Líderes mundiais unidos no adeus a Mandela
10 de dezembro de 2013A chuva intensa não chegou para estragar a cerimónia. O estádio FNB, no Soweto, teve lotação quase esgotada. Mais de 95 mil pessoas quiseram dizer o último adeus a Nelson Mandela.
Já às primeiras horas da manhã, uma fila estendia-se à volta do recinto aguardando o momento da entrada no edifício.
Noventa e um chefes de Estado e de Governo de todo o mundo rumaram a Joanesburgo para participar nas celebrações fúnebres do líder que ensinou o planeta a unir-se. A lista de nomes é a representação fiel daquilo a que Mandela chamava de união e igualdade.
Nomes como Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, e Raul Castro, homólogo cubano cruzaram-se em apertos de mão. Mesmo depois da morte, Nelson Mandela faz história.
“Ele mostrou-nos que é possível, não só nas páginas dos livros de história, mas também nas nossas próprias vidas", disse Barack Obama num discurso seguido de ovação.
Família e amigos unidos
No estádio Soccer City, a classe política mundial incluía inimigos e aliados, mas nenhum indiferente a Nelson Mandela. A família de Madiba totalmente unida no camarote foi aplaudida. A audiência cumprimentou em êxtase a ex-mulher Winnie Mandela, já que a maioria continua relutante em relação à segunda esposa, a moçambicana Graça Machel. Porém, as duas últimas mulheres do histórico líder do ANC abraçaram-se e beijaram-se.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, foi outra das personalidades que discursou, destacando no líder o percurso persistente na luta pela liberdade.
“Ele sacrificou-se muito. Pela liberdade, pela igualdade, pela democracia e pela justiça”, recordou Ban Ki-moon.
No estádio, ecrãs gigantes transmitiam a cerimónia. Vivia-se um ambiente parecido com os dos concertos e dos jogos de futebol, com as bancadas a aquecerem com canções revolucionárias e hinos religiosos, ao som das vuvuzelas e de apitos.
Num discurso emocionado, Dlamini Zuma, presidente da Comissão da União Africana, recordou o líder que mudou o mundo. “Durante a sua presidência, o campeão da Paz e segurança no continente Nelson Mandela trabalhou apaixonadamente pelo desenvolvimento de África. Numa vida de luta e serviço pela humanidade, na sua relação com toda a gente, ele mudou a história não só de África do Sul e de África, mas de todo o mundo".
Estádio com ambiente de festa
O estádio entrou em euforia quando Jacob Zuma, Presidente da África do Sul, entrou no recinto e o seu nome e imagem surgiram nos ecrãs gigantes - foi uma vaia memorável para um sucessor de Mandela, igualmente veterano na luta contra o apartheid.
“Hoje, no dia internacional dos Direitos Humanos, nós celebramos Madiba, o homem da paz. Hoje é o vigésimo aniversário da entrega do prémio Nobel da Paz a Mandela, em 1993. Este homem foi um lutador pela liberdade", homenageou.
"O seu amor pela paz foi também evidente no seu trabalho em todo o continente africano. Caros amigos, não há ninguém como Madiba, ele é único”, concluiu.
Joachim Gauck, Presidente da Alemanha, aos microfones da DW, destacou a figura de um homem determinado.
"Podemos realmente curvar-nos perante Mandela porque este homem tão lutador e determinado era ao mesmo tempo um homem muito bom. Foi capaz de converter toda a dor e amargura em prontidão para a reconciliação. E, por isso, tornou-se numa das principais figuras do século passado”, considerou Joachim Gauck.
Nos próximos três dias, o corpo de Mandela vai estar exposto em Pretória, a capital da África do Sul, até que, no domingo, será finalmente sepultado em Qunu, a sua terra natal.