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ReligiãoMoçambique

Líder islâmico quer "vigilância" à proliferação de mesquitas

Lusa
16 de abril de 2021

Presidente do Conselho Islâmico de Moçambique teme que mesquitas e associações possam servir para radicalização. Aminundin Muhammad diz que é necessário evitar o aproveitamento do Islão por "gente estranha".

Mosambik Pemba  Eid al-Fitr
Comunidade muçulmana em Pemba, Cabo DelgadoFoto: DW

O presidente do Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO) defendeu esta sexta-feira (16.04) "vigilância apertada à proliferação de mesquitas" e associações islâmicas criadas sem o conhecimento das autoridades, alertando para a "infiltração" de pregadores que espalham o radicalismo.

"Não é de hoje o alerta para uma vigilância apertada à proliferação de mesquitas que não são conhecidas pelo Governo nem por nenhuma associação islâmica em Moçambique", afirmou Aminudin Muhammad, em entrevista à Lusa.

Muhammad avançou que o escrutínio aos locais de culto é importante para evitar o aproveitamento do Islão por "gente estranha" que promove uma "má doutrinação de jovens", como está a acontecer na província de Cabo Delgado, norte do país, onde os "autores da violência usam o Islão para lançar o caos".

Jumma Masjid é mesquita a mais antiga de MaputoFoto: DW/J.Beck

Religião deturpada

O responsável religioso defendeu que só podem ser autorizadas a praticar cultos, as mesquitas que se comprometem com os princípios e os valores do Islão e as leis do país. "Quando não se presta atenção ao que se passa nessas mesquitas novas criadas fora do controlo [das autoridades], é fácil infiltrar-se gente estranha e de fora do país com ideias negativas de vida em sociedade", acrescentou.

O controlo, prosseguiu, deve ser exercido sobre qualquer fé religiosa, porque "o perigo pode vir de qualquer lado, quando a religião é deturpada". Aminudin Muhammad rejeitou a ligação entre o Islão e a violência armada em Cabo Delgado, apontando o interesse pela delapidação de recursos naturais como provável razão da ação de grupos armados na região.

"A maioria das vítimas da guerra em Cabo Delgado é muçulmana e há muitas mesquitas destruídas. Aquilo não tem nada a ver com o Islão", acrescentou aquele responsável religioso. 

Escola maometana na Ilha de MoçambiqueFoto: DW/J.Beck

Entidades islâmicas alertaram

"O Islão tem séculos em Moçambique e nunca foi causa de violência. Sempre promoveu a concórdia com outras religiões", sustentou. O presidente do CISLAMO afastou ainda suspeitas de que estudantes moçambicanos de escolas corânicas estejam envolvidos na radicalização de jovens no norte de Moçambique, assegurando que "nenhum dos jovens que estudou em madraças [escolas corânicas] em Moçambique e no estrangeiro está metido com gente estranha que patrocina a violência".

O presidente do CISLAMO reiterou que as entidades islâmicas moçambicanas alertaram as autoridades sobre a presença de fiéis com "um comportamento estranho" nas mesquitas antes do início da violência, em 2017, mas esses avisos "foram ignorados ".

Além de presidente do CISLAMO e conselheiro do Estado, Aminudin Muhammad é um dos estudiosos de alcorão mais conhecidos em Moçambique, assinando colunas em jornais em que faz a interpretação de preceitos do livro sagrado do Islão e contando com presença em programas de rádio e televisão que discutem o tema.

 

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