Libertados estudantes raptados em abril no norte da Nigéria
30 de maio de 2021"Catorze estudantes de Greenfield foram libertados esta noite. Foram deixados ao longo da estrada entre Abuja e Kaduna", disse Mohammed Jalige, porta-voz da polícia local, à Agência France Presse (AFP) no sábado (29.05), garantindo não saber se o resgate tinha sido pago.
Em 20 de abril, homens armados invadiram a Universidade de Greenfied e levaram cerca de 20 estudantes. Um funcionário do estabelecimento de ensino foi abatido durante o ataque.
Três dias depois do rapto, cinco estudantes foram executados pelos seus captores, de modo a pressionar as famílias e o Governo para pagarem um resgate.
O Governo de Kaduna, estado onde os raptos se têm multiplicado, qualificou as execuções como "atos diabólicos e absolutamente cruéis", mas aconselhou os pais a não pagarem resgates, para não encorajar a mais raptos.
Os últimos meses têm sido marcados por um aumento de sequestros de elevados números de estudantes em escolas do norte da Nigéria, registando-se mais de 700 raptados desde dezembro.
Os autores dos raptos, apelidados de forma comum como "bandidos", pilham aldeias, roubam gado e realizam sequestros em massa para obterem resgates.
Insegurança bloqueia acesso à educação
Em abril, a organização não governamental Amnistia Internacional (AI) denunciou o facto de dezenas de milhares crianças e jovens em idade escolar na Nigéria estarem sem acesso à educação, porque as autoridades nigerianas continuam sem proteger as escolas dos ataques de insurgentes e outros grupos armados, especialmente no norte do país.
"A frequência dos ataques demonstra como as escolas se tornaram inseguras na Nigéria, enquanto a falta de responsabilização perante a justiça apenas serviu para encorajar os seus perpetradores", apontou a AI.
Num dos exemplos apontados pela ONG, em 11 de dezembro, centenas de homens armados invadiram sete dormitórios de estudantes numa escola secundária em Kankara, estado de Katsina, noroeste da Nigéria, e levaram cerca de 300 estudantes a pé para um local desconhecido, onde os mantiveram cativos durante seis noites, até que os libertaram em 17 de dezembro.
O ataque levou os governos dos estados de Kano, Kaduna, Zamfara, Jigawa e Katsina a ordenar o encerramento de escolas.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que 10,5 milhões de crianças entre os 5 e os 14 anos estejam fora da escola na Nigéria por razões associadas à falta de segurança.