As forças leais ao Governo de União Nacional (GNA), sediado em Tripoli, anunciaram um contra-ataque aos rivais liderados pelo marechal Khalifa Haftar, a sul da capital líbia, onde os combates redobraram de intensidade.
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"Começámos a fase de ataque. As ordens foram dadas às primeiras horas da madrugada para avançar e conquistar terreno", declarou este sábado (20.04) à agência de notícias France Presse Moustafa al-Mejii, um porta-voz da operação militar do GNA.
Pelo menos 205 pessoas morreram e 913 ficaram feridas desde o início da ofensiva do Exército Nacional Líbio (ENL) do marechal Khalifa Haftar, a 4 de abril, para conquistar Tripoli, capital líbia, indicou a Organização Mundial de Saúde (OMS) num balanço divulgado na quinta-feira (18.04).
O primeiro-ministro da Líbia, Fayez al-Serraj, que é apoiado pela Organização das Nações Unidas, condena o silêncio dos aliados internacionais perante a escalada da ofensiva militar liderada pelo marechal Khalifa Haftar.
Na quinta-feira, o procurador-geral militar do governo líbio emitiu um mandado de detenção contra o marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país. O procurador-geral militar do GAN ordenou a prisão de Haftar e de seis dos seus oficiais, acusados de realizar ataques aéreos contra instalações e bairros civis, segundo o documento publicado pelo gabinete de comunicação do executivo liderado pelo primeiro-ministro, Fayez al-Sarraj.
Milhares de deslocados
Os combates forçaram 25.000 deslocados, incluindo mais de 4.500 em 24 horas, "o maior aumento de deslocações num dia", de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A comunidade internacional continua dividida sobre a ofensiva e um projeto de resolução do Reino Unido no Conselho de Segurança, pedindo um cessar-fogo e acesso humanitário às zonas de combate,
mas não obteve a unanimidade, de acordo com diplomatas das Nações Unidas.
A Rússia, que bloqueou um projeto de declaração do Conselho pedindo ao ENL para suspender a ofensiva, continua a levantar objeções às referências criticando Haftar, disse um diplomata.
A Líbia tem sido vítima do caos e da guerra civil, desde que, em 2011, a comunidade internacional contribuiu militarmente para a vitória dos distintos grupos rebeldes sobre a ditadura de Muammar Khadafi (entre 1969 e 2011).
A Líbia é também a ponta do funil da imigração africana. Muitos migrantes de todo o continente rumam à Líbia com o objetivo de apanhar um barco com destino à Europa.
Milhares de migrantes atravessam Níger rumo à Europa
São jovens oriundos da África Ocidental e fazem tudo para chegar à Europa. Estão mesmo dispostos a arriscar a vida, atravessando o deserto, rumo ao Mediterrâneo. Mas nem todos são bem sucedidos.
Foto: DW/A. Cascais
Apoio aos "menos bem sucedidos"
Em Niamey existe um centro de acolhimento da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Aqui são acolhidos os jovens "revenants", que não conseguiram atravessar o deserto e se veem obrigados a regressar aos seus países de origem. A OIM, que faz parte do sistema das Nações Unidas, dá-lhes abrigo provisório, alimentação e apoio na obtenção de passaportes e outros documentos.
Foto: DW/
À espera do regresso a casa
Os jovens que procuram apoio no centro da OIM vêm dos mais diferentes países: Guiné-Conacri, Mali, Senegal, Gâmbia ou Guiné-Bissau, movidos sobretudo por objetivos económicos. Muitos tiraram cursos superiores, mas não arranjam trabalho. Muitas famílias apostam na emigração de pelo menos um filho. Caso esse filho seja bem sucedido poderá eventualmente apoiar economicamente o resto da família.
Foto: DW/A. Cascais
Frustrados por terem falhado a Europa
Muitos investiram todas as suas economias, pediram dinheiro a familiares e perderam tudo. Agora esperam pelo regresso aos seus países com a sensação de terem sofrido grandes derrotas pessoais. Os assistentes sociais falam de casos em que os jovens não se atrevem a voltar ao seio das suas famílias, "por sentirem vergonha". Precisam de apoio psicológico, mas esse apoio não existe.
Foto: DW/A. Cascais
Otimismo apesar das derrotas
Alguns dos migrantes sofrem lesões e contraem doenças durante a travessia do deserto, mas mesmo assim não perdem o ânimo. Em muitos casos, os jovens tentam várias vezes, ao longo da vida, atingir a terra prometida: a Europa. Muitos nunca o conseguem, mas não perdem o otimismo. Em 2016, a OIM prestou apoio a mais de 6 mil "revenants" - migrantes que não foram bem sucedidos no Níger.
Foto: DW/A. Cascais
Espancado na Líbia
Dumbya Mamadou, de 26 anos de idade, oriundo do Senegal, conseguiu atingir a Líbia, depois de uma "odisseia de 5 dias e 5 noites" pelo deserto do Níger. Mas na Líbia foi maltratado. "Os líbios apontaram-me armas e espancaram-me, não têm respeito pelo ser humano", afirma o jovem. Dumbya volta ao seu país de origem com um sentimento de derrota: "Queria estudar na Europa, agora não sei o que fazer".
Foto: DW/
Roubado no Burkina Faso
Mamadou Barry, de 21 anos, oriundo da Guiné-Conacri, tinha um sonho: aplicar em França os seus conhecimentos de marketing e os seus talentos musicais. Mas a viagem rumo à Europa correu-lhe mal. "Fui roubado no Burkina Faso, o primeiro país pelo qual passei", conta. Mesmo assim, Mamadou aprendeu uma grande lição para a vida: "coisas que nunca teria aprendido se nunca tivesse saído de Conacri".
Foto: DW/A. Cascais
Rap contra a frustração
Mamadou Barry tenta digerir as suas derrotas e decepções através da música. Há três anos que o jovem canta e interpreta temas de rap e hiphop de sua autoria. O seu último tema foi escrito em Niamey, capital do Níger, e tem a seguinte letra: "A migração arrasou-me / e ninguém me pode consolar / O Mar Mediterrâneo já matou muitos / e nós cá continuamos: sem comida, sem cama, sem saúde".
Foto: DW/
Central de autocarros de Niamey: uma placa giratória
É da estação de autocarros de Niamey que partem diariamente centenas de furgonetas, muitas delas repletas de jovens migrantes, em direção ao norte. Os migrantes tornaram-se um fator relevante para a economia do Níger. Há muita gente que ganha a sua vida prestando diversos serviços aos migrantes: viagens pelo deserto, alimentação e mesmo cuidados médicos.
Foto: DW/A. Cascais
Mais migrantes tentam atravessar deserto do Níger
O número de migrantes que viajam através dos vastos territórios desérticos do Níger para chegar ao norte da África e à Europa não pára de aumentar, tendo alcançado os 200 mil em 2016, segundo estimativas do escritório da Organização Internacional para as Migrações. Outras fontes falam de 10 mil migrantes que atravessam o Níger por semana. A situacão geográfica do Níger é o fator determinante.
Foto: DW/A. Cascais
Agadez, o "olho da agulha"
Agadez, cidade desértica no Níger, é um dos principais pontos de trânsito no Saara para os imigrantes em fuga de nações empobrecidas do oeste da África. As "máfias" do tráfico humano têm beneficiado do caos na Líbia para transportar dezenas de milhares de pessoas para o continente europeu em embarcações precárias. Os migrantes muitas vezes sofrem abusos dos passadores.