IGAD reunida para impulsionar reconciliação no Sudão do Sul
Lusa | mjp
17 de dezembro de 2017
Encontro decorre à porta fechada durante alguns dias na sede da União Africana na Etiópia. Está prevista a participação do Presidente Salva Kiir mas líder da oposição armada Riek Machar não estará presente.
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O presidente do Conselho Executivo da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento na África Oriental (IGAD) exigiu este domingo (17.12) que as partes envolvidas no conflito no Sudão do Sul manifestem um compromisso real para a paz.
"Se os líderes políticos não o fizerem, isso resultará numa grave consequência para eles e afetará negativamente o seu povo e a região em geral", advertiu Workineh Gebeyehu, também ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia.
Gebeyehu falava na abertura de uma reunião visando um recomeço do processo de reconciliação no Sudão do Sul, iniciativa da IGAD que atua como mediadora das conversações entre o Governo e a oposição sul-sudanesa.
Kiir presente, Machar envia representantes
Este Fórum de Revitalização de Alto Nível da IGAD, que vai decorrer à porta fechada durante alguns dias na sede da União Africana em Adis Abeba, conta com a participação de dezenas de responsáveis, incluindo os chefes da diplomacia dos países membros da Autoridade, de organizações internacionais e regionais.
Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, está prevista a participação do presidente sul-sudanês, Salva Kiir, mas não do ex-vice-presidente e líder da oposição armada, Riek Machar, que enviou três representantes à reunião.
O Sudão do Sul é palco de uma guerra civil desde dezembro de 2013 entre as forças de Kiir, de etnia dinka, e as de Machar, da tribo nuer.
As partes assinaram um acordo de paz em agosto de 2015 que levou à criação de um governo de unidade nacional, mas em julho de 2016 reacendeu-se a violência, que levou o país à beira da fome, com 7,6 milhões dos cerca de 12 milhões de habitantes do Sudão do Sul a precisarem de ajuda, seis milhões sem acesso a alimentos suficientes e quatro milhões de deslocados.
Rebeldes no Sudão do Sul: Sem meios, mas prontos para lutar
O país mais jovem do mundo é palco de um conflito entre tropas do Governo e rebeldes desde 2013. Enquanto persistem as dificuldades no diálogo entre as autoridades, o país está mergulhado numa crise humanitária.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
A calma antes da tempestade
Rebeldes do SPLA-IO (Exército de Libertação do Povo do Sudão em Oposição) recuperam forças antes de um ataque contra as forças armadas do Governo (SPLA - Exército de Libertação do Povo do Sudão) na cidade de Kaya, na fronteira com o Uganda. Um jornalista norte-americano que acompanhava os rebeldes foi morto nos confrontos de 26 de agosto.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Diálogo nacional para a paz?
Apesar do acordo de paz entre o Presidente Salva Kiir (na foto) e o ex-vice-Presidente Riek Machar, o conflito continua. Em maio, os mediadores propuseram um diálogo nacional. "Nós não excluímos ninguém, mas a presença de Riek desestabilizaria toda a região", disse Kiir, em entrevista à DW.
Foto: Getty Images/AFP/Z. Abubeker
Quatro anos de guerra civil
Dois anos após a independência do país, em 2011, o Presidente Salva Kiir e o vice-Presidente Riek Machar entraram em disputa. Kiir acusou Machar de tentativa de golpe de Estado. Os confrontos entre os apoiantes dos dois dirigentes ganharam rapidamente contornos éticos: desde então, os combatentes Nuer - etnia a que pertence Riek Machar - enfrentam os apoiantes de Kiir, do grupo étnico Dinka.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Marcado pela guerra
Entretanto, formou-se uma rede complexa de partes em conflito. As milícias dividiram-se em vários pequenos grupos. Lutam pelo poder político no Sudão do Sul, mas também pelo controlo dos recursos do país. Todos são acusados de violações dos direitos humanos. Milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Dois milhões de refugiados
Na foto, mulheres sul-sudanesas num campo de refugiados na Etiópia. De acordo com a agência de refugiados da ONU, cerca de dois milhões de sul-sudaneses fugiram para países vizinhos desde 2013. Só o Uganda recebeu cerca de um milhão de refugiados.
Foto: Reuters/D. Lewis
Soldados leais
Rebeldes do SPLA-IO rezam e cantam juntos, na véspera de um ataque às forças do Governo. Querem uma mudança de poder. "Enquanto Salva Kiir estiver no poder, não haverá paz. Ele tem de partir", diz o líder rebelde James Khor Chuol Lengdit à agência de notícias Reuters.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Ataques e abusos
A guerra e a seca levaram a uma crise humanitária. A população sofre com a fome, sobretudo no norte do país. Segundo as Nações Unidas, cinco milhões e meio de pessoas dependem atualmente de ajuda alimentar. No entanto, os trabalhadores humanitários são repetidamente atacados. A 30 de agosto, os Médicos Sem Fronteiras anunciaram o fim da ajuda médica.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
A maior crise de refugiados em África
A cidade de Kaya, na fronteira, está deserta. Nas ruas, rebeldes e soldados do Governo travam batalhas sangrentas. Quase um terço da população de 12 milhões de pessoas fugiu do Sudão do Sul ou está deslocada internamente. É a maior crise de refugiados no continente africano desde o genocídio no Ruanda, em 1994.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Rebeldes sem meios
Após 40 minutos de combate, os rebeldes ficam sem munições. "Faltam-nos meios financeiros e apoio", diz o General Matata Frank Elikana à agência de notícias Reuters. "As armas e munições que temos tiramos do inimigo", explica o também governador rebelde do estado de Yei River.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Missão esgotante
Exaustos, os rebeldes do SPLA-IO retiram-se, após o confronto com as tropas governamentais. Descansam junto a uma lagoa antes de seguirem caminho até ao acampamento. Muitos dos jovens soldados estão sob a influência de álcool e drogas. Só assim conseguem suportar as imagens traumáticas do conflito.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Cuidados de emergência
Rebeldes transportam um jovem baleado nos confrontos com as tropas do Governo. É levado numa maca feita de ramos de árvore até ao acampamento onde serão tratados os ferimentos. No entanto, nos acampamentos rebeldes, há muito que os medicamentos deixaram de existir. Muitos combatentes morrem por falta de tratamento médico.