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PolíticaGuiné-Conacri

Guiné-Conacri: Líder dos golpistas quer governo de unidade

Lusa | Eric Topona | Isaac Kaledzi | rl
6 de setembro de 2021

Tenente-coronel Mamady Doumbouya promete criar um "governo de unidade nacional" para um período de "transição" na Guiné-Conacri. Líder golpista assegura que não haverá "caça às bruxas" contra antigo governo.

Guinea | Fernsehansprache Mamady Doumbouya
Foto: Radio Television Guineenne/AP Photo/picture alliance

Os líderes do golpe de Estado militar na Guiné-Conacri convocaram esta segunda-feira (06.09) ministros e presidentes das instituições dissolvidas para uma reunião e avisaram que qualquer falta será considerada como um ato de "rebelião" contra a junta militar no poder.

A reunião foi marcada para as 11 horas (locais e TMG) no parlamento em Conacri e espera-se que no seu final os golpistas revelem como pretendem dar continuidade a um golpe amplamente condenado pela comunidade internacional. 

Presidente Alpha Condé foi capturado pelos golpistas no domingo (05.09)Foto: Facebook/Alpha Condé

"Será aberta uma consulta para descrever as grandes linhas da transição, depois será instituído um governo de unidade nacional para liderar a transição", anunciou ainda o tenente-coronel Mamady Doumbouya num discurso televisivo, sem especificar a duração da consulta ou da transição. 

Doumbouya transmitiu uma mensagem aos parceiros e investigadores estrangeiros de que os novos líderes da Guiné-Conacri iriam manter os seus compromissos e pediu às empresas mineiras que continuassem as suas atividades, neste país que é um importante produtor de bauxite e minério. 

O comité criado pelos golpistas assegura "parceiros económicos e financeiros da continuação normal das atividades no país", disse Mamady Doumbouya num discurso. E acrescentou: "O comité assegura aos parceiros que respeitará todas as suas obrigações". 

Proxima-se uma luta pelo poder?

Questionado sobre o que se segue no país, o analista guineense Kabine Fofana explica que, após o golpe, se prevê uma luta pelo poder no seio do exército. "O risco é grande. Já houve confrontos entre a força especial responsável pelo golpe e a guarda presidencial. Portanto, não há unanimidade sobre este golpe. A questão agora é saber como é que a situação irá evoluir nos próximos dias. Numa tomada de poder como esta, normalmente ganha quem for o mais forte", considerou.

Golpistas festejam captura do Presidente Alpha Condé nas ruas de ConacriFoto: Souleymane Camara/REUTERS

Abdourahmane Sano, coordenador da Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), composta por vários partidos da oposição e organizações da sociedade civil, afirma também que, após o golpe, que considera ter sido um "alívio” para o povo da Guiné, os desafios continuam.

"Esta situação que estamos a viver hoje poderia ter sido evitada. Chegámos a este ponto com a sua quota-parte de feridos, mortes, danos materiais, pilhagem da economia… Tudo isto são motivos para lamentar, pois o alerta tinha sido dado a todos os níveis. Infelizmente, o regime não quis compreender", asseverou.

"Creio que é também um grande alívio para o povo da Guiné, porque o regime que se tinha transformado num regime ditatorial partiu", acrescentou.

"O mais importante agora é auditar as contas da nação, as grandes empresas públicas, a fim de saber qual é a situação financeira do país. Devem ser feitas auditorias a instituições como o Tribunal Constitucional, o Céni, a Assembleia Nacional e o Conselho Económico e Social", disse ainda Abdourahmane Sano.

CEDEAO pede libertação de Alpha Condé

Os golpistas capturaram o Presidente Alpha Condé e dissolveram as instituições de Estado do país no passado domingo. Foi instituído um recolher obrigatório noturno, e a constituição do país e a Assembleia Nacional foram ambas dissolvidas. 

A junta militar recusou-se a revelar quando pretende libertar Condé, mas assegurou que o Presidente deposto, com 83 anos, tem acesso a cuidados médicos e aos seus médicos. 

Mamady Doumbouya, tenente-coronelFoto: AFP

A CEDEAO apelou à libertação imediata de Alpha Condé e ameaçou impor sanções, se esta exigência não vier a ser satisfeita. 

Mamady Doumbouya anunciou num vídeo divulgado após o golpe a criação de um "Comité Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento", com o objetivo de "iniciar uma consulta nacional para abrir uma transição inclusiva e pacífica". 

A alegada tentativa de golpe de Estado foi já condenada pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), que exigiu também a "imediata" e "incondicional" libertação do Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, e o mesmo fez a União Africana e também a França. 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também já condenou "qualquer tomada de poder pela força das armas". 

A Guiné-Conacri, país da África Ocidental que faz fronteira com a Guiné-Bissau e é um dos mais pobres do mundo e enfrenta, nos últimos meses, uma crise política e económica, agravada pela pandemia de Covid-19.

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