Depois de o Governo de Acordo Nacional líbio ter anunciado conquistas importantes em Tripoli, Estados Unidos e Turquia sinalizam continuidade da cooperação para promover a estabilidade na região.
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O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que seu país continuará a cooperação política e militar com os Estados Unidos "para promover a paz e a estabilidade na região".
A informação foi divulgada por meio de comunicado este sábado (23.05), após uma conversa telefónica entre Erdogan e o Presidente norte-americano, Donald Trump. Segundo o comunicado, a posição foi acordada entre os dois líderes, durante a conversa por telefone.
Um porta-voz do Presidente turco disse ainda que a comunidade internacional deveria apoiar a Turquia no conflito na Líbia.
Já o porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, afirmou numa declaração que "o Presidente Trump reiterou a sua preocupação com o agravamento da interferência estrangeira na Líbia e a necessidade de uma rápida desescalada".
Conquistas em Trípoli
Também no sábado, as forças leais ao Governo de Acordo Nacional líbio (GAN), reconhecido pela ONU, anunciaram ter conquistado ao marechal Khalifa Haftar três importantes campos militares a sul de Tripoli.
"As nossas forças reconquistaram o controlo dos campos de Yarmouk, Hamza e Al-Sawarikh e continuam a perseguir as milícias de Haftar em fuga", declarou em comunicado o porta-voz das forças pró-GAN, Mohamad Gnounou.
Estes campos militares são os mais importantes nos arredores a sul de Tripoli, estiveram no centro de violentos combates e mudaram de mãos várias vezes antes de ficarem sob domínio das forças de Haftar, homem forte do leste da Líbia, em outubro de 2019.
Cessar-fogo e diálogo político
Na sexta-feira (22.05), o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, havia insistido com o Governo da Líbia para a necessidade de um cessar-fogo, num momento em que as forças governamentais estão a conseguir repelir a ofensiva do marechal Khalifa Haftar.
Num telefonema para o primeiro-ministro do Governo líbio internacionalmente reconhecido, Fayez al-Sarraj, o secretário de Estado norte-americano "reiterou a oposição dos Estados Unidos ao fluxo persistente de armas e munições que chegam ao país", de acordo com um comunicado de imprensa da diplomacia norte-americana.
Pompeo e Fayez al-Sarraj "sublinharam a importância de um fim imediato dos combates e um retorno ao diálogo político".
Devido ao petróleo, a Líbia já foi um dos países mais ricos de África, mas a intervenção militar internacional e a guerra civil mergulharam o país no caos. Muitos estão em risco de perder o acesso a água potável.
Foto: Reuters/H. Ahmed
Necessidades básicas
A Líbia atravessa uma crise no seu sistema de saúde. As regiões ocidentais, em particular, estão a ficar sem água potável. 101 das 149 condutas do sistema de abastecimento de água foram já destruídas na sequência da situação caótica que o país vive.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Sistema de condutas de água deteriorado
O país é maioritariamente composto por deserto árido. Na década de 1980, ainda com o ditador Muammar Kadhafi no poder, foi construído um vasto e avançado sistema de condutas conhecido como o "Grande Rio Artificial da Líbia". Um projeto que levou o abastecimento de água potável a mais de 70% da população do país. No entanto, desde a queda de Kadhafi, o sistema tem sido danificado.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Guerra civil e caos
Desde a queda de Kadhafi, em 2011, após uma intervenção militar internacional liderada pelos EUA e a França, o país está mergulhado no caos. O Governo reconhecido pela comunidade internacional, com sede em Tripoli, é fraco e não controla grande parte do território líbio. Por seu lado, o General Khalifa Haftar e o seu autoproclamado Exército Nacional (LNA) controlam o leste do país.
Foto: AFP/M. Turkia
Alvo Tripoli
O LNA, em particular, tem utilizado o sistema de condutas de água para fazer exigências, colocando assim em perigo a população da Líbia. Em maio, as forças leais ao marechal Haftar obrigaram os trabalhadores do setor da água a cortar a principal conduta que abastecia a capital sitiada, Tripoli, durante dois dias. E exigiram que as autoridades libertassem um prisioneiro.
Foto: Reuters/H. Ahmed
Água como arma de guerra
Mas não são apenas os grupos rebeldes que usam o sistema de abastecimento de água do país como moeda de troca para defender os seus interesses. Há também pessoas que desmontam bocas de poços para vender o cobre de que são feitas estas estruturas. As Nações Unidas já alertaram os diferentes lados do conflito para que não utilizem a água como arma de guerra.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Riscos para a saúde
Mostafa Omar, porta-voz da UNICEF para a Líbia, estima que, no futuro, cerca de quatro milhões de pessoas poderão ser privadas do acesso a água potável se não for encontrada uma solução para o conflito. A falta de água pode resultar em surtos de hepatite A, cólera ou outras doenças diarreicas.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Água imprópria para consumo
A juntar à escassez da água, está o problema da contaminação deste recurso em algumas áreas do país. A presença de bactérias ou um elevado teor de sal tornam a água imprópria para consumo. "De facto, muitas vezes, a água já não é potável", constata Badr al-Din al-Najjar, diretor do Centro Nacional de Controlo de Doenças da Líbia.