Na cidade do Dondo, província angolana do Kwanza Norte, governo retirou terras a várias famílias para a construção de torres de alta tensão. Mais de quatro anos depois, ainda não receberam casas novas nem indemnizações.
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As vítimas da desapropriação de terrenos dizem-se agastadas com a situação e solicitam ao governo a reposição da legalidade. Manucho Gouveia é um dos angolanos que, em 2016, viu os seus bens serem demolidos pela empresa Elecnor. Vivia no bairro Terra Nova, Zona 7, na cidade do Dondo.
"Eu até tenho contacto com o PCA da Eleconor, disse que havia de dar solução, mas não deu. Só a administração municipal de Kambambe é que tem o contacto da empresa", conta.
"Os polícias destruíram os nossos haveres e até agora não há nenhuma solução", lamenta também Alfredo Carruagem, que diz ter sido escorraçado do sítio onde vivia. "Queremos de volta a mesma parcela, já que somos cidadãos", pede.
Outro munícipe de Kambambe, Manuel Scudi, solicita ao governo uma parcela de terra para que possa construir a sua residência.
Empresa não está a honrar o acordado
Contactado pela DW África, Francisco Miguel Diogo, conhecido como "Kock X", e que era na altura o administrador municipal de Kambambe, explica a sua versão dos factos. "A empresa ELECNOR chegou a contactar-nos, [disse] que precisava daqueles espaços e nós dissemos que já existia um projeto de autoconstrução dirigida lá. Contudo, por se tratar de um projeto do Estado - e os projetos do Estado sobrepõem-se a qualquer outro projeto particular -, é necessário negociar com os donos das parcelas" para que sejam indemnizados, afirma.
Kwanza Norte: Famílias desapropriadas ainda à espera de casa
O que acabou por não acontecer, assume o antigo gestor máximo de Kambambe, que reconhece que a empresa não está a honrar o acordado. "Foram surgindo queixas de populares de que a Elecnor não estava a cumprir com o acordado. Nós chegamos a elucidar a Elecnor, mandamos até documentos para provar que foi a administração que autorizou a construção destes requerentes lá e todas aquelas parcelas estão legais", explica.
Francisco Miguel Diogo diz que é preciso proceder a uma "indemnização justa" e que "a Elecnor deve cumprir a sua parte."
Em declarações recentes à comunicação social, o atual administrador Adão Malungo, prometeu solucionar o problema junto da empresa Elecnor, mas até à data não houve qualquer evolução.
A DW África tentou contactar, por várias vezes, dois dos responsáveis da empresa Eleconor, mas sem sucesso. Segundo informações obtidas pela DW, estes responsáveis encontram-se já no exterior, uma vez que chegou ao fim o contrato com a Rede Nacional de Transporte (RNT), a empresa responsável pela construção das torres da linha de alta tensão, no troço que liga Dondo a Luanda.
Construções precárias ameaçam a vida dos habitantes no Huambo em Angola
Na cidade de Huambo em Angola as condições de habitabilidade deterioram-se de dia para dia. Estes prédios, atualmente degradados, foram herdados da era colonial não têm manutenção e são um risco para quem lá vive.
Foto: DW/J. Aldalberto
Prédio da FAPA
No Huambo, muitos cidadãos vivem em risco permanente por causa da degradação de grande parte das infraestruturas em que habitam. Muitos destes prédios foram construídos na era colonial e há muito tempo precisam de obras e manutenção.
Foto: DW/J. Aldalberto
Prédio da Angotel
Os relatos de abalos, são frequentes na cidade. Os moradores do conhecido prédio da Angotel tiveram um susto, quando parte da estrutura do edifício velho onde vivem sofreu alguns abalos, facto que criou um pânico generalizado. De acordo com relatos no local esta não é a primeira fez que tal facto sucede neste edifício. Apesar do risco, os moradores continuam a residir no mesmo local.
Foto: DW/J. Aldalberto
Prédio do antigo Hotel Huambo
A degradação das várias estruturas é justificada pelo longo período de construção e pela falta de manutenção associada ao longo conflito armado que assolou o país durante mais de 20 anos, com maior incidência nesta região. Muitos prédios foram atingidos durante a guerra com projéteis e bombas na sua estrutura.
Foto: DW/J. Aldalberto
Prédio da UNITEL
Mesmo em período de paz estes prédios continuaram sem intervenção na suas estruturas e quem vive aqui tem ainda de conviver com uma imagem que lembra os tempos da guerra. Apesar de cadastrados, para um possível reassentamento em áreas seguras muitos cidadãos convivem com o risco de desabamento dos prédios, por falta de condições financeiras para aquisição de casa própria em zonas seguras.
Foto: DW/J. Aldalberto
Prédio da FAPA
Nos últimos anos, são frequentes os relatos de desabamento de alguns compartimentos, fissuras graves, entre outros, com destaque para os famosos prédios da FAPA, Tijolo e do Empugo, cada um deles com mais de sete andares, acolhendo várias famílias de diferentes camadas sociais.
Foto: DW/J. Aldalberto
Prédio do Tijolo
A DW África soube junto do Gabinete Provincial das Infraestruturas que o mau estado de conservação dos edifícios inacabados faz com que os mesmos não tenham condições mínimas de habitabilidade condignas. Para além da falta de rampas nas escadas, janelas e portas, há graves fissuras e riscos de desabamento.
Foto: DW/J. Aldalberto
Prédio York
Neste mês de maio, por exemplo, moradores de um conhecido prédio da cidade tiveram que ser evacuados pelos serviços da Proteção Civil alegando riscos de desabamento na infraestrutura.