Líderes da CPLP discutem livre circulação em Cabo Verde
Lusa | gcs | tms
17 de julho de 2018
Cabo Verde acolhe conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP. Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, garantiu, antes do encontro, que a livre circulação não é "utopia".
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Facilitar a circulação dos cidadãos dos países-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) é um dos temas centrais em discussão na XII cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização, que começou esta terça-feira à tarde (17.07) em Santa Maria, na ilha cabo-verdiana do Sal.
Antes do encontro começar, o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, sublinhou que é "fundamental que a comunidade esteja cada vez mais junto das pessoas, seja mais cidadã, com mais facilidade de circulação para os estudantes, para os jornalistas, para os professores, para os empresários, para os artistas, para os escritores".
Para Jorge Carlos Fonseca, para melhorar a mobilidade no espaço da CPLP basta trabalhar com "boa vontade e imaginação", pois a livre circulação não é uma "utopia".
Pena de morte
Em declarações aos jornalistas, o chefe de Estado cabo-verdiano instou ainda todos os países da organização a fazer da democracia e dos direitos humanos os seus pilares: "Eu sou um grande defensor, militante, acérrimo defensor da abolição da pena de morte. Não rima com humanidade, com a democracia, no meu entender", afirmou.
A Guiné Equatorial aderiu à CPLP há quatro anos, comprometendo-se a abolir a pena de morte, mas ainda não retirou a punição do seu ordenamento jurídico, embora vigore deste então uma moratória.
"A comunidade tem como pilar Estados democráticos, respeito pelas liberdades e direitos fundamentais. Todos os Estados-membros da comunidade têm de se fundar nesses princípios, nesses valores". E segundo Jorge Carlos Fonseca, "nem todos estão na mesma situação".
"Há Estados onde há mais liberdade que outros, falemos claramente. Há Estados democráticos mais sólidos que outros, há percursos diferenciados", disse.
Presidente angolano vai a Portugal
Entretanto, à chegada à ilha do Sal para a conferência de chefes de Estado e de Governo, o Presidente angolano, João Lourenço, comentou, sobre a questão da livre circulação, que os nove países-membros da CPLP vão procurar "as melhores soluções para facilitar a mobilidade entre os povos dos nossos países", que "une e aproxima os povos e portanto cria outro tipo de sinergias".
Lourenço garantiu que vai "com certeza" visitar Portugal, mas não adiantou datas. Referiu apenas que, durante a cimeira da CPLP, falará com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, tal como com os restantes líderes da CPLP.
A conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, em que participam os líderes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, termina esta quarta-feira (18.07).
Artistas da CPLP unidos contra a fome
Mais de 50 artistas doaram as suas obras para a campanha "Juntos contra a Fome". Os trabalhos estão expostos na galeria da UCCLA em Lisboa. O objetivo: angariar fundos para ajudar a erradicar a fome nos países lusófonos.
Foto: DW/João Carlos
Exposição na sede da UCCLA
Por uma causa nobre, mais de 50 artistas dos países de língua portuguesa doaram as suas obras para a campanha "Juntos contra a Fome". Mais de 90 trabalhos estão expostos até ao dia 22 de setembro na Galeria da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa. O objetivo: angariar fundos para ajudar a erradicar a fome nos países que falam português.
Foto: DW/João Carlos
Direitos humanos longe de serem realidade
A exposição, cuja organização contou com a ajuda do artista angolano Carlos Bajouca, foi inaugurada a 5 de setembro pela secretária executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Maria do Carmo Silveira disse que, apesar dos "grandes esforços" no plano nacional e internacional, o direito humano a uma alimentação adequada está longe de ser uma realidade.
Foto: DW/João Carlos
Não depender sempre da ajuda externa
A mostra abre com um painel do são-tomense Estanislau Neto, que, tendo recorrido a imagens de vacas, valoriza a importância da agricultura e da pecuária no processo de produção alimentar. A criação de gado, de acordo com o artista, seria uma das vias sustentáveis no combate à fome, para contrariar a dependência de donativos.
Foto: DW/João Carlos
Estratégia para segurança alimentar
O desafio é mobilizar apoio para milhões de pessoas que vivem com falta de uma alimentação adequada. Nos países onde se fala português, mais de 20 milhões de pessoas enfrentam esta realidade. Na imagem, fotografias da portuguesa Maria João Araújo.
Foto: DW/João Carlos
Envolvimento da sociedade civil
A campanha "Juntos contra a Fome", lançada em fevereiro de 2014, tem mobilizado a sociedade civil, incluindo escritores, académicos, jornalistas, desportistas e políticos. O angolano Marco Kabenda, autor desta obra, é um dos artistas que apadrinha a iniciativa. A ele juntam-se vários pintores, escultores e tecelões dos nove países onde se fala português.
Foto: DW/João Carlos
Abrir mentes contra o preconceito
Júlio Quaresma também ofereceu um dos seus quadros, que representa a explosão das convenções na atual dinâmica da modernidade. O artista angolano acredita que só se consegue dinamizar e fazer avançar as sociedades quando abrirmos as nossas mentes sem preconceitos, em defesa de uma causa como esta: a da luta contra a fome e a pobreza.
Foto: DW/João Carlos
O poder e a gestão da água
Entre os quadros de Ismael Sequeira, destaque para a temática da gestão da água. O artista são-tomense expressa assim a sua inquietação perante a carência deste líquido precioso. Lembra que a água é importante para a vida e necessária para a agricultura, embora não seja distribuída com racionalidade.
Foto: DW/João Carlos
Amor ao próximo para acabar com a fome
As esculturas do moçambicano Frank N’Taluma transportam sempre consigo uma mensagem apelativa. Aqui, o artista apela ao amor ao próximo. "Para acabar com a fome temos que amar o próximo", afirma, condenando o facto de muita comida ser desperdiçada e deitada para o lixo quando se sabe que há milhares de pessoas a necessitarem de alimentação.
Foto: DW/João Carlos
Outros contributos moçambicanos
De igual modo, o conceituado artista plástico moçambicano Lívio de Morais não ignorou o sofrimento dos que fazem parte das estatísticas da fome nos países lusófonos. A sua contribuição é tão valiosa quanto a dos seus conterrâneos Roberto Chichorro ou Malenga, Sérgio Santimano e José Pádua, também representados na exposição.
Foto: DW/João Carlos
Cinco projetos já financiados
Até agora, de acordo com a CPLP, a campanha "Juntos contra a Fome" já angariou 175 mil euros na campanha ", que permitiram viabilizar cinco projetos em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique. Este quadro do guineense João Carlos Barros é mais um grão no esforço para angariar mais recursos financeiros para apoiar outros países.
Foto: DW/João Carlos
Promover a agricultura familiar
Os projetos são implementados a 100% por organizações não-governamentais locais, visando promover a agricultura familiar sustentável, assim como reduzir o número de famílias afetadas pela fome nos países lusófonos. Abel Júpiter ofereceu este quadro para o acervo de peças doadas pelos mais de 50 artistas.
Foto: DW/João Carlos
Expetativas para o leilão
No final da exposição, no dia 22, será feito um leilão, para o qual os promotores pediram a participação de todos os que querem dar o seu contributo e engrandecer esta causa. Rui Lourido, diretor do Setor Cultural da UCCLA, também abraça a causa. Na foto, alguns dos artistas que apadrinham a campanha "Juntos contra a Fome".