Samy Badibanga será o novo chefe do Governo da República Democrática do Congo. Nomeação é resultado dum acordo de partilha de poder e permite ao Presidente Kabila estender o seu mandato para além dos limites legais.
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O anúncio de Samy Badibanga como novo primeiro-ministro pelo Presidente da RDC, Joseph Kabila, foi uma surpresa. Muitos observadores achavam mais provável a nomeação de Vital Kamerhe, outro opositor e veterano da política da RDC. Badibanga é deputado e vai liderar um Governo de unidade nacional, formado por apoiantes do Presidente e uma minoria da oposição. Este acordo permitirá ao Presidente em excercício, Joseph Kabila, prolongar o seu mandato. As eleições presidenciais que estavam previstas para 27 de novembro de 2016 foram adiadas para uma data indeterminada. Até lá, Kabila fica no poder, apesar de fortes protestos sociais nos últimos meses.
No dia 14 de novembro, o então primeiro-ministro da República Democrática do Congo, Augustin Matata, anunciara a sua demissão para abrir o caminho a um acordo entre Kabila e uma minoria da oposicão através do chamado "diálogo nacional".
Badibanga versus Tshisekedi
Entre os políticos da oposição que não participaram nas negociações para formar um Governo de unidade nacional está o antigo candidato à presidência Etienne Tshisekedi. Disse que o acordo somente servirá para prolongar o mandato de Kabila para além do fim previsto pelas leis da RDC. Em 2011, Tshisekedi perdeu as eleições presidenciais contra Joseph Kabila. O pleito foi marcado por acusações de irregularidades e fraude.
Até 2012, o novo primeiro-ministro, Samy Badibanga, fez parte do partido de Tshisekedi, a União pela Democracia e pelo Progresso Social (Union pour la Démocratie et le Progrès Social – UDPS). Na altura, Badibanga foi expulso do partido porque não obedeceu a uma ordem para boicotar as sessões plenárias.
Kinshasa completa 50 anos
Há 50 anos, Léopoldville passou a se chamar Kinshasa. A capital da República Democrática do Congo (RDC) é a terceira maior metrópole de África, depois de Lagos e Cairo. Veja alguns momentos dessas décadas.
Foto: Per-Anders Petterson
Inquietações e independência
Aqui, o movimento pró-independência, pouco antes de eles alcançarem o seu objetivo. Em 1959, Léopoldville foi palco de uma manifestação de trabalhadores que exigiam a total independência do Congo, na altura colônia da Bélgica. O movimento, porém, foi brutalmente reprimido: 40 pessoas morreram e 250 ficaram feridas. Um ano mais tarde (1960), o país conseguiu a sua independência.
Foto: picture-alliance/dpa/AKG Images/P. Almasy
Autocarros movidos a eletricidade
A foto de 1955 mostra um autocarro movido a eletricidade em Léopoldville. A tecnologia foi levada ao Congo pelos belgas, que a obtiveram na Suíça. Abastecidos, esses autocarros podiam circular aproximadamente três quilômetros. A rede chamada de "Gyrobus" era, na época, a maior rede de transportes urbanos de todo o mundo. Até 1956, esses veículos serviam a dez milhões de pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/Keystone Pictures
Um ditador chega ao poder
Aqui, Presidente Joseph Mobutu no Parlamento de Léopoldville no dia 30.11.1965. O ex-chefe do Exército tinha recém chegado ao poder por meio de um golpe militar (há cinco dias). Joseph Kasavubu, o primeiro Presidente da independente República Democrática do Congo, foi deposto. Um ano depois, Kinshasa foi renomeada. Mobutu ficou três décadas no poder até que em 1997 precisou se exilar no Marrocos.
Foto: picture-alliance/dpa
O titã de Kinshasa
1974: imagem das Forças de Segurança a escoltar o pugilista americano Muhammad Ali ao sair do centro de treinamento em Kinshasa. Em 30.10.1974, Muhammad Ali venceu o adversário George Foreman a "luta do século". Cerca de 60 mil pessoas assistiram ao momento histórico no estádio de Kinshasa - e milhões em todo o mundo, pela televisão.
Foto: AFP/Getty Images
O legado de Muhammad Ali
Ainda hoje, Muhammad Ali emociona jovens de Kinshasa. No clube de boxe, ele inspira tanto meninos quanto meninas. Aqui, todos lutam juntos. Uma delas disse à DW que se sente como sua neta e que sabe tanto sobre ele. Seu desejo é poder, um dia, lutar tão bem quanto o seu ídolo. Para que isso aconteça, o treinador do clube espera poder contar com mais apoio do Ministério do Desporto.
Foto: DW/S. Mwanamilongo
Robô para evitar caos no trânsito
Neste cruzamento (Asosa) em Kinshasa não é a polícia que controla o tráfego, mas um robô. Isso acontece desde 2014. O sistema funciona com quatro câmeras. Os robôs enviam as imagens a um centro de informação, que analisa o fluxo do tráfego. Por trás do projeto está um grupo de engenheiros congolesas do Instituto Superior de Tecnologia Aplicada de Kinshasa.
Foto: D. Kannah/AFP/Getty Images
Semana de Moda de Kinshasa
Adeus Paris, Nova Iorque e Milão - bonjour Kinshasa! Estilistas congoleses apresentam sua alta costura. Colorido, estridente, elegante - ou de papel, como aqui: o estilista congolês Papa Griffe, na Semana de Moda de Kinshasa, em julho de 2015. Foi a congolesa Marie-France Idikayi que lançou o evento em Kinshasa em 2011. O objetivo: tornar estilistas africanos conhecidos no mundo inteiro.
Foto: DW/J. Bompengo
Reciclagem de lixo
O outro lado da cidade populosa é o lixo. É comum ver crianças revirando as sobras em busca de plástico reciclável. O que eles conseguem juntar, eles então levam a uma usina de reciclagem como esta, operada pela ONG local "Vie Montante". Em troca, as crianças recebem um salário mensal e os funcionários da usina, um trabalho.
Foto: Vie montante Développement
A Kinshasa de 2016 é uma Kinshasa em que tudo se pode?
Uma performance de Julie Djikey nos tempos de Joseph Mobutu era quase impensável, afinal ela questiona e provoca. Mas hoje, em "carro humano", ela apresenta o corpo cheio de graxa e filtros de óleo nos seios. Uma forma que encontrou de protestar contra a poluição. Além disso, ela apela às mulheres: "Uma mulher corajosa se reconhece pela sua firmeza contra seu sofrimento e seus problemas".