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Líderes unidos em Kigali lançam passaporte único africano

Glória Sousa / Ole Tangen Jr / AP19 de julho de 2016

Na cerimónia de encerramento da 27ª Cimeira da União Africana (UA), os líderes deram os primeiros passos em direção à livre circulação de pessoas em África com o lançamento do passaporte único em todos os Estados.

Presidente do Ruanda, Paul Kagame (esq.), e homólogo do Chade, Idriss Deby, apresentam em Kigali o passaporte únicoFoto: picture-alliance/dpa/A. Twahirwa

O chefe de Estado do Chade, Idriss Deby, que presidiu à cimeira da UA, e o Presidente de Ruanda, Paul Kagame, anfitrião da cimeira que terminou esta segunda-feira (18.07), receberam os primeiros passaportes.

A 27ª Cimeira da União Africana aconteceu na capital do Ruanda, Kigali, entre 10 e 18 de julhoFoto: picture-alliance/Photoshot/P. Siwei

Para já, o documento está apenas disponível para chefes de Estado e delegados da UA e mais tarde será atribuído também a ministros dos Negócios Estrangeiros. Não foi, no entanto, revelado se e quando os cidadãos comuns do continente vão ter direito ao documento.

Ideia causa algum ceticismo

Embora alguns africanos estejam otimistas quanto à ideia de um passaporte único no continente, outros estão em dúvida quanto à eficácia da medida.

"Eu não acho que o passaporte venha a trazer algo de bom, pelo contrário, acho que vai trazer complicações no futuro", diz Asrat Tasse, politico etíope de Addis Abeba.

O nigeriano Pedre Igbama quer ver para crer: "Uma coisa é fazer um anúncio político, outra coisa é de facto aplicar o que foi anunciado. Por um lado, é uma boa política porque poderá trazer avanços económicos e irá integrar os diferentes Estados. Mas os Governos de todos os países devem aplicar medidas para que a ideia possa funcionar muito bem".

Todos os dias chegam dezenas de deslocados à fronteira com o Uganda com receio de um conflito militar no Sudão do SulFoto: Reuters/J. Solomun

Sudão do Sul em discussão

Outro assunto em cima da mesa, na segunda-feira, no último dia da cimeira da União Africana, em Kigali, foi a situação no Sudão do Sul.

De acordo com Smail Chergui, comissário para a paz e segurança da UA, os líderes africanos aprovaram a proposta de envio de uma força regional para o país com um mandato mais robusto do que a atual missão de paz das Nações Unidas no terreno.

"Também decidimos pedir a observação do cessar-fogo e a criação de corredores humanitários para ajudar as pessoas que necessitam. Há a ideia de promover o envio de uma força africana no âmbito das Nações Unidas. Todas essas questões foram aceites pela a cimeira da união", explicou.

O cessar-fogo imposto no Sudão do Sul há uma semana terminou com quatro dias de violentos confrontos entre as forças leais ao Presidente Salva Kiir e as tropas do vice-presidente Riek Machar. Pelo menos 300 pessoas morreram e quase 40.000 ficaram deslocadas.

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Os últimos episódios de violência aumentam o receio de um eventual regresso à guerra civil que começou em dezembro de 2013. Dezenas de diplomatas foram retirados do país, segundo as agências de notícias internacionais.

A eleição do novo presidente da comissão da UA foi adiada para janeiro de 2017, já que nenhum dos três candidatos conseguiu o apoio da maioria na cimeira de Kigali.

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