as figuras de topo do MPLA, ou seja, com os membros do bureau político do mesmo partido, e não com Tomás Bica. Os jovens ativistas, na voz de Adolfo Campos, consideram que o líder da JMPLA em Luanda não tem bagagem suficiente para responder às questões que lhe serão colocadas.
“Nós queremos fazer um debate com as pessoas que têm o poder. Acho que falar com Bica é perda de tempo porque ele não será capaz de responder às minhas perguntas, não será capaz de fazer um debate”, justificou o ativista.