Líderes reúnem-se em Bruxelas para projetar futuro da NATO
14 de junho de 2021A cimeira da NATO vai ser um momento crucial para "reforçar os laços transatlânticos". Foi assim que o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, definiu o encontro desta segunda-feira (14.06).
"Vivemos num momento crucial, o que significa que temos mais competição global, enfrentamos muitas ameaças e desafios de segurança ao mesmo tempo, as ações agressivas da Rússia, ciberataques, a ascensão da China e também o terrorismo global, e o facto de termos todos os líderes da NATO reunidos é uma oportunidade única para reforçar os laços transatlânticos, sobretudo devido à nova administração dos EUA.", disse Stoltenberg à rede canadiana de televisão CBC na véspera da cimeira.
O secretário-geral da NATO deixou claro que durante a administração de Donald Trump nos Estados Unidos a aliança passou por grandes desafios. O ex-Presidente norte-americano questionou o valor da organização, assim como anunciou uma retirada punitiva de tropas americanas da Alemanha, decretou tarifas comerciais contra a União Europeia, entre outras questões.
Mas para Jens Stoltenberg, isso ficou no passado: "Temos agora um Presidente dos EUA, o Presidente Joe Biden, que está fortemente empenhado na NATO, na segurança europeia, e que está pronto a investir mais na organização".
Biden reafirma compromisso dos EUA
E o Presidente Joe Biden, que este fim de semana participou na cimeira do G7, no Reino Unido, já deu sinais de que vai reafirmar o compromisso dos EUA com a aliança da NATO. "Os americanos por vezes não esquecem, lembram-se do que aconteceu no 11 de aetembro. Fomos atacados. E imediatamente a NATO apoiou-nos. Acreditamos que a NATO é uma obrigação sagrada", afirmou.
O Presidente Joe Biden e outros 29 membros da NATO vão abordar o processo de reflexão NATO 2030, que visa projetar o futuro da aliança e desembocar na revisão do atual conceito estratégico da organização.
Também vão debater temas ligados à Rússia e à retirada militar liderada pelos EUA do Afeganistão. A ascensão da influência da China no mundo e as políticas controversas de Pequim em relação a Hong Kong também devem estar na agenda da cimeira.
Em declarações à rede norte-americana de televisão ABC, no domingo, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, deixou claro as intenções da administração Biden: "Estamos agora a sair de uma reunião do G7, vamos sair de uma reunião da NATO, vamos sair de uma reunião da UE coletivamente, quando os nossos países estão de facto a trabalhar em conjunto, remando na mesma direção militar, económica, diplomática, política. Trata-se de uma força incrivelmente poderosa."
Protestos em Bruxelas
Entretanto, os protestos contra a cimeira da NATO já começaram no domingo (13.06) em Bruxelas. Na capital belga, os manifestantes apelaram à paz e para que a Europa se distancie das políticas internacionais dos Estados Unidos.
"Os Estados Unidos decidem que haverá uma guerra, depois a Europa terá de os seguir. E isto é muito prejudicial para a segurança europeia. A Europa tem de compreender que tem de se manter de pé para defender a sua soberania", disse um manifestante.
Fundada em 1949 para conter uma ameaça militar da União Soviética, a NATO celebrou o seu 70º aniversário numa cimeira em Londres, em dezembro de 2019.