Lentidão marca recenseamento de guineenses em Portugal
23 de janeiro de 2014 Pelas 9 horas da manhã abrem-se as portas da Embaixada da Guiné-Bissau, em Lisboa, o ponto central do registo eleitoral. Um grupo de cidadãos, cerca de três dezenas, espera pela sua vez mediante uma senha.
Úmaro Baldé é um dos que, devido ao trabalho, optou por vir recensear-se no segundo período do dia: “tenho [a senha com o número] 82, mas ainda estão no 73, tenho que esperar”, comenta.
Numa sala no piso inferior, centra-se a mesa que funciona em dois turnos. É ali onde uma equipa, presidida por Carlos Mendonça, faz o atendimento dos eleitores dispondo de apenas um kit para processamento dos dados.
Acompanham o ato representantes dos partidos PAIGC (Partido Africano da Indepenência da Guiné e Cabo Verde), PRS (Partido de Renovação Social) e Movimento Bafatá RGB. A demora inquieta os que já cá estão há mais de duas horas.
Tal como Úmaro, Carlos Alberto Ipiná também espera pacientemente. “Tem só uma máquina e com estas pessoas todas que estão cá é óbvio que tem de haver atrasos”, constata o cidadão guineense.
Compreensivo, outro eleitor aguarda a vez para se registar: “está a demorar um bocado. Eu como estou interessado em recensear-me tenho de esperar. Nós todos entendemos qual é a situação do país, vamos aguardar”, diz.
Falta de condições técnicas atrasam processo
O recenseamento da diáspora guineense, entre 13 e 31 de janeiro, decorre no âmbito dos preparativos para a realização das eleições gerais de 16 de março.
Em Lisboa, o registo eleitoral termina às 21 horas. No final do dia, a mesa espera registar cerca de 130 a 140 pessoas. Nos primeiros dias, a afluência foi mais reduzida devido à falta de informação.
Armindo Vieira, presidente da Comissão Eleitoral na Diáspora, em Portugal, afirma que não se pode “contar com um número bastante apreciável [de registos eleitorais] porque é o próprio material que dita as regras. Se houvesse mais kits, poderíamos estar a recensear muito mais pessoas”.
O responsável pela Comissão Eleitoral assegura ainda que “há promessas de que vamos receber brevemente mais kits e estamos a aguardar com toda a ansiedade, pois seria o ideal”.
A meta é registar 40% dos eleitores guineenses em Portugal
A Comissão agendou igualmente deslocações a alguns bairros da periferia de Lisboa, onde habita o maior fluxo de comunidades guineenses. No fim de semana de 18 e 19 de janeiro, a mesma equipa esteve no centro e norte de Portugal, entre Coimbra, Aveiro e Porto.
No fim de semana de 25 e 26 de janeiro, estará no Algarve, a sul, voltando depois à Embaixada no Restelo nos dias úteis. A intenção é abranger o maior número possível de eleitores.
Para supervisionar o ato, o Gabinete Técnico de Apoio às Eleições enviou a Lisboa João Manuel Correia, que até então não registou nenhuma outra anomalia.
“Neste momento, está a correr tudo bem, o que posso fazer é dar o meu máximo. Vamos fazer tudo por tudo. Nós sabemos que não é possível chegar a 100% mas vamos fazer com os meios que temos aqui para fazer, pelo menos, a 30 a 40%” da comunidade, avalia João Manuel Correia.
Para Úmaro Baldé, que vive há três anos em Portugal, assim como para outros conterrâneos seus, “esta é uma oportunidade para exercer o direito de voto” nas eleições gerais de 16 de março deste ano, pelo que “é de louvar a iniciativa”, conlcui o guineense.