Os residentes dizem que pagam todos os meses a taxa de recolha do lixo, mas acabam por ter de enterrar o lixo eles próprios. Os resíduos acumulam-se na periferia da cidade de Maxixe, província de Inhambane.
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Há seis meses que a cidade de Maxixe tem problemas de saneamento. O lixo só é recolhido no centro da cidade e, nos arredores, os resíduos acumulam-se.
Sónia Fernando, uma residente no bairro de Chambone, diz que não tem outra hipótese senão enterrar o lixo no quintal. "Estamos a enterrar, não há um carro a passar para levar lixo. Era mesmo (melhor) mandar esse carro passar para levar lixo e termos menos mosquitos na zona e não termos cólera", queixa-se Sónia Fernando.
O cenário agravou-se com as chuvas dos últimos dias. Lixo e areias foram arrastados pelas águas e acumularam-se em ruas e avenidas. Mas água e lixo não combinam - é um risco para a saúde pública, comenta Raquel Domingos.
"É preciso andar atrás do município. O município sabe que é o dever deles recolher o lixo e nós pagamos taxa. Acabamos por enterrar o lixo nos quintais. O dinheiro que pagamos vai para onde?", questiona-se a residente em Maxixe.
O vereador para a área do Saneamento no conselho municipal de Maxixe reconhece o problema. "A maior parte das vias continuam até aqui intransitáveis, então não conseguimos atingir aquela recolha diária devido à intransitabilidade de algumas vias dentro dos nossos bairros", afirma Rangel Siquice.
Autoridades prometem ruas limpas nos próximos dias
O governante garante que o município está a trabalhar a todo o vapor para tirar o lixo das ruas. "A única ameaça que temos é de areia que invadiu a cidade, mas estamos a fazer todo o trabalho, a todo o custo. O camarada presidente Simão Rafael já deu orientações claras que visam em pouco tempo acabar com o lixo ao nível da cidade de Maxixe."
24.01.2017 Inhambane - Lixo - MP3-Mono
O vereador lembra, no entanto, que é um trabalho difícil, pois na capital económica da província de Inhambane são produzidas 40 toneladas de lixo por dia - cartolinas, plástico e resíduos orgânicos, por exemplo.
Miguel Paulino, residente no bairro Mademo, lamenta que haja "muita sujidade", "muito lixo". Tal como outros residentes, Miguel Paulino espera que autoridades se livrem de todos os resíduos rapidamente, para evitar doenças.
Arte a partir do lixo
São peças únicas, amigas do meio ambiente. Designers do Quénia apostam no "upcycling" e reutilizam ou reciclam lixo para criar roupa, esculturas e jóias.
Foto: Isabella Bauer
Moda amiga do ambiente
Londres - Paris - Nairobi. A capital do Quénia ganha fama entre as métropoles da moda e design. Além de originais, muitas criações também são amigas do ambiente. É a nova moda do "upcycling" - lixo e produtos inutilizados ganham novas formas. Na Europa dos produtos descartáveis, o "upcycling" não tem tido muito sucesso. Mas, em África, faz parte do quotidiano.
Foto: Mia Collis
Reciclar para a passarela
"Second Life" é uma coleção de Nike Gilager Kondakis feita a partir de roupa usada. A roupa é importada às toneladas da Europa - por isso se produz cada vez menos tecidos e coros no leste de África. Kondakis manda coser as roupas doadas, cortadas em tiras, para fazer novas peças - boleros ou camisas, por exemplo.
Foto: Mia Collis
Cacos reaproveitados
Na era do plástico, há cacos com fartura no Quénia. Kitengela, uma aldeia de artistas a sul de Nairobi, recebe toneladas de cacos, que são partidos e fundidos em fornos. A artista alemã Nani Crozi e outras 40 pessoas produzem aqui vidros artesanais.
Foto: Isabella Bauer
Bijutaria colorida
Os artistas de Kitengela são conhecidos pela sua bijutaria de vidro - estas pérolas são peças únicas feitas à mão, muito procuradas por designers de moda na região. Os artistas também aceitam pedidos exclusivos. As pérolas são vendidas assim ou são aproveitadas para outras obras.
Foto: Isabella Bauer
Reciclar em vez de deitar fora
Kibe Patrick vive e trabalha há quatro anos na comunidade de artistas de Kitengela. "Sempre reciclei objetos de forma artística", diz. Agora, além de reciclar latas, Kibe Patrick ajuda também a fazer as pérolas de vidro.
Foto: Isabella Bauer
Arte sustentável
Kibe Patrick ganha dinheiro com estas obras, amigas do ambiente. No continente, não costuma haver reciclagem de plástico, vidro e metal a nível industrial. Mas a verdade é que, quando se trabalha com materiais que já existem, gasta-se menos energia e emitem-se menos gases nocivos ao meio ambiente.
Foto: Isabella Bauer
Jóias feito de lixo
A designer de jóias Marie Rose Iberli também usa pérolas de vidro de Kitengela nas suas coleções. Além disso, produz bijutaria a partir de papel, ossos, cornos e alumínio. "Como designer, fascinam-me os limites naturais dos materiais", diz. Para Iberli, são materiais mais interessantes do que, por exemplo, o plástico - que permite fazer quase tudo.
Foto: Isabella Bauer
Dos materiais à ideia
Reciclar ou reutilizar os materiais? Iberli diz que não tem preferências. A exceção é, talvez, o alumínio: A designer faz bijutaria de alta qualidade a partir de peças de motores velhos. Muitas vezes, inspira-se nos próprios materiais para fazer as jóias.
Foto: Isabella Bauer
Tradição e moda
Iberli gosta da ideia de poder apanhar coisas do chão e dar-lhes um outro uso. A arte de Kitengela une a tradição e a moda e desperta o interesse de muitos clientes - incluindo na Europa.