Libéria: agricultura e exportações são desafios de Weah
Evelyn Kpadeh | Reuters
4 de janeiro de 2018
Uma semana depois do anúncio oficial dos resultados, o povo liberiano mostra-se expectante num futuro melhor. Estradas e agricultura devem ser prioridades, diz a população. Economista defende maximização da produção.
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Depois de liderada por Ellen Johnson-Sirleaf, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 2011, a Libéria está agora nas mãos de uma lenda do mundo do futebol. No passado dia 26 de dezembro, os liberianos foram às urnas para a segunda volta das presidenciais e deram a vitória a George Weah, com 61,5% dos votos.
Uma semana depois do anúncio oficial dos resultados, o povo liberiano mostra-se não só feliz pelo seu país ter tido uma transição de poder pacífica, mas também esperançoso e expectante num futuro melhor. A Libéria tem vindo a registar uma fraca atividade económica desde o surto de ébola que assolou o país em 2014 e 2015. A renovação da economia e o crescimento do emprego estão por isso também na lista de desafios de George Weah.
A DW África quis saber quais as expetativas e desejos dos liberianos fora da capital Monróvia. "O George foi futebolista, mas encontrou espaço noutras áreas e é aí que se encontra agora. No entanto, acho que ele precisa de tempo para dar provas do que vale”, começou por afirmar o liberiano Steve Debleh, acrescentando no entanto que o sucesso do novo Presidente "dependerá de todos”. "Devemos mover esforços para fazer isto funcionar, porque a Libéria não é sobre George Weah", dá conta.
Paz e educação
Catherine Fahn tem 16 anos e quer que o novo Presidente ponha os olhos na educação. "Quero que o governo de George Weah construa mais escolas para o povo liberiano e para os jovens porque a maioria dos nossos jovens não estão na escola e não têm qualificações", afirma.
Já para Joe Kolleh, um outro cidadão ouvido pela DW, a prioridade deve ser a questão da paz e a união das tribos Krahn e Gio, assim como o investimento na alimentação - "garantir que os liberianos se alimentam”, frisa.
Estradas e agricultura devem ser prioridades
Outros liberianos preferem falar dos desafios que aguardam o novo Presidente e a sua equipa. No entender de Ross Mason, o maior desafio de George Weah serão "as pessoas que tentarão infiltrar-se, através da amizade ou outros meios, para minimizar o seu Governo". Augustine Arkoi chama a atenção para a economia. "Não penso que seja uma economia saudável, como mostram as previsões das organizações internacionais. Ficou muito claro quem irá substituir a Presidente Ellen Sirleaf. E terá pela frente um desafio muito difícil: a estabilidade e viabilidade da economia", afirma.
Por fim, Charles Bryant alerta para a importância do investimento nas estradas. Para este liberiano, "quando houver estradas em todo o país, um cidadão comum pode plantar as suas batatas, trazê-las para a cidade e vendê-las para ganhar dinheiro. Os seus filhos podem ir para a escola. Se não existirem estradas será muito difícil”.
Liberias desafios - MP3-Mono
De acordo com Allen Seley, professor de economia da Universidade da Libéria, "a questão da economia na Libéria não é um problema individual”. O economista lembra que nos dias que correm "a economia está relacionada com a produção” que, no caso da Libéria, está em níveis muitos baixos. "Todos querem comprar nos mercados , o que fará com que o preço de mercado aumente. Não há dinheiro a entrar, não estamos a exportar, estamos apenas a importar”, constata o economista, acrescentando que, a seu ver, Weah deverá "maximizar a produção e priorizar as estradas”. "Quando há estradas podemos investir na agricultura. Nós costumávamos produzir o nosso próprio arroz, costumávamos ter a nossa própria comida, mas atualmente não”, explica.
George Weah que vestiu, entre outras, a camisola do Paris Saint-Germain e do AC Milan na década de 1990, deverá tomar posse a 22 de janeiro.
Na sua primeira entrevista como Presidente da Libéria, concedida no início desta semana, George Weah traçou algumas metas que parecem ir de encontro aos desejos da população. O ex-jogador de futebol defendeu o investimento na agricultura de modo a que "as pessoas possam cultivar os seus próprios alimentos” e o reforço das exportações.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
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O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.