Libéria: Weah e Boakai na segunda volta das presidenciais
Evelyn Kpadeh | gs
20 de outubro de 2017
A Comissão Eleitoral divulgou os resultados finais das eleições de 10 de outubro. A antiga estrela de futebol George Weah e o vice-Presidente Joseph Boakai foram os mais votados e passam à segunda volta, em novembro.
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Jerome Korkoyah, presidente da comissão eleitoral, anunciou que George Weah, lenda do futebol africano, obteve 38,4% dos votos, seguido do vice-Presidente Joseph Boakai, com 28,8%. Nenhum dos 20 candidatos conseguiu a maioria absoluta, de pelo menos 50%.
"Nenhum dos candidatos conseguiu 50% dos votos mais um. De acordo com a Constituição, deve haver uma segunda volta entre os dois concorrentes mais votados. O segundo turno será realizado a 7 de novembro de 2017, entre George Weah, do CDC, e Joseph Boakai, do Partido da União”, afirmou Korkoyah, cinco dias após o escrutínio para designar o sucessor de Ellen Johnson Sirleaf, primeira mulher eleita chefe de Estado em África.
A Presidente cessante, Prémio Nobel da Paz 2011, que não pode recandidatar-se por ter completado dois mandatos, disse que a Libéria "está pronta para a transição".
"A campanha eleitoral para a eleição de 7 de novembro está oficialmente aberta e termina no domingo à meia-noite de dia 5 de novembro”, acrescentou o presidente da comissão eleitoral.
Candidatos já se mobilizam para a próxima volta
Mesmo antes do anúncio oficial dos resultados, o Partido da União, do vice-Presidente Joseph Boakai, e a Coligação para a Oposição Democrática, que apoia George Weah, já se mobilizavam para conquistar o apoio de outros partidos tendo em vista a segunda volta.
Enquanto Weah e Boakai já organizam a segunda ronda, o terceiro candidato mais votado, Charles Brumskine, do Partido da Liberdade, pede a repetição da eleição presidencial de 10 de outubro, alegando irregularidades no processo.O antigo diretor da Coca-Cola, Alexander Cummings, do Congresso Nacional Alternativo, e o antigo aliado do ex-Presidente Charles Taylor, Benoni Urey, juntaram-se ao coro de reclamações, pedindo à Comissão Eleitoral que analise as suas queixas e ameaçando recorrer à justiça.
"O Partido da Liberdade respeita a lei, razão pela qual vamos a tribunal se as nossas preocupações não forem atendidas”, disse Brumskine recentemente numa conferência de imprensa.
As cicatrizes invisíveis do ébola
O ébola já matou mais de 5 mil pessoas na África Ocidental, mais de metade delas na Libéria. Houve liberianos que perderam a família inteira.
Foto: DW/Julius Kanubah
Ausentes da fotografia
Faltam três pessoas nesta foto de família, diz Felicia Cocker, de 27 anos. O vírus do ébola matou o seu marido e dois dos seus cinco filhos: "A vida tem sido muito dura. Não tenho mais ninguém que me possa ajudar."
Foto: DW/Julius Kanubah
Autoridades falharam
Stephen Morrison perdeu sete irmãos e uma irmã. Ele diz que a culpa do alastramento da doença na Libéria é a falta de informação e os rituais fúnebres tradicionais. "Os meus familiares começaram a morrer depois do falecimento de um idoso", conta. "Na altura, não sabíamos que era ébola. Por todo o lado se negava o surto."
Foto: DW/Julius Kanubah
Um depois do outro
"Eu e três crianças – fomos os únicos a sobreviver", conta Ma-Massa Jakema. Antes da epidemia ela vivia com 13 familiares. O vírus matou a sua irmã mais velha e o seu irmão mais novo, seis sobrinhas e sobrinhos, além de outros parentes afastados. "Morreu tanta gente, é horrível", diz Jakema.
Foto: DW/Julius Kanubah
Futuro incerto
"Não sei como vai ser agora", diz Amy Jakayma. "Primeiro morreu a minha tia, depois o meu marido e os meus filhos. A minha vida está virada do avesso – perdi a família inteira."
Foto: DW/Julius Kanubah
Desespero
Massah S. Massaquoi chora ao lembrar os familiares que morreram infetados com o vírus do ébola. "É difícil viver assim. Eu sobrevivi – fui uma das únicas a sobreviver na minha família mais próxima. Agora estou a viver com o meu avô." Massah perdeu o filho, a mãe e o tio.
Foto: DW/Julius Kanubah
Discriminação
Princess S. Collins, de 11 anos, mora na capital liberiana, Monróvia. Sobreviveu ao ébola mas o vírus roubou-lhe a mãe, o tio e o irmão. Mas agora "os vizinhos começaram a apontar para nós e a chamar-nos de 'doentes com ébola'".
Foto: DW/Julius Kanubah
Ébola também destrói futuros
Mamie Swaray (esq.) tem 15 anos de idade. Na verdade, ela devia estar na escola, mas o tio morreu infetado com o vírus do ébola e, por isso, não tem mais ninguém que lhe possa pagar as propinas escolares. Swaray sobreviveu ao ébola mas agora o seu futuro é incerto.
Foto: DW/Julius Kanubah
"Vontade de Deus"
Oldlady Kamara vive no bairro de Virginia, na zona ocidental de Monróvia. 17 membros da sua família morreram infetados com o vírus do ébola, incluindo o seu marido. "É horrível mas não posso fazer nada contra. É a vontade de Deus", diz Kamara. Ela contraiu ébola mas está muito grata por ter sido tratada num centro de saúde.
Foto: DW/Julius Kanubah
Obrigada aos médicos
Bendu Toure acaba de ter alta do centro de tratamento. O seu corpo conseguiu combater o vírus. Ela contraiu o ébola a partir da sua irmã. Toure cuidou dela até ela morrer. O seu irmão também faleceu. Apesar de tudo, Toure está bastante grata aos médicos: "Estou tão contente por poder sair daqui. Todos os dias tinha de assistir a mortes."