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RENAMO quer André Matsangaíssa elevado a "herói nacional"

Bernardo Jequete (Manica)
29 de setembro de 2024

Restos mortais de André Matade Matsangaíssa foram entregues à família em Manica este sábado (28.09). Líder da RENAMO, Ossufo Momade, considera que o histórico combatente moçambicano deve ser declarado herói nacional.

Cerimónia de entrega dos restos mortais do fundador da Resistência Nacional Moçambicana, André Matsangaíssa
Restos mortais de André Matsangaíssa foram entregues à família na sua terra natal em ChinhambudziFoto: Bernardo Jequete/DW

Passados 45 anos, os restos mortais do fundador da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), André Matade Matsangaíssa, foram entregues este sábado (28.09) à família na sua terra natal, no povoado de Chinhambudzi, distrito de Manica, província como mesmo nome, centro de Moçambique.

O na altura primeiro comandante da RENAMO faleceu em combate na vila Paiva de Andrade, atual Gorongosa, na província de Sofala, a 17 de outubro de 1979. O 'partido da Perdiz', liderado por Ossufo Momade, decidiu agora exumar as ossadas para as entregar à família. Dessa forma, os restos mortais de André Matade Matsangaíssa foram transladados de Gorongosa para o distrito de Manica, onde a família daquele antigo líder da RENAMO se congratulou pela decisão.

Em representação dos familiares, André Matsangaíssa Júnior disse que a família do malogrado enaltece o ato prestado pela direção atual do partido. "Para nós, família Matsangaíssa, esta efeméride enche-nos de orgulho", frisou.

Urna com as ossadas de André Matade Matsangaíssa foi entregue à família em ManicaFoto: Bernardo Jequete/DW

Também um dos seus colegas de trincheira, Olímpio Cardoso, presente na cerimónia, contou à família como é que o líder perdeu a vida nas matas da Gorongosa.

"Ele levou um tiro na cabeça e ficou ali estatelado. Não saiu vivo como algumas pessoas têm falado. Tentaram fazer todo os esforços de contra-ataque para recuperarmos o corpo, mas não conseguimos", recordou.

"A história jamais vai esquecer André Matade Matsangaíssa"

O líder do principal partido da oposição, Ossufo Momade, destacou durante as cerimónias fúnebres as qualidades do primeiro comandante da Perdiz, ao afirmar que foi um dos precursores da luta pela democracia, "um dos principais pilares da fundação da luta pela democracia".

"É através destes pressupostos que a RENAMO, quer por meio deste ato de homenagem, dá mérito a este comandante, razão pela qual decidimos de forma unânime transladar os restos mortais para que fossem sepultados pela família num local escolhido por ela", frisou o líder.

Ossufo Momade: "A história jamais vai esquecer André Matade Matsangaíssa"Foto: Bernardo Jequete/DW

De acordo com Ossufo Momade, Moçambique é hoje um Estado de Direito democrático através da luta travada pelo André Matsangaíssa, daí que na sua visão deva ser declarado um "herói nacional".

"Ele é promotor do Estado de Direito democrático em Moçambique. Negar esta realidade é como se fosse tapar o sol com a peneira, porque a história jamais vai esquecer André Matade Matsangaíssa, a sua vida e obra", destacou o líder da RENAMO.

À DW, o analista político Sousa Vicente Mbunhane considera que a transladação era um ato há muito esperado.

"Embora tenha levado 45 anos, a família do malogrado ficou lisonjeada pelo gesto, tal como qualquer um ficaria feliz quando isso acontece", comentou. "Em África a família gosta de sepultar sozinha o seu familiar. E este ritual pode não ser visto como algo relevante, mas é um ato vitorioso para o líder da RENAMO", acrescentou.

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