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Liga dos Direitos Humanos alerta para "grave crise" na saúde

Iancuba Dansó (Bissau)
27 de março de 2024

A Liga Guineense dos Direitos Humanos denuncia a morte de três pessoas no Hospital Nacional Simão Mendes, o maior do país, alegadamente por falta de oxigénio. E enumera os muitos problemas no setor da saúde.

Guinea-Bissau | Nationalkrankenhaus Simão Mendes
Foto: Iancuba Dansó/DW

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) alerta para a "situação alarmante" no setor da saúde. E denuncia a morte recente de três pessoas na unidade de saúde de referência da Guiné-Bissau, o Hospital Nacional Simão Mendes, alegadamente por falta de oxigénio.

Em conferência de imprensa, esta quarta-feira (27.03), o vice-presidente da LGDH, Edmar Nhaga, exige medidas urgentes, a começar pela "abertura de um inquérito para esclarecer as circunstâncias da morte".

Há muitos problemas no hospital que têm de ser resolvidos, continuou o responsável.

Prevê-se uma nova greve na saúde a partir de 8 de abrilFoto: I. Dansó/DW

De acordo com a Liga Guineense dos Direitos Humanos, o Ministério das Finanças não tem desbloqueado a verba mensal de mais de 134 mil euros a favor do Hospital Nacional Simão Mendes. Com esse fundo, nos anos anteriores, mais de 130 mil pessoas terão beneficiado de assistência médica e mais de 100 mil doentes foram submetidos a cirurgias de forma gratuita.

A Liga denuncia, entretanto, tentativas de fixar novos preçários para o acesso aos serviços e atos médicos, que poderiam excluir muitos pacientes.

Edmar Nhaga exigiu o abandono imediato dessas iniciativas e pediu ao Ministério das Finanças que retome, "com a maior brevidade possível, as transferências integrais de fundos aprovados através dos despachos conjuntos dos Ministros das Finanças e da Saúde, assegurando que os diferentes serviços do HNSM tenham fornecimento regular dos materiais clínicos e meios de diagnóstico necessários ao seu correto e regular funcionamento."

Reflexo da situação no país

O Hospital Nacional Simão Mendes é um reflexo do panorama geral no sistema de saúde, refere ainda a Liga Guineense dos Direitos Humanos.

Os problemas são vários, segundo o vice-presidente da Liga, Edmar Nhaga, que denuncia a "falta de médicos e enfermeiros em todas as áreas sanitárias, cobranças ilícitas, conflitos de interesses, politização exacerbada dos diferentes cargos intermédios nos hospitais, centros de saúde e nas direções regionais, indícios clarividentes de corrupção e clientelismo, a imagem de ruína das infraestruturas em várias localidades do país, associadas ao ambiente insalubre das instalações, falta de água e energia elétrica, entre outros."

A DW África contactou o Ministério da Saúde Pública para reagir às denúncias da Liga Guineense dos Direitos Humanos, mas não obteve reação.  

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Nova greve à vista

Com o apoio da União Europeia, a Guiné-Bissau beneficiou esta terça-feira da sua primeira plataforma de telemedicina, instalada no Hospital Militar Principal de Bissau. Mas só isto não chegará para resolver os muitos problemas no setor da saúde no país, avisou Ramalho Cunda, médico e diretor do centro hospitalar. 

"Estamos com a falta de especialistas a nível nacional, e mesmo que seja por uma doença não complicada, os doentes acabam por atravessar as fronteiras ou esperar pela junta médica. Com isso, alguns acabam por perder a vida", salientou.

Os hospitais e centros de saúde voltam a paralisar as suas atividades a partir do dia 8 de abril. A greve foi convocada pela Frente Social dos Sindicatos dos setores da educação e saúde.

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