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Kwanza Sul: Falta de iluminação condiciona ano letivo

Óscar Constantino (Sumbe)
12 de outubro de 2021

Insuficiência de iluminação no Complexo Escolar do É-15 no Sumbe, província angolana do Kwanza Sul, está a impedir o arranque do ano letivo para o ensino noturno. Direção diz estar a par da situação.

Angola, Kwanza Sul | Schulgebäude
Foto: Óscar Constantino/DW

O ano letivo 2021-2022 arrancou há seis semanas, mas, no Complexo Escolar É -15 do Sumbe, a falta de condições tem impedido a realização de uma parte das aulas.

''As aulas no ensino nocturno não começaram até ao momento porque tememos instabilidades nesta área onde está localizada a escola. É perigoso, porque não há iluminação e as salas estão bastante apagadas. É prejudicial quer para os professores quer para os alunos. O redor da escola também não tem iluminação e nós tememos pela integridade física dos que aqui trabalham e estudam no período da noite", explica a diretora Gisela Rodrigues.

Questionada sobre a ocorrência de roubos na escola que serve 2562 alunos do ensino primário e do segundo ciclo, a responsável confirma: 'Tem havido roubos de motorizadas estacionadas aqui no pátio, quer motorizadas dos professores quer motorizadas dos próprios alunos", lamenta.

"Estamos a improvisar"

O analista para questões sociais padre Cizano Chilumbo chama a atenção para outros problemas consequentes.

''Estudar com lâmpadas incandescentes não é normal, aquelas lâmpadas não ajudam para leitura e estão a levar a muitos cegos que temos hoje. Na verdade, as nossas escolas não reúnem condições para ter aulas à noite, estamos a improvisar. Mas é como se costuma dizer: quem não tem cão, caça com gato''.

A escola serve 2562 alunos do ensino primário e do segundo cicloFoto: Óscar Constantino/DW

Segundo o analista político da Rádio Eclésia Sumbe, Armando Kandel, a situação contribuiu para a má qualidade de ensino. E nada acontece por acaso.

''A má qualidade de ensino é uma estratégia para manipulação das massas. Não fazer com as pessoas reflictam para o bem, quer dizer que o Governo não tem interesse na qualidade de ensino, portanto o ensino que existe é apenas 'para inglês ver' e fazer crer que Angola tem qualidade de ensino, portanto é uma estratégia de manipulação", salienta.

Futuro dos alunos

A professora de Matemática Nelsa Mateus lamenta a situação e questiona o futuro dos alunos nestas condições.

"Até agora, estes alunos não têm conteúdo. Que conteúdo é que os professores vão usar para avaliar? Cada classe tem um perfil de saída, o aluno da 10ª Classe não pode sair daí sem aprender, por exemplo, a resolver equações do 2º grau, sem conhecer logaritmos. Se eles começarem tarde, que perfil de saída estes alunos terão? Há lugares em Angola, e no Kwanza Sul, em que o programa não é cumprido. Não é por culpa do professor, mas sim por falta de condições de trabalho."

A DW contactou o diretor provincial do Gabinete de Educação no Kwanza Sul, Inácio Buta Tito, que não quis gravar entrevista, mas afirmou estar a par da situação. Buta Tito prometeu medidas para breve, a anunciar assim que estiver de regresso à província.

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