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Liberdade de imprensa piora em Angola e no mundo, diz RSF

António Rocha12 de fevereiro de 2015

Os cinco continentes recuaram em termos de respeito da liberdade de imprensa, segundo a Repórteres Sem Fronteiras. Em Angola, a organização condena, em particular, a "perseguição" ao jornalista Rafael Marques.

Symbolbild Pressefreiheit Schild fotografieren verboten schwarzer Hand
Foto: picture-alliance/dpa

Há um "declínio drástico" da liberdade de imprensa em todo o mundo, diz a Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

As condições de segurança dos jornalistas pioraram em zonas de conflito ou devido à ação de grupos radicais como o auto-proclamado Estado Islâmico, no Iraque e na Síria, que intimidam jornalistas, chegando mesmo a raptá-los ou assassiná-los.

Em África, a RSF nota que a situação de segurança dos jornalistas continua preocupante, nomeadamente no Sudão do Sul, em conflito desde 2013, mas também na República Centro-Africana, Somália e Nigéria. Segundo o relatório anual da organização, divulgado esta quinta-feira (12.02), mesmo onde não há esse tipo de problema assiste-se a um endurecimento jurídico que limita o trabalho dos profissionais da comunicação social, com destaque para a Etiópia, mas também no Burundi e no Congo e República Democrática do Congo, dois países que preparam eleições para este ano e 2016.

No caso dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), a RSF parece menos preocupada do que com outros Estados do continente. Com excepção de Angola, que ocupa a 123ª posição (num conjunto de 180 países) no ranking de liberdade de imprensa de 2015 da organização não-governamental.

Jornalista Rafael Marques, autor do livro "Diamantes de Sangue", enfrenta processo judicial movido por sete generais em AngolaFoto: privat

"Os países da África lusófona, com excepção de Angola que está num lugar muito baixo do ranking, estão entre os Estados que têm respeitado a liberdade de imprensa de forma quotidiana", diz Cleá Kahn-Sriber, responsável para o continente africano na RSF.

"Angola teve uma pior performance do que no ano passado. Outros países desceram mais do que Angola, daí acabar por subir um lugar de forma automática. Mas consideramos que a situação se deteriorou no país, nomeadamente na perseguição que continua contra o jornalista Rafael Marques, algo que preocupa muito a nossa organização."

Cabo Verde e Moçambique descem, Guiné-Bissau sobe

Cabo Verde (no 36º lugar) e Moçambique (85º) desceram no ranking da RSF mas, segundo Cleá Kahn-Sriber, estes são países "onde regularmente a imprensa é bem tratada". A descida deve-se a uma questão "matemática".

"O recuo [de seis posições] de Moçambique deve-se a um efeito mecânico da classificação, tal como aconteceu com Cabo Verde. Este ano, não notamos situações particulares no que concerne à liberdade de imprensa em Moçambique", refere.

Entretanto, a Guiné-Bissau progrediu, tendo passado da posição 86, no ano passado, para 81, no ranking agora publicado.

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"A Guiné-Bissau conseguiu uma transição política nos finais de 2014, algo que se fez de forma calma e positiva. Isso teve alguns reflexos na liberdade de imprensa e é isso que ficou demonstrado no avanço conseguido", diz a responsável da RSF.

A organização elabora o ranking por meio de questionários qualitativos e quantitativos, averiguando seis grandes temas relacionados com a liberdade de imprensa: pluralismo, independência mediática, ambiente de trabalho e autocensura, condições legais, transparência institucional e infraestrutura.

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