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Lixo aos montes ameaça saúde pública em Luanda

Manuel Luamba (Luanda) / Lusa16 de setembro de 2015

Os amontoados de lixo nas ruas de Luanda podem provocar graves problemas de saúde ou até mortes com a chegada da época chuvosa. O novo plano de recolha fracassou - o lixo continua a aumentar na capital angolana.

Foto: DW/M. Luamba

Face ao fracasso do novo modelo de recolha de lixo em vigor desde 1 de agosto, o Governo Provincial de Luanda apresentou no município de Viana, na semana passada, um plano de emergência para eliminar o lixo envolvendo formandos dos Serviços Prisionais e de Proteção Civil, além da população em geral.

No entanto, apesar do esforço dos populares e das autoridades governamentais, o lixo continua a aumentar.

Mortes

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Quatro trabalhadores de uma empresa pública de recolha de lixo morreram atropelados, na semana passada, quando se encontravam em serviço em Viana, segundo a agência de notícias Lusa.

José Silva, presidente da Juventude Ecológica de Angola (JEA) avisa que o lixo poderá fazer mais vítimas mortais se a situação não for resolvida brevemente.

"Já estamos na chamada época das chuvas e o quadro é preocupante. Em Angola, algumas das principais causas de mortalidade, sobretudo infantil, são o paludismo, a cólera e outras doenças diarreicas agudas", diz. "Com os amontoados de lixo há mais condições de se produzirem vetores para o surgimento destas doenças."

O ambientalista diz que é preciso um combate cerrado ao lixo para se evitar uma "calamidade em termos de saúde pública". Silva nota que os hospitais não teriam capacidade para dar resposta ao aumento do número de doentes caso se registasse um surto de cólera.

"Em condições normais, as unidades sanitárias já têm dificuldades em atender todos os pacientes. Agora, imagine se houvesse um surto de cólera. Estaríamos diante de uma calamidade."

1.500 toneladas de lixo (o equivalente ao peso médio de 375 elefantes) ficam por recolher todos os dias em LuandaFoto: DW/M. Luamba

Queima do lixo não é solução sustentável

Para combater o problema, a população tem queimado o lixo. Porém, José Silva afirma que a prática acarreta graves problemas ambientais.

"A emissão de poluentes traz sempre consequências graves para as cidades e para a qualidade de vida. O fumo da queima do lixo é tóxico e, quando inalado, pode provocar graves problemas de saúde."

A Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (ELISAL) admite que cerca de 1.500 toneladas de lixo ficam por recolher todos os dias.

O Ministério angolano das Finanças disponibilizou cerca de 10 milhões de dólares ao Governo Provincial de Luanda para a recolha de lixo. A verba será repartida em 20% para as microempresas, 25% para as empresas de pré-recolha e 55% para as operadoras principais.

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