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Líderes rivais do Sudão do Sul reunidos na Etiópia

Jane Ayeko | cvt | AP | Reuters | AFP
21 de junho de 2018

Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e líder da oposição, Riek Machar, continuam na Etiópia para negociações iniciadas na noite passada, enquanto cresce pressão internacional para terminar guerra civil de cinco anos.

Último encontro entre Riek Machar e Salva Kiir tinha sido há dois anosFoto: picture-alliance/AP/J. Patinkin

Este é o primeiro encontro entre os dois líderes rivais desde 2016, quando um acordo de paz entrou em colapso e os combates entre forças de ambos os lados foram retomados. O conflito no país mais jovem do mundo já matou dezenas de milhares de pessoas e forçou mais de três milhões a fugir das suas casas

A reunião foi organizada pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, que também preside à Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), que assumiu a liderança das negociações de paz, até agora sem resultados. Abiy Ahmed pediu aos dois líderes que trabalhem para a pacificação do Sudão do Sul, disse Meles Alem, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia.

Kiir e Machar encontraram-se individualmente com o primeiro-ministro etíope antes de uma reunião em conjunto à porta fechada, informaram oficiais do partido da oposição do Sudão do Sul e diplomatas ocidentais.

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Sobre as expectativas em relação ao encontro, um porta-voz de Kiir, Ateny Wek Ateny, disse que "qualquer coisa que traga a paz ao Sudão do Sul é desejada".

O jornalista Simon Waakhe, que vive em Juba, diz que os dois líderes devem negociar a revitalização do acordo de 2015. Diz ter recebido informações de fontes do Governo de Kiir sobre os temas em discussão: "Ações de segurança, questões relacionadas com a governação, especialmente a dissolução do Parlamento - que deve ser reconstituído com novos membros apontados pelas partes". Segundo Simon Waakhe, os dois líderes deverao ainda discutir se o país deve ter três vice-presidentes - conforme sugerido pela IGAD - ou apenas um.

Mediação etíope

O Governo da Etiópia tem sido um ator fundamental no processo de paz do Sudão do Sul. Um cessar-fogo dos lados em conflito assinado na capital etíope em dezembro passado foi violado horas depois.

Machar fugiu do Sudão do Sul depois que novos combates eclodiram na capital, Juba, em julho de 2016, encerrando uma breve tentativa de paz em que retornou ao cargo de vice-presidente de Kiir. Mais tarde, Machar foi colocado em prisão domiciliar na África do Sul, cuja presidência saudou a participação dele nas negociações desta quarta-feira (20.06).

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A reunião foi solicitada pela IGAD no mês passado, antes da cimeira da União Africana de 1 de julho, na Mauritânia. Os chefes de estado da IGAD devem encontrar-se em Addis, esta quinta-feira (21.06), na esperança de retomar as negociações de paz.

Analistas não têm grandes expectativas em relação a este encontro, diz Simon Waakhe. No entanto, observa, "muitos veem este encontro como um gesto positivo dos dois líderes, que se esforçam para pôr um fim ao conflito. A população, ativistas da sociedade civil e até grupos do Governo e da oposição acreditam que a reunião pode, pelo menos, resultar na definição de pontos de ação e tentar dar esperança às pessoas de que os dois estão prontos para um compromisso".

Abusos e sanções

Ambos os lados da guerra civil do Sudão do Sul foram acusados de abusos generalizados, como violações de gangues contra civis. Várias autoridades do Sudão do Sul foram acusadas por grupos de direitos humanos de bloquear o caminho para a paz.

No início deste mês, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução apoiada pelos Estados Unidos que ameaça com um embargo de armas ao Sudão do Sul e sanções contra seis pessoas, incluindo o chefe da Defesa do país, caso os combates não parem e um acordo político não seja alcançado. A resolução pede que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apresente as suas conclusões ao conselho até 30 de junho.

A IGAD também ameaçou com "medidas punitivas" contra os infratores do cessar-fogo fracassado em dezembro no Sudão do Sul, embora as sanções precisem da aprovação dos chefes de Estado do bloco.

Também esta quarta-feira, ativistas do Fórum da Sociedade Civil do Sudão do Sul pediram aos dois lados para chegarem a um acordo de paz sustentável, "num momento crítico" em que está em jogo o "futuro coletivo do país".